Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2022

O DILEMA DO MAJOR FIM

  A vida retoma o ritmo normal, bem, não se pode considerar normal, desabafa a Glória com a Natália, ainda temos que resolver muita coisa, mas decidimos ter calma. Mas no geral, como estão as coisas? pergunta a Natália e a amiga encolhe os ombros, ele tenta esconder, mas está muito magoado com toda a situação. Não sei porquê, acho que não vamos saber mais nada sobre o Frederico! O Major volta às aulas na Universidade, à pesquisa de mapas antigos, às caminhadas aos locais para tentar perceber as mudanças. Ás vezes, leva a filha mais velha e quase se esquecem que têm que voltar para casa, pois descobrem coisas tão interessantes que nada mais é importante. A Glória ralha, a filha mais nova fica amuada por não ser incluída nos passeios, és muito pequena, andamos quilómetros!, explica a mais velha e a Mãe tem que sorrir. Pai e filha estão tão felizes, o Major começa a perder aquele ar carregado, a ficar mais descontraído e a Glória respira de alívio. Espero que dure, pensa, mas a vida dá mu

O DILEMA DO MAJOR PARTE IV

  Na outra ilha, ninguém reconhece o homem da fotografia e o Major começa a ficar desanimado. Telefona ao Nicolau, este acha que deve voltar, o Francisco partilha a mesma opinião e o Major marca a viagem de regresso. Onde é que ele estará escondido? Como é que conseguiu desaparecer sem deixar qualquer pista? Suspira, sente-me mal consigo mesmo e com o Mundo, queria tanto entender porque é que isto aconteceu... Creio que nunca vamos saber, diz o António e o Nicolau concorda, estão no estúdio do Major, trouxeram comida e bebida, o homem está desorientado, avisa o Nicolau, também podíamos jantar fora, opina o António. O Major conta tudo, as ilhas são fascinantes, cheias de cor, de cheiros e as pessoas simpáticas, um local interessante para passar umas férias, falou com muita gente, mas não obteve qualquer resposta concreta. Ele não quer ser encontrado, remata, já deve estar noutro local, com outro nome, uma outra vida. Não temos lugar nela! Nem o António nem o Nicolau sabem o que dizer, s

O DILEMA DO MAJOR PARTE III

  O Major suspira, não posso, meu caro amigo, tenho que o fazer, diz e levanta-se. Parto amanhã de manhã, explica, não se preocupe, eu dou notícias. E se não o encontrar? interrompe o Nicolau e o Major encolhe os ombros, pelo menos, sei que tentei, e despede-se. Fiquei preocupado, confessa o Nicolau à Natália quando ela chega, sei que ele é um homem inteligente, é bom numa crise, mas será que vai conseguir lidar com a desilusão? Porque tenho quase a certeza de que não o vai encontrar. A Natália também pensa o mesmo, a Glória disse o mesmo, o que é que eu vou dizer às miúdas? repete, mas a Natália não tem a certeza de que dizer a verdade é o melhor. A Catarina discorda e por isso, explica tudo ao Tomás, mas o filho não se lembra bem do Pai e só lamenta que o avô não o leve aos jogos de futebol. A vida não é só jogos de futebol, esclarece a Mãe, eu sei, diz o filho, mas o avô é um grande companheiro, divirto-me imenso! O Major está já no outro lado do Mundo, hospede-se num pequeno hotel,

O DILEMA DO MAJOR PARTE II

  Por isso, vou viajar até essa ilha tropical onde o viram e falar com ele, remata o Major e o Francisco abana a cabeça, isso é uma perfeita loucura! diz. Viram-no lá, frisa a ex-mulher do Frederico que aceitou o convite para jantar do sogro e trouxe o Tomás, não há certezas de que ele ainda lá esteja! Mesmo assim, vou tentar, insiste o Major, e vais gastar as tuas economias numa caça de gambozinos? comenta o filho, zangado. Concordo com o Francisco, interrompe a Catarina, o Frederico não quer ser encontrado. Mesmo quando nos envia mails, diz sempre que está em viagem, os endereços são sempre diferentes! Mas o Major está decidido, começa a preparar a viagem com precisão militar. Quando sabe, a Glória não sabe como agir, tenho duas hipóteses, confessa à Natália, vou até casa dele e temos uma discussão violenta ou não me manifesto e desejo-lhe boa viagem com um sorriso. Faz o que achares melhor, diz a amiga, mas se fosse comigo, dizia-lhe umas verdades! No final, acaba por ser o Nicolau

O DILEMA DO MAJOR

  Sabes que a Glória e o Major se vão separar? pergunta o António ao Nicolau no jantar habitual das quartas. O Nicolau fica estupefacto, tem estado fora, a promover os livros e a participar em Feiras Internacionais, o quê? A Glória e o Major vão separar-se? repete. O António abana a cabeça, também fiquei surpreendido, confessa, pareciam um casal perfeito, mas pelos vistos, qualquer coisa falhou. Estará relacionado com o problema do filho que fugiu? comenta o Nicolau, a Natália não me disse nada... Sinceramente, não sei! responde o amigo, mas sei que o Amadeu se culpa por não ter dado muita atenção aos rapazes em pequenos! Mas o que aconteceu foi uma opção do filho e foi uma golpada de mestre!  O Amadeu sempre se sentiu culpado em relação aos filhos mais velhos, diz o Nicolau, o mais velho tomou essa opção, mas o outro superou os traumas, se é que houve traumas, e vive uma vida normal. A verdade é que não sabemos verdadeiramente o que se passa na cabeça dos outros, observa o António, e

BIA - FIM

  Claro que o Edgar percebeu e contou ao irmão que me confronta num dia à noite. A discussão torna-se hostil, agressiva e o divórcio torna-se iminente. Entrega-se a casa, coloca-se as mobílias num armazém até decidirmos o que fazer com elas e só vejo o Miguel no escritório dos advogados. Os meus Pais estão horrorizados e a Teresa repete as palavras favoritas dela, estúpida, egoísta, estavas casada com um bom homem e deitaste tudo a perder! diz. Encolho os ombros, tenho o Marcos, mas este desengana-me de imediato quando se sabe no escritório que me vou divorciar. Não te atrevas! Vou casar no Verão, ela é boa rapariga, observa, o Pai dela é uma pessoa importante e tu não vais estragar nada, estás a perceber? Passei uns bons tempos contigo, mas foi só isso, estamos entendidos? insiste. Fico estupefacta, nunca me deparei com este tipo de situações, mas o Marcos limita-se a sair da sala, convencido de que me vou manter calada. Quando conto à Teresa, esta suspira, se tinha dúvidas antes, exp

BIA PARTE IV

  A partir daí, entramos numa rotina de sair cedo e trabalhar até tarde para não nos cruzarmos.  Aos fins de semana, o Miguel saí cedo, vai andar de bicicleta com os irmãos, inscreve-se num clube de fotografia e quando está em casa, fecha-se no quarto de hóspedes. Eu saio com as minhas amigas, vamos ao cinema, às vezes, até organizamos jantares só para mulheres aos sábados à noite e aos domingos, vou dar uma caminhada pela praia e almoço num bar conhecido. O Miguel deve almoçar em casa dos Pais, imagino que todos já têm uma opinião sobre o que se passa e como ele deve resolver a questão. Mas eu não estou interessada em saber o que eles pensam e desvio a conversa sempre que a Mãe tenta falar nisso. É no bar num desses domingos que me cruzo com o meu colega Marcos, senta-se de imediato na minha mesa e a conversa fluí. Voltamos a descer até à praia, caminhamos até ao pontão e regressamos ao parque de estacionamento. Convida-me para tomar uma bebida em casa dele, aceito e o que acontece de

BIA PARTE III

  À medida que a minha carreia avança, o meu casamento torna-se mais problemático. O Miguel gosta de almoçar com a família aos domingos, eu acho cansativo, falam todos ao mesmo tempo, riem alto, organizam jogos e esperam que todos participem. Eu gosto de dormir até mais tarde, combinar um encontro com amigos e comer o Brunch no Hotel Nacional, mas vejo que o Miguel não aprecia. Temos uma outra discussão quando falo um dia ao jantar na necessidade de comprar um outro carro, não posso andar de autocarro ou chamar um Uber, explico, agora já sou uma associada, tenho um estatuto. Mas tu não sabes as despesas que temos? interrompe o Miguel lívido, estou mesmo a considerar aceitar um segundo emprego, porque não conseguimos manter este " estatuto" de que falas tanto! Estamos assim tão pobres? pergunto, chocada e o Miguel suspira, sobra muito pouco e às vezes, é complicado. Temos mesmo que reduzir algumas despesas! Reduzir despesas? Nem pensar!!! declaro, o Miguel respira fundo, atira

BIA PARTE II

  Acabamos por alugar o apartamento moderno, a Mãe do Miguel oferece-se para ajudar na decoração, mas eu agradeço, não, não, obrigada,  já tenho um plano. Vejo que a senhora fica calada, claro, entendo, como quiseres! acaba por dizer, beija o filho na face e despede-se. O Miguel não diz nada, mas a Teresa está muito corada e em casa, chama-me estúpida, podia apresentar-te aos fabricantes, podias comprar coisas a preço de custo, grita, és mesmo estúpida! repete. Encolho os ombros, a casa é minha, vou escolher a mobília que gosto, penso, e passo as semanas seguintes a planear a decoração com a minha amiga Luísa. A decoração fica pronta na semana do casamento, que é um espanto e adoro a lua de mel, o Miguel é carinhoso, delicado e eu suspiro emocionada. Os problemas começam quando regressamos, os irmãos do Miguel com a ajuda da Teresa prepararam uma festa de boas-vindas e há risos, conversas excitadas, ninguém se importa que eu esteja de fato de treino, cabelo apanhado e a desejar um long

BIA

Adoro ser o centro das atenções, embora a minha irmã Teresa diga que sou egoísta, caprichosa, que gosto de fazer jogos com os homens. Talvez a Teresa tenha ciúmes, não sei, não quero saber, gosto de me sentir acarinhada. A Mãe também acha, teve uma grande discussão com a Teresa porque esta não quis inscrever-se no curso que considerava mais adequado. Eu fiz-lhe a vontade e aqui estou a estagiar num escritório chique de advogados. Foi assim que conheci o Miguel e fiquei lisonjeada quando me convidou para sair. Ainda mais lisonjeada quando percebi que ele estava perdidamente apaixonado por mim, não podia viver sem mim, confessou-me. Foi num restaurante chique que fez o pedido, até trocei um pouco por ser tão tradicional, mas o Miguel é um homem que gosta de tudo o que seja antigo. A nossa primeira discussão foi por causa disso. Eu quero viver num apartamento moderno com todas as comodidades possíveis e o Miguel quer que seja numa casa renovada, preservando a fachada e o layout antigo. A

OS DISPARATES DO GONÇALO FIM

  A lista do que não posso fazer, pelo menos seis meses, confirma o Pai, é enorme. Nada de festas, fins de semana ou férias em casa de amigos, mesmo se a equipa de voleibol vencer? protesto e o Pai abana a cabeça, tens que reconquistar a nossa confiança. Mas o que é que eu vou fazer no tempo livre? pergunto à Sofia e a minha irmã encolhe os ombros, pesquisa as matérias de estudo, lê mais livros, arranja novos hobbies, dá explicações online! sugere. Suspiro, estes seis meses vão ser muito longos, mas a Sofia tem razão. No dia seguinte, o Professor de Matemática pede-me para ficar mais uns minutos, estou um pouco espantado, revejo as aulas, mas tenho os trabalhos em dia e o meu comportamento tem sido muito responsável. Por isso, o que é que aconteceu? Será que a minha sentença vai aumentar e em vez de seis meses, vou ficar na prisão um ano??? Tens tido boas notas, Gonçalo, começa o Professor, e eu estou muito preocupado com o Nuno Pereira, sabes quem é? Veio transferido do Colégio Normal

OS DISPARATES DO GONÇALO PARTE IV

  Ninguém fala, apenas a Inês sorri trocista, ah, demoraram muito tempo e mais tarde, confesso à Sofia que o tio Gustavo parecia ter asas tão depressa se aproximou da Inês. A minha prima cambaleou com o impacto da bofetada que ficou marcada no rosto e o sorriso trocista, a descontracção desapareceram. Cinco minutos depois estávamos no carro, proibidos de dizer um ai que fosse, arranco-vos o cabelo, ameaça o Matias, mas estamos os dois tão surpreendidos que não temos coragem de dizer seja o que for. O " esquadrão negro" como lhes chama a Inês quando recupera o humor, ou seja, a Tia Carolina e a Sofia estão no hall de entrada. As duas estão muito sérias e tenho quase a certeza de que avisaram os Pais, mas a Tia sossega-me de imediato. Ainda não telefonei aos teus Pais, diz, porque, primeiro que tudo, tenho que entender o que se passou, porque é que desobedeceste às instruções deles. E, quanto a ti, Inês, também vamos ter uma grande conversa. Para já, vai para o teu quarto. A In

OS DISPARATES DO GONÇALO PARTE III

  A Inês domina a festa de imediato, namorisca com o Tadeu, insinua-se ao Francisco e convence-o a mudar a música. As namoradas não estão nada felizes, penso numa maneira diplomática de afastar a Inês do grupo que se forma até que o Amadeu, tão louco como ela, a desafia para uma dança "disparatada" explica. A Inês fica desconfiada, quer detalhes, o Amadeu começa a dançar, a saltar pela sala, arrasta-a e em breve, estamos todos a dançar como uns maníacos. Nem me lembro das horas, estou a divertir-me imenso, mas claro que a Tia Carolina fica preocupada quando não estamos em casa à meia noite. Estudar até tão tarde num sábado? exclama, não é de bom tom estar tanto tempo na casa dos outros, e desce até casa do vizinho. O casal fica muito admirado, o filho está numa festa com os primos e não, não viu a Inês nem o primo. A Tia Carolina fica alarmada, o casal tenta telefonar para o filho e o Matias, que chega naquele momento, está disposto a sair e procurar-nos. Vais para a rua assi

OS DISPARATES DO GONÇALO PARTE II

  A Sofia nem responde, o que confirma a minha opinião, as raparigas são estúpidas! Mas não diz nada à Mãe e por isso, eu sigo as publicações dos meus amigos, sei da festa que vão organizar no sábado à noite. Como é que vou contornar a situação? Não posso contar com a Sofia, a única pessoa que me poderá ajudar é a Inês, com um preço claro! Vou contigo, declara de imediato, mas tu não gostas dos meus amigos! protesto, estás sempre a troçar de nós! Nunca diga não a comida e bebida gratuita! responde a minha prima com um sorriso maroto e eu fico assustado. A Inês não conhece limites, tivemos alguns problemas por ter alinhado nas brincadeiras dela e tenho a sensação de que me vou arrepender de lhe ter pedido ajuda. É tarde demais para voltar atrás, a Inês concebe um plano, mas só conheço os detalhes no último minuto, para a Sofia não desconfiar, diz. Vamos para casa do vizinho do 2º andar, explica, ele vai ajudar-me num trabalho e tu precisas também de umas dicas... Preciso??? repito e a I

OS DISPARATES DO GONÇALO

  Sou a " Paz da Alma", o " Conciliador" até ao dia em que tenho um verdadeiro ataque de fúria e apago um ficheiro importante no computador da minha irmã. A Sofia grita como se alguém a estivesse a matar e eu rio às gargalhadas. Os Pais tentam acalmar os ânimos e quando se inteiram da gravidade da situação, ficam sem palavras. Volto a rir-me, mas o Pai surpreende-me, aperta-me o braço e diz baixinho, queres fazer o favor de te calar?  Leio fúria, censura no olhar dos dois e o Pai faz-me sinal para o seguir, fecha a porta do escritório, enquanto a Mãe conversa com a Sofia que só repete " tenho que entregar o trabalho daqui a dois dias! O que é que eu vou fazer?" O Pai não eleva a voz, mas as palavras são como aço, cortam a minha fanfarronice e nem me atrevo a protestar quando me tira o telemóvel e só posso utilizar o computador para os trabalhos escolares. Ao jantar, ninguém fala, a Sofia suspira de vez em quando, até a Mãe perdeu a alegria, a exuberância t

O CASAMENTO FIM

  No dia seguinte, descarrego as fotos, envio-as para o Inspector Bernardes e conto tudo o que se passou quando nos juntamos na cozinha para um brunch. Que horror! diz a Mãe, ainda bem que tiveste a sensatez de não dizer nada, arruinavas o casamento da tua irmã! e o Pai oferece-se de imediato para telefonar à empresa de catering, saber do estado de saúde do tal Victor e pagar-lhe as despesas médicas. Mas a que propósito vais fazer isso? protesta a Mãe, o catering deve ter um seguro para cobrir isso, o Pai não responde, encolhe os ombros e tenho a certeza absoluta de que o tal Victor vai receber um bónus extra. O casamento continua a ser a conversa favorita da casa durante a semana, a Mãe está aborrecida, porque a Bia não lhe telefona e eu estou ansiosa por saber se o tal Victor foi vitima de agressão. O Inspector responde-me ao mail uns dias mais tarde, agradece imenso as fotos, mas o Victor não foi vítima de agressão, tem apenas um problema médico que foi agora diagnosticado e para o

O CASAMENTO PARTE V

  As pessoas do catering reconhecem-no, ah, é o Vitor, dizem, saiu para fumar, até estávamos a achar estranho a demora, mas estamos tão ocupados, explicam, o que é que aconteceu? O Inspector dá uma resposta vaga, pede os contactos dele, diz que alguém da Polícia os contactará. Alguém nos avisa que os noivos vão cortar o bolo, temos que regressar, comento e o Inspector concorda. Antes de entrarmos na tenda, o Inspector pede-me para lhe enviar as fotos que tirei, já avisei o Sargento de Serviço, pode não ser nada, diz, mas é estranho! Acha então que foi agressão? pergunto e o Inspector sorri. não sei! É melhor entrar, não podemos perder o momento! A Bia e o Miguel seguram já a espátula, o bolo é enorme, há contagem decrescente e quando cortam finalmente a primeira fatia, a sala explode numa grande salva de palmas que quase me ensurdece. A Mãe faz-me sinal, a Bia e o Miguel vão sair, sussurra, ajuda a tua  irmã a mudar de roupa e num dos quartos da casa da quinta, encontro a Bia a tentar

O CASAMENTO PARTE IV

  Estás a ver como eu tinha razão??? grita a Inês e o Matias empurra-a para o lado. O que é que vamos fazer? pergunta o Matias, mas eu já estou a ligar para o 112. Dou-lhes a informação necessária, prometem chegar dentro de quinze minutos e eu resolvo tirar fotos da cena com o meu telemóvel. Não será melhor chamar alguém? repete o Matias, visivelmente impressionado, talvez o Pai do Gustavo, sugere a Inês, ele é polícia! O Matias fica abalado, como é que não me lembrei disso? recrimina-se o Matias, eu paro de tirar fotos, não fiques aí, vai lá chamá-lo, mas não digas a mais ninguém, exclamo, e leva à Inês contigo e ela que fique também calada! Os dois afastam-se, a Inês protesta, acha a cena excitante, eu continuo a fotografar, de vez em quando, escuto a respiração. A ambulância e o Pai do tal Gustavo chegam ao mesmo tempo, explico rapidamente o que se passou, tanto os paramédicos como o Inspector, que se apresenta como Telmo Bernardes, escutam-me atentamente. Sabe quem é? quer saber o

O CASAMENTO PARTE III

  Pois, isso acontece, concordo, gostaria de dizer que as coisas vão ser diferentes, mas é a desvantagem de sermos os mais novos. O Matias abre a boca para dizer qualquer coisa, mas a comitiva com os noivos e convidados chega e temos que nos levantar, cumprir as obrigações familiares. Serve-se o jantar, há brindes, discursos divertidos e enfadonhos e finalmente, os noivos abrem o baile. Levanto-me, circulo pelas mesas, converso com alguns amigos, vou até ao jardim. Respiro fundo, o ambiente dentro da tenda está sufocante e encontro um banco de pedra meio escondido por um arbusto. É então que ouço a voz do Matias, está zangado, tenta calar uma voz de criança muito excitada. Inês, cala-te, não inventes coisas! pede, mas a Inês persiste, mas eu vi! Tenho a certeza absoluta! Levanto-me do meu cantinho, curiosa por saber o que acontece e os dois irmãos sobressaltam-se quando me vêem. Ah, estás aí? nota-se que o Matias está embaraçado, a minha irmã Inês está a inventar histórias! Diz que alg

O CASAMENTO PARTE II

  E de que maneira! admite, estou a ficar com fome! Olá, sou o Matias e tu deves ser a Teresa, a irmã da Bia? diz. Exactamente! responde, as pessoas dizem que não sou nada parecida com a minha irmã, como é que...??? e o Matias sorri, há semelhanças. Ok, também estou com fome, vamos partir numa aventura? sugiro e o Matias olha-me intrigado, o que queres dizer? Vamos até à quinta, já deve estar tudo pronto para o banquete, e rio-me, nós vamos ver se conseguimos surripiar alguma coisa. Os noivos não devem demorar muito mais, acrescento. O Matias volta a sorrir, acena que sim e espera que lhe abra a porta. Tal como previa, na quinta está tudo pronto para receber os convidados, ficam um pouco surpreendidos por nos verem aparecer, mas servem-nos um cocktail de champagne e oferecem-nos um sortido de empadas, rissóis, chamuças mínimas. Instalamos-nos numa mesa no relvado, estamos em frente ao pavilhão onde vão servir o lanche, jantar? não sei bem a desfrutar da paz. Eles devem estar a chegar,

O CASAMENTO

  Os Pais não ficaram muito satisfeitos quando anuncio que estou interessada em estudar criminologia e justiça criminal. Vais ser polícia, que horror! dizem, não necessariamente, afirmo, posso trabalhar na reinserção social, no apoio à vítima, aliás é essa a minha intenção. Tentaram dissuadir-me, a Mãe até não me falou por uns dias, mas acabo por me matricular no curso. Entretanto, a Bia cede aos caprichos da Mãe e matricula-se num curso de direito. A Bia é muito diferente de mim, é mais bonita, mais divertida, mais tudo, até cansa! admito e às vezes, temos discussões terríveis, porque estou tão mergulhada no que estou a fazer que não quero saber se a toilette escolhida é perfeita para o jantar! Mas esta noite, tenho que estar perfeita, a Bia nunca me perdoaria se o meu vestido não fosse de alta costura. Confesso que fiquei surpreendida com a decisão de se casarem tão depressa, até desconfiei que a Bia estivesse grávida e não quisesse desiludir a Mãe, mas a verdade é que ela e o Miguel

A NOVA ESQUADRA FIM

  O Sargento cala-se, senta-se à secretária, os outros seguem o exemplo e eu fecho-me no gabinete. Fui um pouco agressivo, confesso mais tarde à Clotilde, não estava realmente à espera que agisses assim, admite, até fiquei um pouco assustada! Rio-me, mas o Sargento apresentou-me o relatório passado uma hora, esclareço, um relatório bem estruturado... O nosso Sargento até é competente, mas parece que quer desperdiçar esse talento! Ele e o outro Inspector eram muito amigos, diz a Clotilde, tenho a impressão de que a irmã do Sargento casou com o irmão do Inspector... é uma história assim! Pois... mas ele sabe que o Inspector tinha uns certos problemas, que foi acusado de aceitar subornos? atalho e a Clotilde suspira, sabes como é que está a investigação? Não, respondo, sei que tenho um contrato por um ano... Se fico ou não, depende do trabalho feito. Então, vamos fazer o possível para que fiques, troça a Clotilde, ah, mas é preciso que eu queira também, admito. Não te posso fazer mudar de