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A mostrar mensagens de dezembro, 2016

CARTA - O SORRISO

" Meus caros amigos, Será esta a última carta que vos escrevo em 2016? Não sei... Na verdade, neste momento não quero decidir nada. Poderá não ser boa prática adiar o inevitável e sei que tenho que o fazer. Até já o posso ter decidido, mas hoje, neste momento em que respiro ao Sol, não quero falar nisso. Esta poderá não ser a última carta de 2016 e prometo escrever várias em 2017... Para que não se esqueça a arte de a escrever. O papel personalizado ou a folha A4 que se arranca do caderno. A caneta de tinta permanente ou a esferográfica BIC. Se vou rir, chorar ou apenas desabafar, será apenas o retrato da Vida. A que ninguém poderá viver por mim, é certo, mas podem ouvir-me... Como sempre...  Com um sorriso... Um abraço... Uma palavra... Uma mão estendida... Até já. Deixo....                                                  Um sorriso "

CARTA - II

" Caro Pai Natal, Eu sei ... Se i muito bem. .. O que prometi no Natal passado... Talvez não devesse ter feito a promessa... Mas não posso resistir à leveza do tecido, às cores quentes do estampado e à forma como esculpe o corpo... E a maquilhagem e o cabelo têm que estar perfeitos...  Eu sei... Sei que prometi ser mais discreta, mas para quê negar? Adoro ser o centro das atenções... Por isso, Pai Natal, perdoe-me se não fizer qualquer promessa este ano... Apenas posso ser eu e pensando bem, Pai Natal? Eu sei que gosta que eu seja assim... Vaidosa, feliz... Boas Festas para todos

A CARTA

" Caro Pai Natal, O que quero para o Natal ? Gostava que a janela do meu quarto abrisse realmente para o mar.   Que ele entrasse no meu quarto e me confessasse as suas paixões.   Que me levasse na crista das ondas nos dias do Sol.   Que me explicasse o porquê da fúria nos dias de Tempestade. Que não fosse apenas a pintura que faço nas paredes para esconder as manchas de humidade. A história que escrevo ao desenhar cuidadosamente a prancha de surf e as nuvens. O sorriso que só eu vejo quando paro de pintar e contemplo a minha obra. Porque, apesar da janela que não fecha bem, das manchas de humidade, o meu quarto, Pai Natal, é lindo. Fi-lo bonito, tornei-o meu. Podia pedir-te muita coisa.  Uma casa nova, bonita, maior... Mas não...  Só queria que a janela abrisse para o mar e ele embalasse o meu sono. Feliz Natal

O VIAJANTE

Mateus adora mapas. Faz girar o globo terrestre, fecha os olhos e com o indicador, segue o movimento. Onde está o dedo quando o globo para é o destino da viagem de Mateus. Procura mapas das estradas, guias das cidades e entretém-se a planear o trajecto desde casa, ali na Rua do Almada até uma cidade interessante como Milão. Tão convincente é ao descrever essas viagens que toda a gente pensa que ele é um felizardo, por viajar tanto e conhecer locais tão exóticos. Mal eles sabem que a única viagem grande que Mateus fez até hoje foi a Lagos.... Um dia, o Pai vai buscá-lo ao Karaté e enquanto espera que ele se vista, resolve falar com o professor. " Ora viva, como está? Deve estar ainda cansado da viagem..."  pergunta o professor sorridente. " Viagem? Que viagem? " repete o Pai de Mateus, confuso. " Sim, a viagem que fez até Milão. Foram de carro, não foram? O Mateus descreveu-me tudo..." explica o professor, surpreendido com a reacção "

SIMÃO, O IRMÃO PERFEITO

Olá, lembram-se de mim? O Simão, o traquina, o terrorista do bairro?  Claro que sim; o bairro não sobrevive sem o meu “savoir-faire”… Mas hoje…  Hoje, tenho que ser “responsável”, pois a Mãe confiou-me a guarda do meu irmão mais novo e não posso falhar. Por isso, nada de trepar às árvores, saltos acrobáticos ou corridas de obstáculos. A solução? Cowboys e Indíos e o Gonçalo bate palmas, contente. Tudo corre bem até que o Mateus, armado em parvo e convencido de que me vai derrotar nas próximas eleições para líder carismático do bairro, captura o Gonçalo. O Gonçalo assusta-se, tropeça e caí. Segue-se um berreiro assustador e eu não hesito um segundo. Atiro um murro ao Mateus que o derruba. Refaz-se depressa e dá-me outro em cheio no nariz. O sangue não me impede de lhe bater novamente e se o Jacinto Jardineiro não chegasse naquele momento, não sei o que aconteceria. Quando chego a casa, com a camisa rasgada,

AS REGRAS

Era uma vez... Um menino que não gostava de regras. Não entendia porque é que tinha que lavar as mãos antes de comer ou vir para casa quando começava a chover. Ou porque é que tinha que interromper o jogo, o jogo que estava a ganhar, porque eram horas de ir para a cama. Porquê? Era a sua pergunta favorita e muitas vezes, não obtinha qualquer resposta. " São regras!" explicava o irmão que obedecia a todas, sem as questionar. Mas, um dia, tudo mudou.  As pessoas apareceram vestidas de preto, falavam baixo e o avô, muito sério, disse-lhes para se portarem bem. Intrigados, os dois irmãos sentaram-se na varanda. À espera de uma explicação que lhes foi dada por uma mãe chorosa e que repetia no fim de cada frase que "tinham que ser fortes". O menino ia perguntar: "Porquê?" mas compreendeu, naquele momento, que não o devia fazer. Não se tratava de uma regra; era algo mais forte que exigia toda a sua atenção e compromisso - a dor. Silencioso,

O CHAPÉU DE PAPEL

Esta é a história de um chapéu de papel amarelo Com uns corações pintados na dobra. O chapéu sentiu-se importante e pensou: " Ah, gostam de mim! Ninguém me vai esquecer!" Que ilusão! Um dia, esqueceram-se dele na mesa do jardim e veio o Vento que o atirou para longe. O chapéu ainda gritou por socorro, mas ninguém o ouviu; ninguém lhe acudiu. O Vento levou-o até a uma praia deserta e deixou-o cair na areia molhada. Amarrotado, meio rasgado, o pobre chapéu assustou-se com a imensidão do Mar. " Ele é sempre assim?" perguntou, hesitante à areia. A areia riu-se e respondeu: " Hoje está calmo! Mas nunca se sabe o que vai acontecer. Pode transformar-se num gigante em segundos." " Mas porquê?" quis saber o chapéu, mas a areia apenas sorriu. Minutos depois, tal como a areia tinha explicado, o Mar enfureceu-se. Tornou-se cinzento, agressivo e reclamou a posse da praia. A areia desapareceu e o pobre do chapéu ficou submerso.  Não sob

ZÉLIA - FIM

" Sabes onde está a teu irmão?" insiste a Mãe antes de eu pedir explicações ao Pai. " Não, disse que tinha que "desaparecer" por uns dias; deixou-me um nº de telemóvel..." confesso " mas já tentei ligar e dá sinal de impedido."  Os meus Pais não dizem nada por uns minutos e eu começo a sentir-me desconfortável. " Mas o que se passa? Porque é que me chamaram?" questiono. " Veio cá um individuo muito educado, verdade seja dita, e perguntou-nos pelo teu irmão." conta o meu Pai, acendendo um charuto. O cheiro incomoda-me, mas não digo nada. " Não o conheço; deve ser de algum grupo novo e da pesada!" confidencia " Respondemos que não sabíamos, que não o víamos há uns dias e ele apenas sorriu." " Depois, polidamente pediu-nos para comunicarmos ao Bruno Machado que aguarda uma resposta até ao fim do mês!" concluí a Mãe " Sabes o que ele anda a fazer, Maria Teresa? Quem é que ele irrit

ZÉLIA - PARTE V

A Mãe fica calada por uns minutos e sugere: " É melhor vires até cá. Não devemos falar nisto ao telefone!" e desliga sem esperar pela minha resposta. Não posso ir sem terminar a reunião e é com alívio que vejo que a outra equipa recusa o nosso convite para almoço. A minha assistente arruma os dossiers e pergunta: " Vamos almoçar?" " Não, obrigada. Tenho que sair; surgiu um problema familiar. Espero estar de volta a meio da tarde. Discutimos então os pormenores." e, pegando na carteira, desço até à garagem. A Andreia deve ter ficado admirada com a minha saída abrupta . Geralmente, após reuniões importantes como esta, gosto de rever de imediato todos os detalhes e enviar a proposta final antes do final do expe diente. Mas não hoje! Hoje fui " convocada" à casa dos meus Pais e "proibida" de desobedecer. Os meus Pais moram numa vivenda num bairro sossegad o . O portão está aberto e eu entro sem problemas. Fico ali parada