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A mostrar mensagens de setembro, 2020

A BRIGA

O Bernardo encontra o Gustavo, o sobrinho da Rita, na livraria. Sentam-se no café, conversam sobre os planos de estudo na Universidade o Gustavo convida-o para irem ao bar nessa noite. A Aída não gosta muito da ideia, mas o filho é uma pessoa responsável e o Gustavo não é um estranho. Até conhece bem a Madalena, sabe que o Gustavo tem sido um grande apoio para a Mãe no divórcio, mas socialmente não sabe como ele se comporta. Espera que o filho não beba demais e não faça disparates. Aconselha-se com o Major, aquele é um recruta, ensinei-lhe a ter limites, diz, não vai haver problemas. Nenhum dos rapazes bebe demais, mas o bar tem gente a mais, alguém começa a lutar e chamam a polícia. A polícia identifica-os, manda-os para casa e os dois decidem não dizer nada às respectivas Mães. Contudo, no dia seguinte, não se fala noutra coisa na Universidade e a Glória conta ao Major. " Oh, Bernardo, diz-me que não estiveste envolvido na luta!" pergunta o Major antes da sessão do Clube. &

A CASA DE CAMPO - FIM

  " São rapazes saudáveis!" comenta o meu cunhado Pedro " Até aquela migalha que é o meu filho anda a bater nos outros meninos. Dizem que é por ser muito mimado!" " O Miguel mimado?" repete o Miguel primo " Que ideia! É um rapaz de barba rija!" e todos riem. Volto a ter uma conversa séria com o Matias e o Edgar, eles prometem que se comportam " decentemente", mas as tréguas duram pouco. A briga é tão feia, o motivo tão insignificante que a Carolina decide fechar a porta de comunicação entre os quartos. Até estabelece um horário para eles utilizarem a casa de banho, o que todos acham ridículo, mas que acaba por resultar. A Filipa pergunta-nos se pode passar uns dias com o namorado e uns amigos na casa de campo. " Eles estão dispostos a pagar... disse-lhes que os Pais fariam um preço razoável." explica. " Oh, Filipa, isso não é necessário!" protesto, mas a minha filha abana a cabeça e diz: " Não, foram os Pais del

A CASA DA PRAIA - PARTE V

  O Miguel fica surpreendido e faz algumas sugestões, mas eu chamo-lhes a atenção de que todo o processo envolve uma certa logística e a decisão final é nossa. A Carolina faz o projecto, pede vários orçamentos e passamos várias noites a discutir até decidirmos pelo que é mais viável em termos estruturais e financeiros. Onde vamos ficar enquanto duram as obras? é a outra questão. A Filipa e o Miguel ficam em casa de amigos, o meu irmão recebe o Matias e o Edgar, tenho filhos da mesma idade, diz. Eu, a Carolina e a Inês ficamos em casa do Pedro e a nossa cobre-se de pó e paredes derrubadas. Apesar dos protestos da Filipa e do Miguel, que tinham planos com os amigos, alugamos a casa de campo. Tem que ser, explicamos, temos que rentabilizar o investimento feito e pagar o empréstimo para concluirmos as obras. A família está disposta a ajudar-nos, mas não aceitamos. As obras prosseguem, às vezes temos que fazer alguns ajustes, mas fica concluída na data prevista. Quero alugar os serviços de

A CASA DE FÉRIAS - PARTE IV

Explico novamente que temos que resolver os problemas com as palavras e não com violência, que me estão a desiludir porque prometeram que não teriam novamente este tipo de atitudes. Mandei-os arrumar o quarto, tomar um banho e mudar de roupa, pedi ao Miguel para os vigiar e vou ter com a Carolina. A Inês deve estar a dormir, porque a Filipa está sentada ao pé da Mãe a contar-lhe as novidades. " Estão bem? Preciso de ir lá?" pergunta-me a Carolina. " Não, estão com o Miguel. Mas temos que pensar em mudar para uma casa maior; temos que os separar." explico " Caso contrário, vamos continuar ter cenas de pugilato e não podemos estar constantemente a separá-los." " Oh, Pai! Que horror deixar esta casa, tenho tantas memórias aqui." diz a Filipa. " Mas o teu Pai não deixa de ter uma certa razão; já tivemos que transformar o escritório num quarto para a Inês e não vamos pôr o Matias ou o Edgar no do Miguel." intervém a Carolina. " E, se fi

A CASA DE FÉRIAS - PARTE III

  Não é o fim de semana relaxado que pretendo, a Carolina já está a pensar numa forma de rentabilizar o investimento feito. Quanto à Inês, só sorri feliz. Quando sabem o que se passou, o Matias e o Edgar têm pena de não terem estado lá, lutariam com os ladrões e venceriam. " Que disparate!" atalha o Miguel " E se tivessem uma arma? Podias ser morto!" " Que ideia mais estúpida!" diz a Filipa, mas o Matias e o Edgar não estão preocupados. Dez minutos mais tarde, estão no quarto a encenar o roubo. " Aqueles dois vão estar entretidos por umas horas!" rio-me e a Carolina concorda. A Filipa oferece-se para tratar da irmã, o Miguel desaparece no quarto dele e nós ficamos na cozinha, a saborear um copo de vinho. " Podemos alugar no fim de semana do Carnaval, na Semana Santa..." sugere a Carolina " A Filipa e o Miguel podem não gostar.. gostam de ir lá nas férias com os amigos." " Vamos com calma." aconselho " Ok, tivemo

A CASA DE FÉRIAS - PARTE II

  A Carolina está relaxada, a Inês está a adorar a viagem de carro. Eu ligo o rádio no máximo, faço a Carolina rir e recrimino-me por não fazer isto mais vezes. Ao fazer a curva para entrar na garagem da casa, acho estranho o portão estar aberto. Paro o carro, digo à Carolina para não se mexer e saio. O portão foi arrombado, a porta da garagem também, embora pareça que não há qualquer problema com a da casa. Lembro-me então que há uma porta de ligação entre a garagem e a casa. " O que foi? O que aconteceu?" pergunta-me a Carolina e noto que está assustada. " Fica aqui. Alguém arrombou as portas; pode ser que esteja ainda lá dentro." explico e com muito cuidado, entro na garagem. A porta de ligação está aberto, subo os degraus e a cozinha está virada do avesso. Remexeram em toda a casa, roupas, objectos decorativos estão no chão. À primeira vista, parece que levaram apenas a televisão, o micro-ondas. " Ai, meu Deus, o que aconteceu aqui?" exclama a Carolina

A CASA DE FÉRIAS

  Ninguém diria que continuo casado com a mulher que conheci numa festa da universidade e que tenho cinco filhos! Planeamos o nascimento da Filipa e do Miguel com todo o cuidado, mas o Matias e o Edgar foi uma surpresa. Surpresa maior foi o nascimento da Inês e tenho que recomeçar tudo! A casa parece uma creche, além dos meus filhos, estão os meus sobrinhos e até os dos vizinhos. Tivemos que impor uma regra: a partir das dez da noite, têm que estar todos no respectivo quarto, a ler, estudar, dormir. Eu e a Mãe temos que ter tempo e espaço para conversar, explico O Matias e o Edgar riem, não percebem o que quero dizer, mas a Filipa e o Miguel troçam olhares trocistas. A Carolina está a desenvolver um projecto que parece interessante. Descreve-o em pormenor, faço algumas sugestões e no écran do computador, parece perfeito. Fica um pouco desiludida quando o cliente rejeita as sugestões e prefere um look mais clássico. " Parece que as pessoas têm medo de arriscar. É uma casa de férias

O CASO - FIM

A vida continua, repete a Madalena para si e tenta organizar uma rotina para ela e para a Clarinha. Impõe-se aos mais velhos, têm que estudar e sair com amigos e até podem passar um fim de semana fora de vez em quando. A Rita aconselha o Gustavo a só trabalhar nas férias para não interferir nos estudos e naquele Verão, ele vai para um campo de férias como monitor. A Matilde fica um pouco desapontada, também queria fazer alguma coisa e a tia diz que pode substituir a recepcionista da empresa durante as férias desta. " O que é isso de recepcionista?" pergunta a Clarinha curiosa. " Vai tirar fotocópias, abrir o correio, atender o telefone, levar as visitas até à sala..." enumera a Rita. O Bernardes tem estado muito ocupado, a família não sabe bem se é por causa do trabalho ou da nova namorada. " E, que tal é ela?" quer saber a Rita, mas os sobrinhos pouco têm a dizer. Estão sozinhos com o Pai a maior parte do tempo. Por vontade dela, a Rita aprofundava a hist

O CASO - PARTE VI

Quando a Rita chega, já a Teresa convenceu a Madalena a tomar um calmante e a deitar-se. A Rita decide ficar, o Gonçalo improvisa uma cama no sofá e a Teresa diz ao António que a Madalena está exausta, cedeu finalmente à pressão. No dia seguinte, a Madalena está mais calma, pede desculpa aos filhos por os ter assustado e promete à irmã consultar um médico. Com urgência, insiste a Rita e a Madalena acena que sim. No carro, é a vez da Rita ceder à emoção e chorar, o que espanta e preocupa o Gonçalo. Nunca a viu assim tão vulnerável e tenta consolá-la, a Madalena é forte, não está sozinha, tu és uma irmã extraordinária. A Madalena apresenta-se na loja, a Teresa fica admirada, pensei que ias tirar o dia, diz. Não, não, hoje chega uma nova remessa, quero ajudar na descarga, explica a Madalena. Felizmente, o fornecedor chega à hora marcada e o resto da manhã é passado a conferir a mercadoria. À tarde, a Madalena vai para a loja no Centro Comercial, confere a caixa e após algumas instruções à

O CASO - PARTE V

  O Bernardes saí de casa naquele fim de semana; a Rita leva a Clarinha ao cinema, mas os dois mais velhos ficam. É uma despedida dolorosa para todos; o Pai quer dizer alguma coisa, mas limita-se a abraçá-los, a prometer que lhes telefona brevemente. Os três ficam ali parados no meio do corredor até que a Madalena sugere que encomendem uma pizza. Na cozinha, explica que terá que haver alguma contenção nas despesas, talvez seja uma boa ideia mudarem para uma outra casa. O Gustavo prontifica-se a procurar um part-time, mas a Mãe rejeita a ideia, não, tem que se concentrar nos estudos. Mas o Gustavo já decidiu falar com a Rita, a tia conhece tanta gente, alguém há-de ter um lugar para ele. Em casa do António, fala-se no caso, a Teresa ainda não acredita, um casal tão estável, comenta. O António está convencido que foi essa a razão porque o Bernardes insistiu tanto para que a Madalena se tornasse sócia da loja. Se foi para ela ter um rendimento, ainda bem, mas não deixa de ser doloroso, ex

O CASO - PARTE IV

A Rita não consegue concentrar-se no trabalho, o Gonçalo pergunta-lhe várias vezes o que se passa, mas ela apenas diz, falamos em casa. Quando lhe conta a história, o Gonçalo fica surpreendido porque o Bernardes parecia ser uma pessoa cheia de regras de que não se desvia um milímetro. " Trabalham juntos, muitas horas... acontece!" diz o Gonçalo " É duro depois de 20, 25 anos de casamento..." " A minha irmã parece calma, acha que ele foi honesto... Assusta-me um pouco!" comenta a Rita.. " Nem todos os divórcios são complicados como o teu." comenta o Gonçalo " Já está em cima da mesa, têm que dizer aos filhos, esclarecer uma série de pormenores." " Isso não me consola, Gonçalo! Preferia que a Madalena gritasse, atirasse com as coisas à parede, sei lá... vai sofrer mais depois!" observa a Rita. Entretanto, na casa do Inspector, decidiram que seria ela a dizer aos filhos, uma Madalena muito calma explica-lhes a situação. " O

O CASO - PARTE III

  " O teu cunhado não consegue resolver o caso!" brinca o Gonçalo, mas a Rita acha que aconteceu qualquer coisa mais grave. Não é a primeira vez que o Bernardes não resolve um caso de imediato; às vezes, demoram meses, até anos. Por isso, a Rita adia as reuniões daquela manhã e como sabe que a irmã só entra na loja às onze, vai ter com ela a casa. A Madalena ainda está de roupão, os olhos estão vermelhos, o que alarma de imediato a Rita. " Vais contar-me o que se passou este fim de semana! Porque eu sei que aconteceu alguma coisa!" repete a Rita perante a resposta lacónia da irmã de que está tudo bem. A Madalena senta-se, bebe um pouco de café, estão sentadas na cozinha. Os miúdos, valha-me Deus, a Matilde e o Gustavo são praticamente adultos, pensa a Mãe, estão nas aulas, o Bernardes também já saiu. " O Bernardes pediu-me o divórcio." anuncia a Madalena num tom de voz tão baixo que a Rita pede para repetir. " Divórcio? O Bernardes quer o divórcio? Ap

O CASO - PARTE II

Por isso, naquele fim de semana, os Pais vão para fora, " reacender a chama da paixão" como diz o Gustavo a uma Clarinha muito amuada. Mas tu gostas de estar em casa da Rita, dizes sempre que te divertes muito, estranha a Matilde, mas a benjamim da família fica muito calada. O Gonçalo e a Rita levam-na a um parque de diversões e em casa, o Gonçalo ajuda-a a fazer um desenho 3D no computador. Achas que isso é uma boa ideia? pergunta a Rita, a Madalena está a limitar-lhe o acesso, só quando é mesmo necessário. Só estamos a fazer um desenho e isto é inofensivo, declara o Gonçalo, aliás, ela parece estar feliz. A Matilde e o Gustavo chegam entretanto, o combinado era saírem e depois jantarem em família. " A Mãe diz que o caso do vosso Pai é complicado e que ele anda muito aborrecido. Sabem do que se trata?" pergunta a Rita. " O Pai não dá muitos detalhes, apenas que quanto mais investiga, mais buracos encontra." explica o Gustavo. " Toda a gente tem um ál

O CASO

 O caso em que o Inspector Bernardes está agora a trabalhar é complicado e ele chega tarde e muito cansado. A Madalena está preocupada, acha que não está a descansar o suficiente e ele pergunta como? quando mais descobrimos, mais discrepâncias encontramos. " O que é isso?" quer saber a Clarinha. " É quando tu dizes que queres comer pão e o que queres na verdade é bolo!" brinca o Gustavo. " Oh, Gustavo!" repreende a Madalena " Explica as coisas direito! Clarinha, discrepância significa que o que foi dito não corresponde à realidade!". A filha acena em concordância e continua a comer. " O Pai acha que foi um trabalho interno?" questiona o Gustavo. " As portas não foram forçadas e todos têm álibis sólidos!" responde o Pai. " Provavelmente o crime foi cometido mais cedo do que pensam!" sugere o filho, mas a Madalena faz-lhe sinal para não continuar com o interrogatório. " O teu Pai precisa de descansar; este caso es

MADALENA - FIM

Tal como a Madalena previa, o rapaz mostra-se arrogante, provoca a colega e os clientes queixam-se dele.  A Teresa chama-o à atenção, mas ele não reage e por isso, a melhor solução, confessa a Teresa ao António mais tarde, é " bani-lo" para o armazém. Só contacta connosco e com os fornecedores, explica à Madalena que também é da mesma opinião. O rapaz acaba por as surpreender, porque se revela um bom gestor de logística enquanto a Maria é uma boa vendedora. " Os outros estagiários eram bons, mas estes superam as minhas expectativas. Principalmente, o Tomás. Organizou ali um sistema de stock muito eficiente." admite a Teresa. " Tinha as minhas dúvidas em relação ao Tomás!" diz a Madalena " Mas ainda bem que se tornou um bom elemento; os clientes não gostavam dele." Na reunião mensal da sociedade gestora da loja, os sócios votam a instalação da ilha no centro comercial. O Tomás vai ser responsável pela instalação, a Teresa e a Maria vão revezar-se

MADALENA - PARTE V

  " A minha Mãe está toda moderna!" goza o Gustavo, mas a Matilde dá-lhe dicas como formatar o texto e inserir fotos. Inclusive a Rita ajuda-a a melhorar o template do blog e a Madalena está muito satisfeita com o resultado. A Clarinha continua a protestar, mas, como ficou combinado que duas vezes por semana a Madalena é responsável pelo menu do café da loja, a Mãe deixa que a ajude a preparar os ingredientes. " Ajudei a Mãe a fazer isto!" declara a miúda e os irmãos riem-se, vais ser uma chef famosa. É uma profissão como qualquer outra, comenta o Pai. " Foi uma boa sugestão!" diz a Madalena à Rita num dia em que almoçam juntas. " A Teresa gosta muito do teu trabalho." informa a irmã " Agora que os dois estagiários terminaram o contrato, vai precisar da tua ajuda. Para já, não queremos contratar ninguém com carácter definitivo; a Teresa quer manter o ambiente familiar e está a resistir à ideia da expansão." " O que pensam os outros

MADALENA - PARTE IV

  A Matilde vai estudar para casa de uma amiga; por isso, só são os três. A meio da tarde, o António aparece na loja e oferece-se para levar os três miúdos até ao parque. Ainda bem que o faz, pois as duas estão bastante ocupadas. Quando o António chega, a Teresa está a fechar a caixa e a Madalena a arrumar a esplanada. O Inspector Bernardes aparece pouco depois das sete e, em vez de irem a um restaurante com os miúdos, resolvem comprar uma pizza e comer em casa da Teresa e do António. O Gonçalo adormece pouco depois de comer, a Sofia ainda petisca uma fatia de pizza e a Clarinha está toda satisfeita, pois deixam que coma sentada em frente da televisão. Os adultos conversam, a conversa é fluída, divertida e a Madalena acha por bem dar a noite como terminada quando as duas miúdas adormecem onde estão. " Que casal tão simpático!" comenta o António e pega na Sofia com todo o cuidado. " Sim, sim e a Madalena é muito competente. É afável com os clientes, está sempre pronta a a

MADALENA - PARTE III

  " Que tal o primeiro dia?" quer saber a Teresa e a Madalena sorri. " Interessante. Aprendi muito; isto está muito bem organizado e os estagiários são prestáveis, interessados, competentes." responde a irmã da Rita e é a vez da Teresa sorrir. " Vou ter pena quando o contrato deles terminar; para já, não posso ter empregados a tempo inteiro." explica a Teresa " A loja começa agora a ter lucro, mas ainda temos que ter cuidado. Não queremos perder tudo se avançarmos depressa demais." " Estou cá para ajudar. Os meus filhos já estão crescidos, mesmo a Clarinha, posso gerir o meu tempo de outra maneira." confessa a Madalena " Até amanhã, então." A Madalena ocupa a tarde a explorar o computador, em breve domina o básico e passado poucas semanas, até fala em criar um blog. " A que propósito? Sobre o quê?" ri-se o Gustavo e a Matilde dá-lhe um abanão, deixa a Mãe em paz, segreda. " Posso falar num certo jovem adulto que

MADALENA - PARTE II

A Teresa explica os objectivos da loja, a necessidade de conhecer bem os produtos e aconselha a leitura de certos artigos. A Madalena mostra-se interessada, faz perguntas pertinentes e fica combinado que trabalhará todas as manhãs e duas tardes por semana. Quem não gosta nada da ideia é o Gustavo, pois a primeira coisa que a Mãe faz quando regressa é pedir-lhe o computador " emprestado". " Porque é que não compras um para ti?" protesta e a Madalena fica a pensar no assunto. Pode fazer pesquisa sobre os produtos, ler a informação dos sites dos fornecedores da loja, até mesmo tirar um curso online. " Talvez devas começar por um curso básico de informática" aconselha a Rita " sei que tens alguns noções por causa dos teus filhos, mas deves aprofundar isso. Quanto ao PC, não te preocupes; há um no escritório que podes utilizar. " No dia seguinte, na loja só estão os dois estagiários, a Teresa tem uma pequena reunião, deve voltar antes das onze, dizem-

MADALENA

Em conversa com a irmã, a Madalena confessa-se aborrecida. O Gustavo e a Matilde são praticamente adultos e a Clarinha está tão ocupada com a escola e as actividades extra-curriculares. Foi uma pena não ter recomeçado a trabalhar quando se mudarem definitivamente para a cidade, mas aqueles primeiros anos com o Bernardes a trabalhar duramente para a promoção foram complicados e perdeu um pouco a noção das mudanças do mercado de trabalho. Agora, com a vida estável, os filhos com uma vida própria, sente-se a mais. " Estás a exagerar!" diz a Rita " Às vezes, invejo-te. Não tive filhos com o Raul pelas razões óbvias e agora com o Gonçalo é um pouco tarde." " Mas tens uma carreira que te permite ter uma certa liberdade." diz a irmã " Não me falta nada; mas queria um pouco mais." A Rita fica pensativa, a Madalena está um pouco desactualizada, pode frequentar algum workshop, resta saber o que ela quer fazer. Por coincidência, na reunião mensal da socieda

OS BEBÉS - FIM

 No entanto, todos concordam com o Miguel Primo. O Miguel bebé está muito mais sociável, talvez por causa do Matias e do Edgar que inventam uma série de jogos que só eles entendem, diz a Carolina, mas na verdade, mantém os bebés interessados. A Teresa concorda em parte, mas talvez seja porque o Miguel tem horas, rotinas e isso é fundamental na vida de um bebé. O Pedro está entusiasmado por ter o filho a viver com ele, até contratou uma governanta para manter a casa organizada. Quanto à Laura, sabe-se que está encantada com o novo emprego em Madrid. Resta saber até quando, observa o Gonçalo e a Rita repreende-o, deixa a rapariga em paz, ela precisa de crescer e talvez lhe faça bem estar sozinha. " Estou preocupado com ela!" confessa o Gonçalo ao irmão quando se encontram para jantar depois da sessão do Clube. " Também eu! Quando lhe pergunto se está tudo mesmo a correr bem, ela diz que pareço ser o Velho do Restelo, que está a aprender muito e as pessoas são formidáveis!&

OS BEBÉS - PARTE V

Mas o António não sabe o que responder; está cansado, quer gozar a noite. Os detalhes da conversa da Laura com os Pais são escassos: pode ir para Madrid, se quiser, mas terá que dar um curso intensivo à assistente para manter a empresa a funcionar e estar disponível para conversas via Zoom ou outra ferramenta para ajudar nos projectos a desenvolver. O Pai diz aos filhos, vocês têm que ajudar também, bem sei que têm as vossas próprias empresas, mas sabem como a Laura muda de ideias e quero que tenha aqui qualquer coisa para se manter "à tona". O Gonçalo não fica muito feliz, tem muito que fazer na empresa que gere com a Rita, mas não pode deixar o António a tratar de tudo sozinho. Quanto ao Miguel, o Pedro continua a opor-se a que vá igualmente para Madrid e propõe ficar com ele. A Laura não concorda, há uma nova discussão, envolvem os advogados, preparam-se para ir a Tribunal. Toda a gente acha que é uma tolice, o Pedro está preocupado com o que poderá acontecer em Madrid, se

OS BEBÉS - PARTE IV

  A discussão é longa e azeda, o Pedro e a Laura trocam acusações e o Gonçalo e o António sentem-se impotentes, pois o casal não os escuta. No fim da manhã, aparecem a Carolina, a Teresa e a Rita, igualmente preocupadas, pois ninguém atende os telemóveis e não conseguiram perceber a história confusa que a baby-sitter contou. O Gonçalo aproveita a vinda da Rita para dizer que precisa de fazer um intervalo, vai almoçar a um sítio " bonito" e depois volta. O António convida a Laura para almoçar, temos que conversar com calma, a irmã protesta, lá estás tu a interferir na minha vida! se te escutasses a voz da razão, não tinha que fazer nada, comenta o gémeo. A Carolina e a Teresa ficam com o irmão que descarrega toda a raiva que sente e lhes pede depois desculpa. Mas é natural que ele se sinta assim, a maior parte das decisões da Laura são unilaterais, e o Miguel é filho dos dois, a Laura não é mãe solteira. Entretanto, o Pai telefona para o Gonçalo, sabes onde está a tua irmã? nã

OS BEBÉS - PARTE III

  O António fica uns segundos sem falar, a Teresa não sabe se há-de acalmar os filhos ou telefonar ao irmão. " Pelos vistos, o Pedro "acampou" no patamar do andar dela, tem medo que a Laura fuja durante a noite..." continua o Gonçalo " Falei com ele há uns dez minutos, acho melhor irmos até lá; isto vai dar uma confusão!" " Dá-me quinze minutos!" decide o António e desaparece no quarto. A Teresa oferece um café ao Gonçalo, não te preocupes comigo, diz o cunhado, vai lá tratar dos teus filhos. Vinte minutos depois, os dois irmãos estão a entrar no carro, nervosos, nem falam um com o outro. Mas que ideia é esta? é o que lhe ocupa o pensamento. Quando chegam ao prédio onde mora a irmã, a confusão é total. Há vizinhos em roupão no hall de entrada, nas escadas, a protestarem contra o facto de terem acordado com a violenta discussão entre o Pedro e a Laura. A Laura saí geralmente por volta das sete da manhã para fazer uma corrida e depara-se com o Pedr

OS BEBÉS - PARTE II

 " Eu tenho a D. Guida, a Joana para organizarem a casa. A Filipa e o Miguel também ajudam muito, mas agora estão mais ocupados, têm mais responsabilidades. Mas tanto eu como o Gustavo tentamos estar em casa à hora do jantar, para estarmos com eles, sabermos as novidades. E, claro o fim de semana é sagrado; é para fazermos actividades juntos!" diz a Carolina. " Nós tentamos fazer o mesmo. Até nos revezamos a levá-los e a buscá-los à creche e não é a primeira vez, nem será a última que os levo para a loja se estou ocupada com alguma coisa importante. Uma vez por mês, contratamos uma ama para sairmos para jantar, ir ao cinema, etc." acrescenta a Teresa. " Mesmo ao fim de semana, a Laura deixa-o com a baby-sitter. Nem sempre me avisa, porque não é flexível nisso - o juiz diz que o vês em fins de semana alternados e às quartas-feiras." e o Pedro imita a voz da Laura o que faz as irmãs rirem-se. " Tenta conversar com ela, o Miguel pode ficar contigo todos

OS BEBÉS

  A Sofia, o Gonçalo e a Inês gostam de brincar juntos. Claro que há choros principalmente quando querem o mesmo brinquedo e alguém tem que intervir para restabelecer a paz, mas a maior parte do tempo, estão sossegados. O problema é quando o Pedro almoça lá em casa e leva o Miguel que está sempre de mau humor. É muito pouco sociável, tira os brinquedos e esconde-os. Os outros três ficam furiosos e a gritaria é tal que a Teresa e a Carolina resolvem conversar com o irmão. " O que é que se passa com o teu filho? Está sempre carrancudo, esconde-se..." diz a Teresa. " Nem todas as crianças podem ser perfeitas como as tuas!" responde o Pedro, um pouco agressivo. " Oh, Pedro, então? Não é nada simpático; a Teresa apenas te quer alertar para uma situação. Os miúdos. são todos diferentes uns dos outros, mas o teu filho parece estar sempre nervoso, sempre desconfiado e isso não é saudável numa criança que ainda não tem dois anos!" explica a Carolina. O Pedro senta-

MIGUEL - FIM

Como não respondo, a minha irmã saí do quarto. O Pai vai comigo à esquadra e a palestra é mais leve que as restrições que os Pais me impõem. Nada de saídas aos fins de semana, só para festas de família. Certificar-me que o Matias e o Edgar estudam as lições, tomam banho, etc. Organizar actividades para o tempo livre deles. Fazer um plano de estudos e manter as boas notas. Ajudar no que for preciso para que a casa e a família funcionem. O mais importante é conquistar novamente a confiança deles, dizem, só assim poderemos levantar as restrições, acrescentam. Não gosto, sou gozado pelos meus colegas, e vais obedecer? estranham, mas deixam-me em paz. Sou um explicador exigente, o Matias e o Edgar queixam-se, mas adoram os jogos que invento. Até deixamos a Inês participar num jogo, mas o que ela gosta mesmo é das cores dos blocos e torna-se difícil tirá-los. O Pai aprova o meu plano de estudos, a Mãe controla os meus trabalhos e a D. Guida faz-me os meus biscoitos favoritos. A Tia Teresa pe

MIGUEL - PARTE IV

  A casa da Beatriz tem um jardim e resolvemos continuar a festa lá. Na sala começa a ficar muito abafado e por isso, espalhamos-nos pelo jardim a beber, a falar e a rir alto. Os vizinhos do lado queixam-se, mas nós ficamos indiferentes e continuamos a divertir-nos como se não houvesse amanhã. O Rafael tenta beijar a Beatriz, o namorado desta não gosta e dá-lhe um soco.  O Rafael caí, levanta-se com dificuldade e há várias vozes que gritam" bate-lhe também". O Rafael assim faz e em breve, não se sabe quem bate em quem. Claro que os vizinhos chamam a polícia que aparece e tenta pôr ordem na confusão. A polícia quer saber os nossos nomes, avisam-nos que teremos que aparecer na esquadra para prestar declarações e os Pais da Beatriz, que tinham ido ao cinema e regressam naquele momento, dão a festa como terminada. Entro de mansinho em casa, felizmente os Pais não estão e a Joana não me vai denunciar. No dia seguinte, digo que a festa foi maravilhosa, mas não me lembro de que o Pa