VIDA NEGRA FIM
Tento seguir os conselhos do vigilante e do Miguel que me escreve uma longa carta sobre o assunto e a receptividade dos outros surpreende-me.
Começo a entender o que significa trabalhar em equipa, como é fundamental a troca de ideias para o desenvolvimento de projectos e quando abordo a necessidade de actualizar o jornal do colégio, ouvem-me com toda a atenção.
Por isso, fui promovido a editor, conto ao Pai no primeiro dia de férias e este sorri, parece estar aliviado.
Até a Beatriz está a sorrir, se bem que não tenha mudado de ideias em relação a ela, continua a ser uma intrusa que agitou a vida do meu Pai.
Mas já consigo ser amável e até ensino a Maria Rosa a andar de bicicleta.
A minha irmã não confia totalmente em mim, não tenho sido o melhor dos irmãos, explico ao Miguel mais tarde, ainda estás a tempo de corrigir isso, aconselha, é filha do teu pai, precisa do teu apoio, da tua amizade.
Independentemente do que sinto em relação à Beatriz? pergunto e o Miguel abana a cabeça, tenta gostar da senhora, o teu Pai já sofreu muito, precisa de ser feliz, mas só o será se tu lhe mostrares que estás feliz e aceitas a mulher que ele escolheu, responde o meu primo.
Não prometo nada, mas o meu Pai merece ser feliz, principalmente agora.
O avô telefona uma destas noites, está preocupado, estava tudo combinado para a minha Mãe passar uns dias na quinta, mas quando chegaram à clínica, ela não estava no quarto.
Levou a mala, diz o avô, mas como saiu da clínica sem ser vista, ninguém sabe. Soubemos que apanhou um comboio, não sabemos mais nada. Já telefonei ao António e ao Gonçalo, pensei que quisesses saber.
O Pai suspira, a Beatriz fica contrariada quando sabe da história e eu?
Eu acompanho o Pai até à quinta, afinal ela é a minha Mãe e está na altura de eu saber quem é ela verdadeiramente.
Estou a crescer e a deixar para trás os fantasmas.
O primo Miguel vai ficar orgulhoso!
FIM
Comentários
Abraço e saúde
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Nas dobras do dia...
Votos de uma excelente noite.
Beijos