Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2017

O LADO ESQUERDO

Definitivamente.... Acordei para o lado esquerdo... Da cama, da vida, não tenho tempo para tais considerações agora... Só sei que o despertador não tocou, tive que trocar de saia e de sapatos e quando cheguei à paragem, esbaforida, o autocarro tinha cumprido o horário. Preparei-me para uma espera de quinze, vinte minutos, mas tive sorte que o Mateus também estivesse atrasado e tivesse metido por um atalho. Chegamos ao escritório um minuto ou dois depois das nove horas e pensávamos ter escapado às bocas maldosas da Madalena. Mas esta parece ter um sexto sentido e lá do fundo da sala, lançou um comentário: " Isto é que são horas? Irresponsáveis!" e se a Cristiana não me tivesse segurado o braço, não sei o que faria. Para ser franca, não faria nada; engoliria em seco e tentaria passar despercebida. O que fez com que ficasse furiosa comigo mesmo... CONTINUA  

"MAGIE NOIRE" - O FINAL

Não, não venhas atrás de mim... Não sei se vou ficar aqui... não tenho a certeza do que vou fazer... Tenho que o fazer sozinha e, sim, sei que estarás aí para me ajudar se for preciso... E isso basta-me... Tenho que deixar que te preocupes contigo, que invistas na tua carreira... Talvez a Luisa te dê uma nova oportunidade, quem sabe? Aproveita-a, goza-a... Tem um filho, dois... Vou ser uma tia babada... Este é o meu momento de repensar, reconsiderar, renovar a minha vida. Sem apoios... sozinha, numa cidade desconhecida... E, prometo que não procurarei o seu lado negro. Miguel, meu irmão, fica bem.  Vou ter muitas saudades tuas! Um xi muito apertada da tua irmã maluca. FIM

"MAGIE NOIRE" - PARTE III

Nunca o saberei, pois fui cobarde e fugi. Felizmente, o bar estava cheio e o segurança estava a tentar impedir a entrada de uns idiotas, já muito bebidos. Ninguém me viu, a não ser aquele sem abrigo que dorme na viela.  E sei que não vai dizer nada; só quer que o deixem em paz. Não respeitei os limites da velocidade e não sei como consegui chegar a casa, ilesa e sem encontrar um polícia. Fui buscar uma mala e atirei para lá roupa.  Voltei a sair, mas achei melhor deixar o carro na garagem. Apanhei um táxi e segui para a estação de comboios.  Fiquei parada no átrio, sem saber muito bem o que fazer. Ir para onde?  Olhei para o quadro e não consegui decifrar nada. Alguém deu-me um empurrão e perguntou, mal humorado: " Então? Vai ficar aí parada a noite inteira? " e então, respirei fundo e fui até à bilheteira. Comprei o bilhete para Madrid. CONTINUA

"MAGIE NOIRE" - PARTE II

Espero bem que não... Não aguentaria saber que te fiz isso... Destruir a minha vida? Ah, não te preocupes comigo...  Tenho que encontrar uma saída e tenho que o fazer sem a tua ajuda. És um bom irmão; nunca disseste "não" e provoquei-te tantas vezes. " Roubei-te" a bicicleta, o carro e sempre que bebia demais, telefonava-te e lá aparecias tu. Indignado, é certo, com vontade de levantar a mão e bater-me, a dizer que era a última vez, mas eu sabia que era treta. Que o farias novamente, as vezes que fosse preciso! Desta vez, não é um simples telefonema e levar-me inconsciente para a cama. Eu matei o Telmo! Dei-lhe um soco que lhe tirou o ar, o fez desequilibrar e bater com a cabeça no balcão. Um acidente? Achas mesmo que a polícia ia acreditar em mim? CONTINUA

"MAGIE NOIRE" - PARTE I

Miguel, meu irmão, Desculpa-me....  Sei que fiz asneira mais uma vez e deveria ter ficado para enfrentar as "feras" contigo. Deixar-te assim tão doente... custou-me imenso, mas sei que me vais perdoar... À menina tonta que sempre fui e que deveria deixar de ser.  Apaixono-me sempre pelo tipo errado e o Telmo foi o pior de todos. Arrogante, egoísta, "negro" como a música que escolhe para a noite. " Magie Noire "... para quem quer esquecer e esconder-se do Mundo. Eu nunca gostei das regras do Mundo; lutei contra elas, mas nunca pensei que as ia quebrar desta maneira e destruir-me. O que me doí é que não sei se te destruí também... CONTINUA

O DJ - O NOVO CASO DO INSPECTOR LEANDRO - FIM

É o Torcato quem interrompe o silêncio da sala ao avisar de que está alguém à espera do Inspector na sala 4. “ Quem é?” perguntou Leandro, mas o Torcato abanou a cabeça.  Tinha perguntado, mas a pessoa insistiu que só falaria com o inspector encarregado do caso. O homem na sala de interrogatórios estava visivelmente doente. Tinha os olhos inchados, o nariz vermelho e apesar do casaco grosso, tremia.  O Sargento Bernardes apressou-se a pedir um copo de água e Leandro mandou-o sentar-se. “ Sou o inspector Leandro Marques e este é o Sargento Bernardes. O senhor é?” “ Miguel... Miguel Fontes.” respondeu e teve de imediato um ataque de tosse.  O Sargento deu-lhe o copo de água e Leandro esperou até que ele o bebesse. “ Porque é que veio, Snr Miguel Fontes? O senhor está muito doente e podiamos interrogá-lo mais tarde.” explicou o inspector. “ Mas eu tinha que vir. Eu tinha que lhe dizer...” e tossiu novamente. Meteu as mãos nos bolsos à procura de um lenço, mas um novo

O DJ - O NOVO CASO DO INSPECTOR LEANDRO - PARTE V

“ Pois! A autópsia é só logo à tarde!” lamentou-se Leandro “ Temos que esperar! Oh, Torcato, volta ao bar e interroga discretamente os comerciantes da zona. Talvez tenham visto qualquer coisa...” e o detective desapareceu de imediato. O inspector leu os mails, assinou relatórios de casos já concluídos e esperou. Perto do meio dia, o Sargento Bernardes entrou no gabinete com novidades: “ O nosso DJ Mórbido chama-se Telmo Roseira, tem 35 anos e é divorciado. Como o Russo disse, não trata nada bem as mulheres; a ex-mulher apresentou queixa contra ele três vezes, a última há cerca de mês e meio. Pelos vistos, o nosso DJ não aceitou muito bem o facto de a mulher ter pedido custódia total dos filhos, um de seis anos e outro de ano e meio. Fez um escândalo à porta do prédio, ameaçou matá-la e chamaram a polícia. Mas não, não tem qualquer ligação com drogas, nem como consumidor. Acho que podemos excluir essa hipótese.” concluiu. “ Pois!” repetiu Leandro “ Temos que falar com a ex-mulh

O DJ - O NOVO CASO DO INSPECTOR LEANDRO - PARTE IV

O vestiário era uma sala quadrada, com um sofá encostado a uma das paredes. As outras duas tinham cacifos e a quarta tinha um balcão a todo o comprimento. A equipa técnica tinha marcado o local onde estava o corpo e Leandro lembrou-se do que a gerente tinha dito sobre isso. “ ... encostado à parede...” Como, se havia ali aquele balcão e aparentemente o corpo não tinha qualquer golpe e não havia ali vestígios de sangue? “ Marcas de arrastamento? “ perguntou ao técnico, mas este abanou a cabeça e continuou a fotografar. Leandro ficou pensativo uns minutos e resolveu ir directamente até ao Instituto de Medecina Legal. Talvez já lhe pudessem dar alguns pormenores, mas a médica-legista riu-se: “ Oh, Inspector Leandro, acabo de receber o corpo. Só lá para o fim da manhã, princípio da tarde... O Senhor está sempre com muita pressa!” queixou-se. “ Há qualquer coisa estranha nisto!” justificou-se Leandro, mas a médica não ficou convencida. “ Há sempre qualquer coisa estranha nos

O DJ - O NOVO CASO DO INSPECTOR LEANDRO - PARTE III

O Sargento Bernardes fechou a porta e disse: “ Muito segura de si, não é ? Será que esconde alguma coisa?” falou mais para si do que para o inspector que lhe pediu: “ Investiga as finanças do bar; não é ela quem trata da parte administrativa do bar? Vê o que descobres mais sobre ela e o sócio, Miguel... “ “ Miguel Fontes” terminou o Sargento “ Vai interrogar agora o barman? Ou vai ver o local?” perguntou. “ Manda entrar esse tal Russo!” suspirou Leandro. O barman não tinha mais do que 30 anos. Era franzino; a camisa branca parecia grande demais para ele. Tinha um olhar vivo, observador e a alcunha vinha do cabelo ruivo. Depois das perguntas rotineiras (idade, anos de trabalho no bar, etc), Leandro pediu: “ Já conhecia este Dj Macabro? O que me pode dizer sobre ele?” “ De nome. Pessoalmente, só quando começou a actuar cá. Chamou mais gente...” acrescentou o barman. “ Novos clientes? O “Mad” Joe referiu-se à música dele como “magie noire”; o que é que ele quis dizer

O DJ - O NOVO CASO DO INSPECTOR LEANDRO - PARTE II

O inspector tossiu e perguntou: “ Margarida Nunes, gerente. Há quantos anos trabalha cá?” Margarida sorriu amavelmente e numa voz baixa, educada respondeu: “ Desde que o bar abriu, há 5 anos. Sou responsável pela parte administrativa – contactos com fornecedores, bancos, pessoal, etc. Geralmente, não faço noites, mas ontem, o Miguel, o meu sócio estava doente e pediu-me para vir.” “ Tem, portanto uma quota do negócio?” e Margarida confirmou com um aceno. “ Foi a senhora que contratou o Dj? Conhecia-o bem?” “ Não, muito mal, poucas vezes falei com ele. Foi o Miguel quem teve a ideia de organizar noites temáticas e encarregou-se de tudo – aluguer de equipamento, contratar cantores, DJ's, etc. Qualquer problema relacionado com esses eventos é o Miguel que resolve. Apenas fiscalizo a papelada!” acrescentou com um sorriso. “ Certo, falaremos então com o Miguel. Descreva-me o que se passou ontem.” pediu o inspector. “ Cheguei por volta das 23h; o Dj tinha começado o sh