Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2020

A OPORTUNIDADE - O FIM

" Primeiro, gritou, chamou-nos todos os nomes possíveis e imaginários e depois desatou a chorar..." conta o António à Teresa nessa noite " Só então, é que soubemos que a empresa onde trabalha de manhã em part-time a dispensou, está a ser um esforço pagar as contas..." " Mas porque é que ela não falou com o Pedro ou mesmo contigo? " interrompe a Teresa " O meu irmão nunca lhe negaria ajuda!" " Foi exactamente isso que o Pedro disse. Além disso, não está a dormir bem, está a auto-medicar-se e isso não é..." responde o António. " E agora? " pergunta a Teresa e o António explica que o Pedro achou melhor não a deixar sozinha. " Por isso, levou-a para casa dos vossos Pais; a tua Mãe pode ajudar. Além disso, vai marcar consulta com o médico dela e depois vê-se..." esclarece o António " Agora, tenho que contratar uma empresa para limpar aquele apartamento." " Não te preocupes com isso.&qu

A OPORTUNIDADE - PARTE V

O silêncio é total e o choque é total quando o Pedro acende a luz. Nunca na vida o apartamento esteve tão desarrumado! Roupa espalhada por todo o lado, comida já estragada esquecida na mesa e a televisão ainda ligada. A Laura está deitada no sofá, a ressonar ligeiramente. O Gonçalo abre uma janela, é necessário que o ar circule e o António pousa a mão no ombro da Laura. O Pedro desliga a televisão e fica ali parado, sem saber o que fazer. A Laura acorda, resmunga o que se passa? quem é? e o António responde: " Somos nós, queremos falar contigo! Mas primeiro vai tomar um chuveiro para ver se acordas!" " António? Mas o que estás aqui a fazer? " mas o irmão aponta o caminho para a casa de banho. O Pedro começa a recolher os pratos e a levá-los para a cozinha tão suja como o resto do apartamento. Como é que a Laura consegue viver assim? Sempre teve a casa impecável e desleixar-se a este ponto... não, não deve estar nada bem. O G

A OPORTUNIDADE - PARTE IV

O Pedro não quer acreditar no que a irmã está a dizer. Mas o que se passa com a Laura? Não deve estar nada bem para ter este tipo de atitudes. " Tive pena do meu irmão!" conta a Teresa ao António nessa noite ao jantar " Ficou preocupado, desapontado... Fiquei sem saber o que dizer para o consolar!" " Também eu estou preocupada com a Laura. Sei que ela tem atitudes infantis, irresponsáveis, mas isto está realmente a ultrapassar os limites." confessa o António " Não sei mesmo o que devo fazer..." " Porque não tentas falar novamente com ela? " sugere a Teresa " Talvez ela esteja mais calma e compreenda o ponto de vista dos outros." Mas a Laura recusa-se a falar com o António e muito menos com o Pedro que fica muito ofendido. Não perdeu ainda a esperança de uma reconciliação, diz a Teresa, mas o Gonçalo resmunga que só se for doido é que volta para a Laura. Oh, Gonçalo, não estás a ser nada caridoso,

A OPORTUNIDADE - PARTE III

" O quê??? A Laura acordou-te às seis da manhã porque não concorda com o que decidi fazer??? Mas ela está parva ou faz-se?" comenta o Gonçalo quando almoça com o António uns dias depois. O cliente adorou o projecto, o Banco aprovou o pedido de empréstimo e a Rita encontrou o escritório perfeito perto da casa dela. As coisas estão a correr bem, o Gonçalo não precisa de alguém mal humorado a contrariar os objectivos, muito menos a irmã.  Supostamente, devia apoiá-lo, não incondicionalmente, pois tem o direito à sua opinião, o Gonçalo não questiona, mas fazer cenas deste género não! " Ela está preocupada..." observa o António " Não, a Laura está a exagerar. Como é habitual!" " Sempre gabei a paciência do Pedro! Deve ter atingido o limite." diz o Gonçalo. " Creio que a Teresa também pensa isso, mas não o diz abertamente. Para não me ofender... Mas sempre vais avante com a ideia de trabalhares a tempo inteiro com a Rita?

A OPORTUNIDADE - PARTE II

A Laura saí, bate com a porta sem qualquer respeito pelas pessoas que estão ainda a dormir. " Esta minha irmã cansa-me." confessa o António " Qual é o problema do Gonçalo arriscar e fazer qualquer coisa nova?" " Inveja? " sugere a Teresa " Neste momento, a vida da Laura está complicada. O Pedro separou-se dela, a loja online não foi avante..." " Mas todos nós temos revezes na vida e temos que continuar... Não podemos ficar parados e a lamentar o que podia ter acontecido!" suspira o António. " Nem todos encaram as coisas dessa forma tão filosófica!" diz a Teresa sensatamente. " Mas a Laura está a exagerar! Tenho que conversar com o Gonçalo!" repete o António. " Então, não sabias que o Gonçalo estava a pensar em " dar o salto" ? " pergunta a Teresa, sorrindo e pensando que esta família é cheia de surpresas. " O Gonçalo falou nisso por alto e eu disse-lhe para avanç

A OPORTUNIDADE

A Teresa e o António acordam sobressaltados. O António vê as horas, valha-me Deus, são seis da manhã, quem será? e levanta-se. A Teresa é mais lenta e quando chega ao hall, a Laura já lá está e a falar tão depressa que ninguém percebe nada. " Tem calma, Laura e diz-me o que se passa de tão grave para me acordares às seis da manhã!" pede o António, já a pensar o pior. O Pedro teve um acidente, pensa a Teresa de imediato e tem que se sentar, pois sente um peso no peito que não a deixa respirar. " Já falaste com o nosso irmão? " pergunta a Laura e a Teresa respira novamente. Mas o que se passa com o Gonçalo? " Não, não falei com o nosso irmão. Mas o que ele fez não deve ser assim tão grave para tu me acordares às seis da manhã!" responde o António. " Vai despedir-se e trabalhar a tempo inteiro com a tal Rita. Não é de loucos?" explode a Laura. O António relaxa e diz calmamente: " Qual é o problema? Sei que

O FIM DE SEMANA - FIM

" Calculo que não esteja! E as outras pessoas? " diz a Rita e a Cristina explica que não renovaram os contratos a termo certo, dispensaram os estagiários e os outros estão a trabalhar nos locais onde há falta de pessoal. " Ninguém nos diz nada, não sabemos o que pretendem fazer." queixa-se a Cristina " A Dra Rita está a trabalhar? Não pode falar com os responsáveis e recomendar-me? " " Estou a trabalhar como freelancer, Cristina e neste momento, não tenho lugar para si. Posso falar com algumas pessoas que conheço, talvez a possam ajudar." promete a Rita " Isto tudo deve ter sido obra do Dr Nunes, não foi?" acrescenta. " Provavelmente, não digo que não, mas não sabe que ele foi suspenso?... não, não foi desvio de dinheiro...." apressa-se a esclarecer a Cristina " Ao que parece, há uma queixa de assédio contra ele." " Recente? " interrompe a Rita, mas a Cristina não tem a certeza. "

O FIM DE SEMANA - PARTE VI

Já em casa, a Rita duvida se tomou a decisão certa, talvez devesse ter ficado e enfrentado o Dr Nunes. Talvez ele se cansasse e a deixasse em paz, mas está provado que a prejudicaria profissionalmente se resistisse e seria sempre a palavra dele contra a dela. Por isso, o que vou fazer? Trabalhar como freelancer, abrir uma empresa? Há pessoas com quem deve falar, tem a certeza de que a vão ajudar e passa a tarde ao telefone. Entretanto, o Bernardes descobre que há uma série de queixas arquivadas contra o Dr Nunes. A vítima acaba por retirar a queixa de assédio moral e sexual, talvez ele lhe ofereça dinheiro, o Bernardes não sabe. " Então, esse Dr Nunes é um idiota. " diz a Madalena " Mas ninguém descobriu isso? Ele ocupa um cargo importante...." " Por ocupar um cargo importante é que o faz e sabe que fica impune se oferecer dinheiro à vítima." explica o Bernardes " A Rita teve sorte... embora prejudicar-se profissionalmen

O FIM DE SEMANA - PARTE V

" Quando ele diz que sei muito bem como resolver o impasse profissional... não havia mais nada a discutir." conta a Rita à Madalena mais tarde " Dei como terminada a reunião, ele só se ria e apresentei a minha demissão." " Oh, Rita, não fizeste isso! Trabalhaste tanto para conseguir a promoção... Falavas com o Bernardes, ele melhor que ninguém sabe como lidar com esse tipo de situação!" observa a irmã. " Não, acho que tomei a decisão correcta. Se a empresa não valoriza o meu trabalho, tenho que sair. Não vou deixar que aquele idiota controle a minha vida pessoal e profissional. " insiste a Rita. " Não lhe estarás a dar a vitória de bandeja? Porque é um desperdício abdicares de uma carreira brilhante e por causa de um homem que é um idiota!" diz a Madalena. " Talvez... mas não quero andar em guerras. Agora tenho a certeza de que isto é um jogo para ele, não sou um troféu para ele conquistar e deitar fora." repe

O FIM DE SEMANA - PARTE IV

" Fiquei a impressão de que ele fez de propósito..." desabafa a Rita com a Madalena " Porque é o meu departamento, eu é que sou responsável pela gestão e pelo pessoal. Tenho que coordenar a minha gestão com as regras da empresa, mas tenho que ser ouvida." " Esse homem é um idiota para não dizer pior...." concorda a Madalena " Mas não será melhor falares com o Bernardes? Isso de dizer que não vai desistir... preocupa-me." " É melhor não....Vamos ter calma e ver o que ele faz... Não acredito que ele me vá perseguir." responde a Rita. Mas é exactamente isso que o Dr Nunes faz. Nas reuniões de trabalho, o Dr Nunes veta qualquer proposta que a Rita apresente a ponto do Director Geral pedir para resolverem os " quaisquer problemas que tenham para o bom funcionamento da empresa." " Mas da minha parte não há qualquer problema!" protesta a Rita " Estou a cumprir o orçamento prevista, não sei porque

O FIM DE SEMANA - PARTE III

A Rita está cansada naquela manhã, mas prepara uma pequena lista com sugestões que lhe parecem ser viáveis para a reestruturação do departamento. Contudo, o Dr Nunes rejeita-as, nem as quer discutir, desculpando-se com o facto da Dra Rita não estar a entender a minha política que, para resultar, implica sacrifícios tanto de pessoal como de projectos. Não, contesta a Rita, é o Dr Nunes que não está a entender que treinei estas pessoas e agora tenho que lhes dizer que estão dispensadas??? Não é tão simples como o Dr acha que é. O Dr Nunes ri-se, a Rita fica ainda mais furiosa e o Administrador acha melhor interromper a reunião. Quero as vossas propostas para a reestruturação do Departamento na minha mesa amanhã até ao final do dia, eu vou analisar e decidir qual é a melhor, diz. O Dr Nunes fica contrariado, a Rita está aliviada e começa a guardar os documentos na pasta. " A Rita não pode levar isto tanto a peito!" comenta o Dr Nunes " Compreendo q

O FIM DE SEMANA - PARTE II

" Agora é que não entendo nada! " queixa-se a Madalena " Afinal, com quem estás a sair? Não é com esse tal Dr Nunes, o Director do Departamento Financeiro?" " Sim, sim... mas continuo a ser amiga do Gonçalo. E, sim, tive um caso com ele, mas agora somos amigos, colegas de trabalho." acrescenta ao ver a expressão perplexa da irmã. A Madalena fica calada, não sabe bem o que dizer, mas entretanto a Clarinha chega e exige toda a atenção da Rita. Depois do jantar, quando os miúdos estão nos respectivos quartos, a Madalena conta o que se está a passar ao Bernardes. " Se calhar, a Rita e esse tal Gonçalo chegaram à conclusão que é melhor serem amigos do que amantes. Não disseste que ele é mais novo do que a Rita?" pergunta o inspector. " Sim, mas custa-me a acreditar que a Rita tenha tido um caso com um homem mais novo!" responde a mulher " A Rita é tão viva, tão ... " " Sensual? " sugere o marido " Tal

O FIM DE SEMANA

" Vá lá, conta-me tudo... Até os detalhes mais eróticos!" pede a Madalena. A Rita ri-se. Está mais bonita, repara a irmã, o novo corte de cabelo favorece-a. " É bom. Um pouco ríspido, mas sabe o que quer, apresenta as ideias de forma coerente... É um bom profissional!" repete. " Não foi isso que perguntei!" protesta a Madalena " Vocês têm saído juntos, não aconteceu nada? " " Nada de especial... Temos jantado juntos, é um facto, trocamos uns beijos... mas para já é tudo..." confessa a Rita e ao ver a expressão da irmã, ri-se e continua " Convidou-me para passar o fim de semana com ele numa quinta de turismo rural." " Ups! Isto está a ficar sério!" interrompe a Madalena " E quando vais? Onde é?" " Calma, ainda não aceitei." diz a Rita " Está a ser tudo muito rápido." " Por amor de Deus! Anda para a frente, esquece o que aconteceu com o Fernando." di

A PERSPECTIVA - FIM

A Laura aceita mal a relação do irmão com a Teresa e insiste que ela o vai destruir, como a Graça, vais ver, diz-me. Fico furioso, a Teresa é incapaz de magoar os outros deliberadamente, friso, mas a Laura não quer ouvir. Dou por mim a sair de casa, a dar voltas ao quarteirão de carro e acabo por parar à porta da casa dos meus Pais. Ficam surpreendidos por me verem, percebem que estou agitado e aconselham-me a dormir, vais ver que amanhã, a perspectiva da situação é diferente, repetem. Acordo tarde e mal disposto, a Mãe diz que já telefonou para a empresa a avisar que tive um problema pessoal e não vou trabalhar. Ouvem atentamente o que tenho para dizer, concordam que a atitude da Laura é disparatada, devia estar contente por ver o irmão feliz, acrescentam. O que devo fazer? Isso és tu quem decide, afirmam e eu resolvo voltar para casa, conversar uma vez mais com a Laura. O Gonçalo está lá, o António deve estar a chegar, estamos a reunir o Gabinete da Cris

A PERSPECTIVA - PARTE VI

O Gonçalo interrompe-nos, a Teresa reclama a atenção do António e todos parecem estar divertidos. Todos menos a Laura que continua de mau humor e até o meu Pai, quando se despede me pergunta discretamente se as " coisas estão bem entre ti e a Laura." Sinceramente não sei e a discussão é de tal maneira azeda que volto a dormir no quarto de hóspedes. " Acho que vou arrumar lá umas coisas... Começo a passar lá muito tempo... " queixo-me à Teresa no dia seguinte. A minha irmã fica calada por uns minutos e depois pergunta-me: " Afinal, o que é que a Laura quer? Porque é que não gosta de mim? " " Os Anjos te respondam... porque eu não sei!" respondo. " Não quero que tenhas problemas com ela por minha causa." diz a minha irmã. " Isso está fora de questão!" protesto " A Laura não vai interferir na relação que tenho com a minha família." " Sei que ela não concorda com o meu estilo d

A PERSPECTIVA - PARTE V

A Teresa vem ao jantar. Na companhia do António, uma surpresa para a Laura. A Teresa cortou o cabelo, a madeixa agora é cor de rosa. Talvez em atenção ao António, escolheu um elegante conjunto de calças e túnica. Entrega-nos um bolo, uma receita nova da Margarida, diz, e a Laura nem obrigado diz. A Teresa sorri, coloca o bolo na mesa das sobremesas e volta com duas taças de champagne. Dá uma ao António, vou falar com os Pais, explica e afasta-se. A Laura continua calada, aperto-lhe o braço, sussurro " nada de fazer uma cena agora.". A minha mulher tira a minha mão do braço e desaparece na cozinha. " Ufa! Esta tua irmã... " desabafo. " Está a ser muito pouco razoável. Tentei falar com ela, mas... não gosta da tua irmã e não diz porquê." confessa o António " Em contrapartida, a tua irmã é muito discreta, estava toda preocupada, porque não sabia se a Laura ia gostar do bolo." " Coisa típica da Teresa! Foi s

A PERSPECTIVA - PARTE IV

A Carolina sorri, também está divertida e eu deixo-me contagiar pelo ambiente descontraído que ali reina. A loja parece saída do século passado (o António conta-me mais tarde que a Teresa e os sócios trataram de tudo desde a limpeza da loja até à instalação dos móveis com a ajuda de amigos) e a única nota de modernidade é a caixa registadora. A minha irmã está feliz, os meus sobrinhos ainda mais e até levam panfletos para distribuírem na escola, pois querem contribuir para o sucesso da loja, dizem. A Laura continua amuada, não me pergunta nada quando regresso e decido ignorar. A Teresa é um assunto tabu entre nós, a Laura quer excluí-la da lista de convidados para o jantar na semana seguinte e isso é a gota de água. Telefono ao António, conto-lhe o que se está a passar e peço-lhe que converse com a irmã. " Estou cansado... às vezes, a tua irmã tem atitudes tão infantis e a minha paciência tem limites." confesso. " Não sei se vai adiantar mui

A PERSPECTIVA - PARTE III

O António concorda em se encontrar com a Teresa e os amigos para discutir o novo projecto. " É muito simples, muito bem pensado..." diz mais tarde " Além dos vegetais e da fruta da época, também tencionam vender ovos caseiros e compotas caseiras. Já pensaram num logótipo, vai ser tudo feito artesanalmente." " Então, achas que é de investir? " insisto e o António acha que não haverá qualquer problema. " A tua irmã Teresa parece ser uma pessoa criativa. Também lhes disse que posso encarregar-me da contabilidade da loja." acrescenta o meu cunhado. Falo novamente com a Carolina, propomos um valor que a Teresa aceita. A única coisa que pedimos é que aceite a proposta do António e este seja o responsável pela contabilidade. " Sim, sim, já discutimos isso e estamos de acordo. E não se preocupem, porque eu pago tudo...Posso demorar seis meses, um, dois anos, mas pago tudo!" garante. " Nós sabemos!" afirma