Mensagens

A mostrar mensagens de 2017

LEANDRO E O NATAL - PARTE III

" Ok, alguém verificou a informação? " pergunta Leandro, abrindo o processo. " Oh, inspector, é Natal. Só tomamos conta da ocorrência; ainda não confirmamos nada." responde o Alcides. "  Pois.... " murmura o inspector " Se alguém tivesse confirmado a informação, saberia que a Travessa do Laço é pouco dada a participar este tipo de ocorrência.... " Alguém bate à porta do gabinete e o sargento de serviço entra sem esperar resposta. " Inspector Leandro, descobrimos um corpo na mala do carro. A equipa quer falar com o inspector antes de o remover."  " Um corpo? " repete Leandro e levanta-se de imediato. O Alcides e o sargento seguem-no, curiosos. Uns minutos depois, olham os três para o corpo de um homem, com cerca de 30 e poucos anos, que a equipa tira com todo o cuidado e coloca em cima de uma maca. A máquina dispara e Leandro aproxima-se. A camisa está rasgada e ensopada de sangue, os braços estão

LEANDRO E O NATAL - PARTE II

" O quê??? Um carro entrou pela esquadra dentro??? Quando é que foi isso??? " repete Leandro, mas Alcides está tão perturbado que o inspector não pede mais detalhes. Enfia o casaco, pega nas chaves e desce até à garagem. Meia hora depois, está na esquadra de Benavente e depara com uma cena caricata. A porta, de vidro, está estilhaçada e o carro parou mesmo em frente ao balcão do atendimento. O sargento de serviço não sabe o que pensar, está ali parado sem tomar qualquer atitude e fica aliviado quando vê o inspector. Este aproxima-se do carro e tenta abrir a porta. Mas esta está bloqueada e Leandro olha em volta. Dir-se-ia que a Fada Má passou por ali e transformou os homens em estátuas de gelo. Ninguém fala, ninguém toma a iniciativa. " Então? Alguém chamou a equipa forense? " pergunta o Leandro " O carro não veio parar aqui sozinho... Alcides, toma nota da matricula.... E, sargento, chame a equipa de manutenção, alguém tem que limpar

LEANDRO E O NATAL

Este ano, o Inspector Leandro não se importa de passar o Natal sozinho.   Não entende muito bem esta ânsia de querer estar sozinho a meditar, mas está um pouco cansado das pessoas. Talvez porque viu demasiada maldade... e desconfie de tudo e de todos. Por isso, não reage quando lhe dizem que estaria de piquete na Véspera. O pessoal da esquadra vai organizar uma ceia, mas ele prefere ficar em casa, com o telemóvel ligado. Prepara uma ceia agradável, escolhe como música de fundo uma " Lied" de Schubert e senta-se em frente da lareira a beber um gin-tónico. Na esquadra, os rapazes devem já estar um pouco bebidos, pensa... e adormece. Acorda uma hora depois assustado com o telemóvel. " Sim, o que se passa?.... Calma, Alcides, não estou a perceber nada..." pede. CONTINUA

NATAL

Imagem
O " Minha Página" vai fazer umas férias.... Vai sonhar com a neve ou partir para um local exótico.... Mas volta na próxima semana....  Com uma nova história.... Se começa pelo fim e acaba no princípio....  Surpresa.... A todos que me acompanham, um FELIZ NATAL.....  A foto é minha... Tirei-a com o telemóvel....

A VILA - FIM

Depois de uns minutos de pânico, a Teresa telefonou para o INEM. Quando este chega, declarou o óbito e, tal como a lei exigia, comunicou o caso à GNR. A morte do José foi tratada como "morte suspeita" e não como homicido como um dos GNR's disse ao Filipe Paixão. Mas a Tia Madalena não quis saber; dizia que a Teresa era a culpada, podia negar as vezes que quisesse, mas era amante do Joaquim e os dois eram cúmplices. O Filipe tentou acalmar os ânimos e chamou-lhe a atenção de que a Teresa estava ausente há mais de um mês e o Joaquim tinha-lhe pedido ajuda para vender o negócio. O Joaquim e a Renata Sofia tinham decidido que estava na hora de viverem juntos e optaram por comprar uma casa numa vila mais próxima da cidade. Daí, o Joaquim ter contactado o Filipe para o ajudar na transferência do negócio e na venda da oficina. " Ah, ah... Acredita nisso, Sr Paixão? "  riu-se a Tia Madalena " Ela nunca me enganou... Aquela sonsa, com a mania

A VILA - PARTE VII

" Temos mesmo que falar!" decidiu a Teresa " Falar sem intermediários... Nada de Padre António, Filipe ou Tia Madalena." Por isso, foi no último autocarro; o José não lhe negaria guarida por uma noite e discutiriam tudo o que havia para discutir. A mercearia já estava fechada quando chegou, mas também já passava das dezanove horas e não ficou surpreendida. O que a surpreendeu foi a porta da casa não estar fechada à chave e não haver luzes. Tocou, mas como o José não atendeu, resolveu entrar com a chave. Felizmente, o José não tinha mudado a fechadura. Subiu as escadas, não havia luzes na sala nem a televisão estava ligada.  " Que estranho!" pensou " Se calhar, mudou de hábitos e vê as notícias mais tarde!"  Como havia luzes na cozinha, foi até lá. " Olá, Jos... " mas a saudação morreu, pois o marido estava caído no chão e saía sangue de um ferimento na cabeça. " AI..." o grito espalhou-se

A VILA - PARTE VI

Na loja/galeria confirmaram que sim, vendiam à consignação os bonequinhos da Teresa. Infelizmente, não podiam dar o contacto dela, porque, há cerca de uma semana, dez dias, a Teresa tinha retirado os bonequinhos da galeria e cancelado o contrato. Ferida com a hesitação do Gonçalo, a Teresa ponderou os prós e contras da situação e resolveu alugar um pequeno estúdio numa outra zona da cidade. Perto do estúdio, havia uma loja de artesanato que se mostrou interessada na colecção que apresentou e a Teresa não hesitou. Arregaçou as mangas e começou a preparar uma nova colecção. Sabia que tinha que resolver a situação com o José, mas estava relutante em voltar à vila. O José continuava desanimado e, se não fosse o Padre António a dizer-lhe que estava a ser egoísta e não podia pensar só nele, a mercearia continuaria fechada. Por isso, o José lá abria a loja, controlava as vendas, as entregas do fornecedores, mas pouco mais fazia. Até ao café deixou de ir; ficava e

A VILA - PARTE V

Na vila, o Padre António tentava animar o José que estava ainda de pijama e com a barba por fazer. Na loja, com o pretexto de dar uma ajuda, a Tia Madalena embelezava a história. " Quem diria que a Teresa era uma falsa? Deixar assim o homem... A esta altura, ela e o Joaquim estão a rir-se do pobre do homem..."  Mal ela sabia que o Joaquim estava numa outra cidade a instalar o equipamento de som para actuar naquela noite. A Renata Sofia ia ter com ele e passariam o fim de semana juntos. " Não sei como vamos resolver a situação... Não sabemos onde está a Teresa e o José não a quer procurar e esclarecer o assunto." confessou o Padre António ao Filipe Paixão naquela noite ao jantar. O Filipe tinha ficado surpreendido com o convite do Padre, mas este explicou-lhe que precisava de companhia " sensata". O "Don Juan" não se considerava uma pessoa sensata; tinha fama de correr atrás de tudo o que tivesse saias, mas o Padre sa

A VILA - PARTE IV

No dia seguinte, o Joaquim carregou o equipamento de som e partiu para cumprir "compromissos profissionais". Foi o que bastou para alguém dizer que ia ter com a Teresa. O Padre António ouviu e aconselhou severamente quem estava presente a reflectir no perigo de " levantar falsos testemunhos". Mas ninguém prestou atenção, pois a história estava a tornar-se interessante, tanto mais que o José não tinha aberto a mercearia. Nesse momento, a Teresa contava tudo o que se tinha passado ao Gonçalo que a escutava boquiaberto. A Teresa estava entusiasmada, cheia de planos e precisou de uns minutos para perceber que Gonçalo estava muito calado, muito distante. " Não estás contente? " perguntou-lhe e o gerente da loja/galeria fez um esforço para explicar claramente o ponto de vista. " Não... Quero dizer, os teus planos são fantásticos, mas ...." hesitou, mas a Teresa interrompeu-o de imediato: " Não queres fazer parte d

A VILA - PARTE III

A Tia Madalena tinha razão num ponto: tanto a Teresa como o José tinham um caso... Mas não era um com o outro. A Teresa estava envolvida com o gerente da loja/galeria de artesanato onde vendia as suas peças e o José estava apaixonado pela Renata Sofia que conhecera numa festa onde actuou como DJ. A razão da boleia foi porque se encontram os quatro um dia na entrada do mesmo motel e, como nenhum dos dois queria que houvesse falatório, tiveram que conversar sobre o assunto e decidir uma estratégia. Entretanto, o Filipe Paixão tentava falar com o José "Electro" sobre o que se tinha passado na mercearia. Mas o José encolheu os ombros e disse simplesmente: " O que se espera de um homem que casou tarde e com uma mulher mais nova? Ciúmes idiotas." " Pois é... A Teresa é boazona!" riu-se o Filipe " Mas não dá trela e olha que eu tentei." José riu-se também e pensou que talvez não fosse má ideia contar ao Filipe. Mas calou-se

A VILA - PARTE II

A Tia Madalena pode dizer muita coisa, mas a verdade é que toda esta história começou quando o José acusou a Teresa de o trair com o Joaquim "Electro" Pirata. A Teresa negou veementemente; o Joaquim apenas lhe deu boleia, mas o José não acreditou e partiu alguns dos objectos de barro que ela estava a preparar. A Teresa enfureceu-se e deitou ao chão as caixas de tomates e peras que tinham recebido naquela manhã. O José gritou, chamou-lhe " leviana, gastadora" e no meio da confusão, o Joaquim entrou para mudar, como combinado, o fusível do quadro. O merceeiro atacou verbalmente o Joaquim, que, espantado, sem entender a fúria do outro, nem reagia. Se não fosse o Filipe Paixão, que, apesar da fama de Don Juan, era um homem ponderado intervir com a ajuda do Padre António, sabe-se lá o que aconteceria. Isto era a opinião da Tia Madalena, que, a pretexto de ajudar a Teresa, entrou também na mercearia. " Estava tudo no chão!" contou e

A VILA

LISTA DOS PERSONAGENS PRINCIPAIS: José Tareco - o dono da mercearia da vila Teresa Tareco - a mulher e artesã Joaquim " Electro" Pirata - o electricista e DJ nas horas vagas Filipe Paixão - o "Don Juan" da vila Tia Madalena - a "sabe tudo" ======================================================================= " AI...." o grito correu pela noite tranquila, mas ninguém abriu a porta e espreitou. Sabiam muito bem quem estava a gritar e porquê. Segundo contava a Tia Madalena, a Teresa merecia tudo o que estava a acontecer. Ainda bem que o José tinha tomado uma atitude; aquilo era um escândalo... Ouviu-se uma sirene e todos se interrogaram: " A policia aqui na vila? A esta hora? Porquê? " mas apenas o Filipe Paixão abriu a porta e, ousado, perguntou a um dos GNR: " O que aconteceu? " " Um homicídio. Volte para dentro, se faz o favor." pediu, carrancudo, o GNR. O Filipe fecha a porta co

O ROUBO - FIM

Aos poucos, o Zé Manel organiza o serviço de forma clara e eficiente. Raramente se fala agora do Meireles e até acham que o ambiente está mais calmo. Até à noite que o alarme toca... A empresa de segurança acorre de imediato, mas está tudo tão sossegado que pensa ter sido um curto circuito. Contudo, resolve fazer uma ronda e verifica que a porta do escritório está apenas fechada no trinco; não está bloqueada como habitualmente. Avisa a Central que entra em contacto com um dos Gerentes que se desloca até lá. Percorrem todas as secções sem encontrar qualquer sinal de distúrbio. " Pode ter sido um curto circuito? " questiona o Geren te , mas estaca ao entrar no Departamento de Contabilidade. O cofre está aberto e completamente vazio. O segurança pede para ligarem à Polícia e o Director telefona ao Director Financeiro. Quando sabem no dia seguinte, nem o Gonçalves nem o Zé Manel têm dúvidas de que foi o Meireles quem concebeu o roubo. O Fr

O ROUBO - PARTE III

Zé Manel não sabe bem o que fazer. Pediu cotações a diversos transportadores e os preços indicados são consideravelmente mais baixos dos que estão nos processos do Meireles. " Oh, pá, não entendo isto. Contactei 5 transportadores inclusive a que o Meireles utilizava, recebi 5 propostas e a diferença entre elas é de 15 a 20 EUR. Mas... " e abre uma pasta " olha a proposta que o Meireles recebeu há cerca de dois meses para a mesma carga." Gonçalves examina o documento cuidadosamente bem como o Freitas, o assistente financeiro. " O Meireles andava a receber por fora? Ou estou a compreender tudo mal? " pergunta o Zé Manel. " Não, estás certo na tua análise." responde o Gonçalves e o Freitas suspira. " Já desconfiava disto, mas a gerência quis ter mais provas e quando o Meireles se quis ir embora, aceitaram logo. Para não haver processos disciplinares, advogados, etc.." confessa. " O que é que eu faço?" re

O ROUBO - PARTE II

A gerência confirma a saída e o Meireles, feliz e contente, começa a passar os processos ao Zé Manel. O Zé Manel não está nada satisfeito, pois queixa-se que a informação está desorganizada e incompleta. Além disso, o Meireles confirma muita coisa verbalmente e isso origina uma certa confusão. Quando confrontado, o Meireles encolhe os ombros e diz, irónico: " Um rapaz tão inteligente como tu resolve isso num instante!!!" " Recomeça do zero!" aconselha o Gonçalves. " E, o que faço quando o cliente disser que não combinou aquilo com o Meireles? " pergunta, desesperado, o Zé Manel. " Pede desculpa, faz nova proposta, combina outras condições de pagamento, desconto." sugere o Gonçalves. O Zé Manel acalma e decide proceder como o Gonçalves sugere. Há clientes que aceitam as novas propostas, mas outros ainda exigem falar com o Meireles. Só quando lhes é dito que é impossível, é que concordam em receber as novas propost

O ROUBO

" Está decidido! No Natal, vou-me embora!" anuncia o Meireles naquela manhã. " Aos anos que dizes isso! Só acredito quando a gerência me informar!" responde sensatamente o Gonçalves. Os outros riem. Conhecem muito bem o Meireles; quando se depara com um obstáculo, desiste de imediato e faz grandes discursos sobre o que faria se fosse ele a decidir. " Não acreditas??? É a pura verdade!" insiste o Meireles, mas o Gonçalves encolhe os ombros. Está um pouco farto de queixas; principalmente as do Meireles, que está sempre a criticar os outros e é incapaz de admitir que o erro pode ter sido dele. A única coisa boa é que esquece rapidamente o que diz. Por isso, quando a gerência confirma que o Meireles vai sair no Natal, o Gonçalves fica estupefacto. " Tem a certeza? Ele vai mesmo sair no Natal? " repete. CONTINUA

A CONFUSÃO - O FIM

O sócio em Londres não considerou a ausência do Paulo alarmante; talvez tivesse tido uma reunião de negócios fora e não teve tempo de avisar. " Sem avisar a mulher? " era o que a expressão do Leonardo dizia, mas continuou a ouvir as instruções, sem interromper. Quando desligou, confidenciou: " Isto está cada vez mais estranho! A mulher não sabe de nada, não recebi qualquer mensagem dele a pedir-me para tomar conta do bar... Este diz para trabalharmos como normalmente...Muito estranho!"  Encolhi os ombros e voltei para o meu posto. A noite decorreu calma e às oito e meia de manhã, lá estávamos nós no Banco a fazer o depósito das duas noites. Antes de ir para casa, comprei o jornal e lá estava em letras gordas: " HOMEM MORTO NA VIELA TRABALHAVA PARA O BANDO DO COMBOIO " e por baixo, a foto do tal indivíduo. A notícia continuava com o biografia do sujeito, as ligações ao bando e avançava com algumas razões para a morte. Dizia também que estava

CONFUSÃO - PARTE IV

Mas o Paulo não apareceu nessa noite... Felizmente, o Leonardo sabia a password do cofre e pudemos tirar dinheiro. Ficamos um pouco surpreendidos por ver que o Paulo não tinha depositado o "caixa" d o dia anterior . " Eh, pá, vamos ter que esperar até às oit o e meia e depositamos tudo." pediu-me o Leonardo. " Não será melhor telefonarmos? Ele pode estar só atrasado..." sugeri e o Leonardo fez a c hamada do fixo. " Boa noite, posso falar com o Paulo? É d o bar, o Leonardo." disse polidamente . Quem respondeu também não sabia do Paulo e aconselhou -nos a contactarmos o outro sócio do Paulo. " Mas esse não está em Londres? " comentei e o Leonardo, tão baralhado como eu, acenou que sim. Tivemos que vasculhar a secretária do Paulo, mas lá se encontrou o n ú mero de telefone do sócio, de quem pouco ou nada sabíamos . CONTINUA    

A CONFUSÃO . PARTE III

Fui petiscar qualquer coisa com o Leonardo antes de apanhar o Metro. Quando cheguei a casa, adormeci de imediato e acordei por volta das três da tarde, porque o elevador avariou e o sinal de alarme disparou. Fiquei mais uns minutos na cama, a pensar na vida. A pensar se devia ou não continuar a trabalhar à noite. Mas a noite é fascinante e não me adaptaria ao ritmo do dia. Talvez pudesse abrir o meu próprio bar ou uma empresa de segurança. Tinha que pensar nisso a sério, mas entretanto, o Leonardo telefonou-me e desafiou-me para uma corrida. Quando regressei, já passava das sete e tive que me apressar, pois ia jantar com a minha Mãe. Não notei nada de anormal no bar ao picar o ponto às dez. Não estava cheio, ainda era cedo e por isso, resolvi ir até à cozinha. O Leonardo fez-me sinal de imediato e saímos para o corredor. " O que foi? " perguntei. " Sabes, aquele individuo? Aquele que o Paulo foi levar a casa? " e continuou, quan

CONFUSÃO - PARTE II

Avaliei a cena rapidamente e houve qualquer coisa que não est ava bem. Talvez tenham sido as risadas abafadas dos assistentes ou a expressão irônica da mulher em questão. Como quem diz: " Oh, por favor, estamos no século passado? O homem está apenas bêbado." Ajudei-o a levantar e ouvi o gerente dizer: " Leva-o para o meu gabinete. " e abriu a porta de acesso à parte privada do bar. " Não será melhor chamar o 112? Deve ter o nariz partido." sugeri, mas o gerente abanou a cabeça. " Não te preocupes! Deita-o aí no sofá para acalmar um pouco e eu levo-o a casa. Volta para o teu posto!" ordenou. No bar, já ninguém falava do incidente e o ambiente era festivo. Voltei ao meu posto à porta, mas estava tudo sossegado.   Na pausa, fui até à cozinha comer qualquer coisa e beber uma Coca Cola e perguntei se sabiam alguma coisa sobre o individuo e um dos barmen respondeu-me que já devia estar em casa, pois tinha visto o

A CONFUSÃO

Eu já sabia que isto ia correr mal... O tipo estava completamente embriagado e só queria armar confusão. Tentei impedir que entrasse, mas ele olhou para mim de alto e disse: " Sabes quem eu sou? Sou amigo do gerente e posso fazer-te a vida negra..." e, nem de propósito, o gerente apareceu à porta nesse momento e deu entrada livre ao sujeito que me fez um gesto feio. Estou habituado a gestos feios; fazem parte da vida que levo como segurança e não foi isso verdadeiramente que me aborreceu. Foi ter aquele pressentimento de que a entrada daquele tipo ia complicar a noite. E complicou... Há pessoas que não gostam de ser humilhadas, agredidas verbal e fisicamente. Por isso, quando me chamaram, o tipo estava no chão com o nariz partido, copos e garrafas espalhados pelo chão e dois indivíduos seguravam um outro que gritava: " DEIXA A MINHA NAMORADA EM PAZ! ACHAS QUE TE PODES METER COM AS MULHERES DOS OUTROS?" CONTINUA

O DESAPARECIMENTO - O FIM

O que decidi depois... não foi justo para ninguém... Mas tinha que o fazer e o primeiro passo foi contar toda a verdade ao meu marido. Ele fica boquiaberto, olha-me como se não me conhecesse e, sem dizer palavras, saí de casa. Engulo em seco; não o posso criticar... Marco a viagem, peço uma licença no trabalho e depois, tento explicar aos meus filhos. Não consigo... O meu marido, que entra nesse momento, aconselha-me simplesmente a partir. " Mas...." começo, mas ele interrompe-me suavemente:   " Dá-nos tempo... Há muita coisa a sentir, a dizer... Depois, falamos contigo." e eu saio. Não sei o que sinto... Será que vão compreender, perdoar-me?...  E, a minha irmã? Vai compreender, aceitar as minhas razões para desaparecer assim? Quando abre a porta da casa dos nossos Pais, olha-me como se eu fosse um fantasma. " OH, LÍDIA!" e agarra-me fortemente. Para ter a certeza de que sou de carne e osso.... Depois recua e

O DESAPARECIMENTO - PARTE III

Através do Facebook, soube que o meu namorado tentou reconstruir os meus passos, encontrou o motorista de táxi, mas este apenas confirmou o que já tinha dito. Um ano ou dois anos depois, o meu namorado desistiu de me procurar, conheceu outra pessoa e casou-se. A minha irmã não queria desistir, talvez porque a minha Mãe nunca perdeu a esperança, mas um dia, cansou-se.  Estava esgotada, física e emocionalmente. E eu? Nunca me arrependi até hoje quando li no jornal português que assino que a minha Mãe tinha morrido. Ligo o PC, procuro a página do Face da minha irmã e lá estão várias mensagens de condolências e um breve post de agradecimento. Fico parada no meio da sala e olho para a praia, sem a ver realmente. O que é que eu fiz?  Anos " desaparecida" , sem dar not ícias e a mi nha Mãe morreu, sem saber se estou viva ou morta. A culpa desce na minha cabeça e desato num choro intenso. CONTINUA   

O DESAPARECIMENTO - PARTE II

Claro que elaborei um plano e segui-o à risca. Sondei os meus contactos e através deles, conheci outras pessoas que me ajudaram a preparar a minha fuga. Escolhi Agosto para ter uma desculpa plausível e na data prevista de regresso, não apanhei o avião. A minha irmã estava no Aeroporto, à minha espera e quando não apareci, contactou a polícia, a companhia aérea, a agência de viagens, o hotel. A informação foi unânime:  paguei um bilhete de ida e volta, estive hospedada naquele hotel a semana inteira e apanhei um táxi para o aeroporto. O que aconteceu entre o hotel e o aeroporto... ninguém sabe.  Sei eu... Apanhei um outro voo para um outro País, mudei de nome e de aparência. Se sou mais feliz?... Não sei... Apenas controlo a minha vida doutra maneira. CONTINUA

O DESAPARECIMENTO

Esta é a história do meu "desaparecimento"... De quem julgou que morri... De todos aqueles que ainda falam com carinho de mim... Mesmo daqueles para quem o conhecer-me era dar-me os bons dias e um " como passa? "... Porque a vida continua e se escolhi não fazer parte da deles... não os posso censurar... Talvez deva explicar o porquê de ter um dia simplesmente desaparecido... Cansada, angustiada, desprezada... E, nunca ninguém se devia sentir assim... Por isso, um dia, abri a porta e parti... Tão simples como isso... Deixei ficar muitas questões no ar. O porquê, o como, o não acredito... Mas acreditem: eu fugi e recomecei do nada, noutro local, com pessoas que não me conheciam. CONTINUA