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A mostrar mensagens de maio, 2020

O REFÚGIO - PARTE V

" Espero é que a Teresa não tenha o mesmo médico, não quero cá estar a comparar dietas, cuidados, etc." continua a Laura, mostrando uma réstia dos velhos tempos. " Espera aí, volta atrás..." pede o Pedro " Vamos ter um filho? E é assim que mo dizes?" A Laura cora, fica embaraçada e diz muito baixinho: " Não sabia muito bem como to dizer... Fiz asneira??? " mas o Pedro dá-lhe um abraço. Permanecem assim algum tempo, estão os dois muito felizes e ao mesmo tempo, assustados. " O que vais fazer agora? " pergunta o Pedro e a Laura sorri. " O médico diz para continuar a fazer a vida normal, ter mais cuidado com a alimentação, aconselhou a fazer yoga para grávidas." conta a Laura " Já descobri um sítio, vou lá amanhã, não queres vir comigo? " " Não me estou a ver a fazer yoga para grávidas." confessa o Pedro e a Laura volta a rir. " Não, idiota, há aulas normais para adultos. Se houver uma aula no mesmo horár

O REFÚGIO - PARTE IV

Mas tem que o fazer e rapidamente. Podem encontrar-se com a irmã e o cunhado e a Teresa ter já uma barriga considerável. Por isso, no dia seguinte enquanto tomam o pequeno almoço, o Pedro resolve abordar o assunto cuidadosamente. " Almocei ontem com o António..." começa " e ele deu-me uma boa notícia." " Estranho, a mim não me disse nada!" diz a Laura " Sou irmã dela, trabalho com ele e não me diz nada???... Ah, segredos de homens???" pergunta. " Não, tu também vais ficar a saber. A Teresa e o António vão ter um filho!" responde o Pedro. A Laura fica estupefacta, sem querer acreditar. Entretanto, no outro lado da praça, o António e a Teresa também conversam sobre o assunto. " Mas não tinha ficado combinado que eu dizia às mulheres da família e tu aos homens?" indaga a Teresa " Porque é que o meu irmão vai dizer à Laura? " " A Laura está a recuperar bem, mas ainda está muito frágil. O Pedro não quer arriscar e é

O REFÚGIO - PARTE III

" Tu e a Teresa vão ter um filho??? Mas isso é óptimo!" repete o Pedro incrédulo. Almoçara com a Teresa na véspera e a malandra não lhe disse nada. " Espero que seja um rapaz!" diz o Gonçalo " Vou ensinar-lhe todos os truques!" " Nem penses!" reage o António, mas ri-se. " Eu gostava de ter uma sobrinha! " confessa o Pedro " Para a estragar com mimo como faço com a Filipa!" O Gonçalo não concorda, é preciso que seja um rapaz para defender o nome da família, mas no fundo, todos sabem que isso não é o mais importante. " Não perdoo à Teresa! Estive com ela ontem e a marota não me disse nada!" lamenta-se o Pedro. " Não, ficou combinado que eu diria aos rapazes da família e ela às raparigas." esclarece o António " Agora que já sabes, podes falar à vontade e ela vai adorar!" O Gonçalo continua a dizer disparates, mas o Pedro fica muito sério de repente. E, a Laura? Como é que a Laura vai reagir?  "

O REFÚGIO - PARTE II

Na semana seguinte, o António convida o Pedro para  almoçar, " sem mulheres" e quando o Pedro pergunta porquê, o cunhado responde trocista: " Tu é que começaste com a ideia do " refúgio masculino"! " e os dois riem-se. O Gonçalo aparece também e o irmão avisa-o logo que cada um paga o seu.  O Gonçalo finge-se ofendido, era lá capaz de uma coisa dessas??? " Então, Pedro, que tal vai o teu refúgio? Estou curioso... espero que a Laura compre uma TV panorâmica; podes ter a certeza que estarei lá para assistir a todos os jogos." comenta o Gonçalo. " O médico diz que me devo interessar mais pela decoração da casa; dar opiniões, ajudar a Laura a decidir. Como a empresa me propôs trabalhar a maior parte do tempo em casa, tenho que ter um escritório e saiu-me essa... de refúgio." conta o Pedro. " A Laura ficou intrigada com o pedido, até falou comigo sobre isso. O certo é que já a vi com catálogos de mobiliário de escritório... " escla

O REFÚGIO

Laura gosta da nova casa. Planeou com todo o cuidado cada detalhe da decoração a ponto de exasperar o Pedro que não entende bem a diferença entre ter um sofá preto e uma parede amarela. O médico aconselha-o a ter calma, está a ser bom para a Laura ter um projecto e concretizá-lo e seria uma boa ideia se ele, Pedro, a ajudasse também. Por isso, o Pedro " exige-lhe" que decore um " refúgio masculino".  Isto intriga bastante a Laura que pergunta: " Um refúgio masculino? Mas o que é isso? Uma sala de jogos e TV? " mas o Pedro abana a cabeça. " Não exactamente. Podes colocar lá uma TV, não te incomodo quando houver jogos, mas o que quero é um escritório. Secretária, cadeira, arquivos, etc e um ou dois sofás confortáveis, uma mesa..." explica. " Posso fazer isso naquela sala perto do hall de entrada; ainda não tinha decidido nada." comenta a Laura " Mas queres um escritório para quê? Não tinhas arrendado aquele espaço na Baixa? " &q

O JANTAR - FIM

A Joana fica surpreendida pelo telefonema e aceita encontrar-se comigo num bar ali próximo da minha casa. Porque insisti naquele bar, não sei, mas decidi seguir o conselho da minha nora e arriscar. A Joana é Chefe de Vendas de uma marca de cosmética, não admira que a maquilhagem dela seja perfeita, penso. É uma promoção recente, explica, só estou no escritório de manhã para coordenar o serviço e à tarde, ou tenho reuniões com os fornecedores e distribuidores ou com clientes. " Mas quero saber de si. Sei que é reformado, mas, pelo que vejo, mantém-se activo." diz. Falo do meu interesse por Mapas Antigos, das minhas visitas aos antiquários e bibliotecas, do Clube de Leitura, até da morte da Ana. Ela pouco conta sobre ela, só fala da irmã, a Camila com quem divide o apartamento. Nada diz sobre o que se passou naquela noite, na relutância em envolver a polícia, mas estou tão fascinado por ela que não averiguo isso a fundo. Um beijo de boa noite p

O JANTAR - PARTE V

Mas o que se passa comigo, porque é que não aceitei o convite para jantar? recrimino-me já a caminho de casa, afinal, tanto a Natália como a Glória têm sido uma simpatia, a facilitar-me o acesso a informação que, provavelmente demoraria anos a conseguir. Não sabes o que se passa contigo, pergunta aquela voz irritante, estás obcecado pela tal Joana Meireles e não sabes nada sobre ela! Posso descobrir, respondo e sorrio. Talvez lhe telefone ainda hoje e a convide para tomar um copo, mas decido não o fazer. Encomendo uma pizza, há um jogo na TV, não é que seja grande fã, mas apetece-me desanuviar. Recebo SMS da Glória a perguntar se estou bem e estou livre para almoçar na próxima semana? e da Natália a agradecer a disponibilidade. Será que podemos organizar este tipo de palestras semanal, mensalmente? sugere e diz que me telefona em breve. Respondo só ao da Natália, não sei o que dizer à Glória, só me lembro do olhar triste dela quando declinei o convite para

O JANTAR - PARTE IV

" Por aqui? " pergunta-me. Tem uma voz baixa, clara. Sorrio e atrapalho-me um pouco na resposta.  " Sim, sim, interesso-me por Mapas antigos e uma amiga convidou-me para a pré-inauguração." " Ah, o meu tio Luís também se interessa e como não conduz, tive que ser eu a motorista." diz a Joana. " Não teve mais problemas com o carro, então? " e vejo os olhos dela ficarem muito sérios. " Não, não, tenho sido mais cuidadosa com o local onde o estaciono." diz e desvia a conversa " Vou ter que voltar, o tio é um pouco impaciente, mas gostei de o ver, Amadeu, não é? " " Sim, Amadeu Almada, Major. " confirmo e a Joana volta a sorrir.  Estende-me a mão e eu aperto-a um pouco mais do que é correcto. Pede-lhe o numero de telemóvel, segreda-me uma voz irritante, António ou Nicolau? não sei, mas tenho a certeza de que me vão gozar impiedosamente se não o fizer. " Oh, Joana... " e ela

O JANTAR - PARTE III

" Meu caro António, que feliz fico por si! Os meus parabéns e claro está, dê um grande beijinho à futura mamã!" felicita o Nicolau, encantado. " Que boa notícia! Parabéns!" exclamo e o futuro Papá agradece-nos efusivamente. Como isto vai mudar a dinâmica do Clube, penso, mas é normal, é natural, repreendo-me, a vida e as pessoas mudam. Como eu.  Quem diria que me iam convidar para participar num seminário, numa palestra, num workshop, não entendi bem o que a Natália lhe chamou? Mas a verdade é que estou a preparar os apontamentos e até pedi ajuda à Catarina para organizar os Mapas em Power Point. Estou satisfeito com o resultado final, espero que os estudantes da Natália gostem. Depois da palestra, vou encontrar-me com a Glória na cafetaria, vamos tomar chá antes de irmos à pré-inauguração da exibição. Nunca pensei que a minha vida de reformado seria tão activa...  Até a Ana, se estivesse aqui, estaria surpreendida. Ou nem se aperce

O JANTAR - PARTE II

Nem o Nicolau nem o António respondem; continuam a comer em silêncio. Vejo que o ambiente está a ficar tenso, penso em qualquer coisa para o dissipar, mas o António antecipa-se e pergunta: " E quem é a dama nº 3? Vá lá, Major, tem que contar a história toda!" " Ouvimos um grito e o Major lançou-se numa corrida que faria a inveja a alguns maratonistas!" brinca o Nicolau. " Ora, Nicolau, sempre pratiquei desporto e continuo a praticar. Não foi nada demais e cheguei a tempo de impedir que aquele malandro lhe roubasse o carro!" explico. " Ela estava a jantar no mesmo restaurante e passou por nós enquanto nos despedíamos da Glória e da Natália!" esclarece o Nicolau e o António olha-me com um misto de curiosidade e de inveja?, será?. Não, despeço de imediato o pensamento, com uma mulher como a Teresa não pode ter inveja! " Não sei se teria coragem para o fazer; era capaz de chamar a polícia!" diz o António. &

O JANTAR

" Pois é, António, o Major conquistou três mulheres naquela noite!" conta o Nicolau durante o jantar daquela quarta feira. Estão a jantar no restaurante perto da livraria, a sessão do Clube foi muito divertida, principalmente porque a Rita provocou o Bernardo acerca do próximo livro a ler e este defendeu-o apaixonadamente. " Oh, rapaz, ainda vais para político!" riu-se a Rita e o Bernardo ficou muito corado, também ele não está imune ao feitiço dela. " Três, Major? Uau!" admira-se o António " Mas conte mais, Nicolau!" " O Nicolau estava encantado com a Natália, não pode negar isso!" intervenho. O Nicolau sorri e depois suspira: " Se fosse uns anos mais novo.... mas não sei se seria correcto! A Natália foi minha aluna!" concluí. " Quantos professores não tiveram casos com alunas!" diz o António " Talvez na sua época tivesse sido um escândalo, mas agora..." " Ah, está a

O CONCURSO - FIM

" Dá-me essa chave!" exige uma voz dura " Já te disse! Entrega-me essa chave!" mas eu aperto ainda mais a chave. " Estúpida! Porque é que não quiseste vender o carro???" e reconheço a voz do Jaime. O capuz deixa-lhe o rosto na sombra, mas os olhos estão brilhantes. Suspiro aliviada e digo: " Que brincadeira é esta? E ainda estás a pensar nessa história do carro? Já te disse que não vendo e não se fala mais nisso!" " DÁ-ME A CHAVE! TENHO QUE ENTREGAR O CARRO HOJE!" grita o Jaime e volta a segurar-me a mão. Tenta abrir os dedos, eu bato-lhe com a mão livre, mas ele volta a empurrar-me contra o carro. " LARGA-ME! DEIXA-ME EM PAZ!" estou desesperada, não vejo ninguém na rua. Mas alguém aparece a correr, apercebe-se rapidamente do que se está a passar e atira-se literalmente para cima do Jaime. O Jaime larga-me a mão, caí aturdido e fica uns segundos no chão. " A senhora está bem? Qu

O CONCURSO - PARTE V

Fico ali a beberricar o vinho, continuam a chegar pessoas, a loja está cheia de risos e boa disposição, mas eu sinto-me deslocada e não faço qualquer esforço para integrar qualquer dos grupos. Há alguém que me observa atentamente, é um homem com porte militar e com o cabelo cortado à escovinha. Sorri-me, retribuo o sorriso, mas antes que ele se aproxime, uma mulher corta-lhe o caminho e pergunta-lhe qualquer coisa. Ficam os dois a conversar e não sei porquê, sinto-me tão desapontada que d ecido ir-me embora, jantar em qualquer lugar.  A Camila só regressa no dia seguinte, não me apetece telefonar a nenhum dos nossos amigos.  Estou em dia não, naqueles dias em que penso que o Mundo está contra mim. Estaciono numa rua paralela ao restaurante francês de que todos falam.  Sei que a Camila está ansiosa por o experimentar, vai ficar aborrecida por me ter adiantado, mas não quero ir já para casa. Estou a acabar de comer o fois-grois quando vejo o homem com po

O CONCURSO - PARTE IV

" Fala baixo!" digo urgentemente e alguém de uma mesa próxima olha-nos indignada. " Não está nada implícito, a Joana não te deve nada! Ok, foste quem a inscreveu no concurso, mas foi ela quem se esforçou para ganhar. Ganhou e não há mais a dizer." repete a Camila muito séria. O Jaime não está convencido, tenta argumentar, mas a Camila corta-lhe a palavra. " Não há mais nada a dizer. Não vais enviar mais SMS com insinuações, ameaças..." " Ameaças eu???" interrompe o Jaime " Eu só quero o que é justo!" " Ora, Jaime, vê lá se cresces!" a Camila está zangada e levanta-se. Eu não consigo falar, tenho a boca seca, este tipo de discussões incomodam-me, fico pouco à vontade. " Mas tens que falar!" comenta a Camila mais tarde " Não podes hesitar; até porque a razão está do teu lado. Onde já se viu, vender o carro e dar-lhe metade!" e deixa-me só na sala. Claro que tem razão.... esta

O CONCURSO - PARTE III

" Vamos sair daqui!" aconselha a Camila e arrasta-me até ao corredor onde estão as casas de banho. Lá fora, as pessoas continuam a conversar ruidosamente, será que não podem falar mais baixo, pergunto. Conto em breves palavras o que se passou, a Camila fica indignada e diz: " O Jaime está parvo ou faz-se? A que propósito vais vender o carro e dividir o dinheiro com ele? E já tem comprador? Ai, vou dizer-lhes umas verdades!" mas eu impeço-a. Para quê? Vamos discutir um assunto que não tem discussão, não vou vender o carro e não se fala mais nisso, argumento. A Camila não concorda, mas acaba por ceder e saímos discretamente.  Acho que ninguém vai sentir a nossa falta, alguém ligou o microfone, está a cantar uma canção muito antiga e todos acompanham o refrão. A noite está fria, respiro fundo. Sinto-me melhor e resolvo fazer um chá quando chegamos a casa. O telemóvel vibra, é um SMS do Jaime, mas a Camila apaga-o. O dia seguinte é calm

O CONCURSO - PARTE II

Como sempre, o Bar do Metro está lotado e é difícil chegar ao bar, mas alguém dá-me uma bebida. Recebo imensos abraços, palmadas nas costas e o Jaime grita bem alto " A nossa heroína!". As pessoas riem-se e pedem mais uma bebida.  Depois, dispersam-se em grupos e acabo por ficar sozinha num canto. A Camila encontra uns amigos, fica a conversar com eles e o Jaime abre caminho até onde estou. " Já arranjei comprador para o carro!" segreda e eu peço-lhe para repetir. Não ouvi bem, comprador para o carro?. O Jaime volta a dizer: " Sim, encontrei um comprador para o carro. Paga a dinheiro e dividimos em partes iguais!" " O quê??? " grito para me fazer ouvir " Estás doido? A que propósito vou vender o carro? " " Mas é justo! Fui eu quem te inscrevi e se ganhaste, foi porque eu te ajudei!" comenta o colega. " Não vou vender o carro, nunca me passou isso pela cabeça! A que propósito?"

O CONCURSO

O problema começou quando o meu colega Jaime achou que seria uma boa ideia participarmos naquele concurso ridículo da televisão. Estávamos sentados a tomar um copo no Bar do Metro, decorado tal e qual como uma carruagem do metro e tão lotado como aquele na hora de ponta. Acedi, talvez porque estava a ficar com dores de cabeça por causa das conversas ruidosas. No outro dia, já nem me lembrava da conversa, mas o Jaime já tinha feito a inscrição e lá fomos os dois prestar provas. O Jaime foi eliminado numa das provas, mas eu passei à final. " Vê lá se te acalmas... não te precipites nas respostas." aconselha o Jaime " E, se ganhares, tens que repartir o prémio comigo!" " Estás doido? A que propósito? " protesto e a Camila, a minha irmã que me acompanhava disse: " Francamente! Que ideia, Jaime!" e baixinho, comenta: " Eu não te disse? Não se pode confiar nele!" e o Jaime continua a falar, ignorando as obse