Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2017

O ROUBO - FIM

Aos poucos, o Zé Manel organiza o serviço de forma clara e eficiente. Raramente se fala agora do Meireles e até acham que o ambiente está mais calmo. Até à noite que o alarme toca... A empresa de segurança acorre de imediato, mas está tudo tão sossegado que pensa ter sido um curto circuito. Contudo, resolve fazer uma ronda e verifica que a porta do escritório está apenas fechada no trinco; não está bloqueada como habitualmente. Avisa a Central que entra em contacto com um dos Gerentes que se desloca até lá. Percorrem todas as secções sem encontrar qualquer sinal de distúrbio. " Pode ter sido um curto circuito? " questiona o Geren te , mas estaca ao entrar no Departamento de Contabilidade. O cofre está aberto e completamente vazio. O segurança pede para ligarem à Polícia e o Director telefona ao Director Financeiro. Quando sabem no dia seguinte, nem o Gonçalves nem o Zé Manel têm dúvidas de que foi o Meireles quem concebeu o roubo. O Fr

O ROUBO - PARTE III

Zé Manel não sabe bem o que fazer. Pediu cotações a diversos transportadores e os preços indicados são consideravelmente mais baixos dos que estão nos processos do Meireles. " Oh, pá, não entendo isto. Contactei 5 transportadores inclusive a que o Meireles utilizava, recebi 5 propostas e a diferença entre elas é de 15 a 20 EUR. Mas... " e abre uma pasta " olha a proposta que o Meireles recebeu há cerca de dois meses para a mesma carga." Gonçalves examina o documento cuidadosamente bem como o Freitas, o assistente financeiro. " O Meireles andava a receber por fora? Ou estou a compreender tudo mal? " pergunta o Zé Manel. " Não, estás certo na tua análise." responde o Gonçalves e o Freitas suspira. " Já desconfiava disto, mas a gerência quis ter mais provas e quando o Meireles se quis ir embora, aceitaram logo. Para não haver processos disciplinares, advogados, etc.." confessa. " O que é que eu faço?" re

O ROUBO - PARTE II

A gerência confirma a saída e o Meireles, feliz e contente, começa a passar os processos ao Zé Manel. O Zé Manel não está nada satisfeito, pois queixa-se que a informação está desorganizada e incompleta. Além disso, o Meireles confirma muita coisa verbalmente e isso origina uma certa confusão. Quando confrontado, o Meireles encolhe os ombros e diz, irónico: " Um rapaz tão inteligente como tu resolve isso num instante!!!" " Recomeça do zero!" aconselha o Gonçalves. " E, o que faço quando o cliente disser que não combinou aquilo com o Meireles? " pergunta, desesperado, o Zé Manel. " Pede desculpa, faz nova proposta, combina outras condições de pagamento, desconto." sugere o Gonçalves. O Zé Manel acalma e decide proceder como o Gonçalves sugere. Há clientes que aceitam as novas propostas, mas outros ainda exigem falar com o Meireles. Só quando lhes é dito que é impossível, é que concordam em receber as novas propost

O ROUBO

" Está decidido! No Natal, vou-me embora!" anuncia o Meireles naquela manhã. " Aos anos que dizes isso! Só acredito quando a gerência me informar!" responde sensatamente o Gonçalves. Os outros riem. Conhecem muito bem o Meireles; quando se depara com um obstáculo, desiste de imediato e faz grandes discursos sobre o que faria se fosse ele a decidir. " Não acreditas??? É a pura verdade!" insiste o Meireles, mas o Gonçalves encolhe os ombros. Está um pouco farto de queixas; principalmente as do Meireles, que está sempre a criticar os outros e é incapaz de admitir que o erro pode ter sido dele. A única coisa boa é que esquece rapidamente o que diz. Por isso, quando a gerência confirma que o Meireles vai sair no Natal, o Gonçalves fica estupefacto. " Tem a certeza? Ele vai mesmo sair no Natal? " repete. CONTINUA

A CONFUSÃO - O FIM

O sócio em Londres não considerou a ausência do Paulo alarmante; talvez tivesse tido uma reunião de negócios fora e não teve tempo de avisar. " Sem avisar a mulher? " era o que a expressão do Leonardo dizia, mas continuou a ouvir as instruções, sem interromper. Quando desligou, confidenciou: " Isto está cada vez mais estranho! A mulher não sabe de nada, não recebi qualquer mensagem dele a pedir-me para tomar conta do bar... Este diz para trabalharmos como normalmente...Muito estranho!"  Encolhi os ombros e voltei para o meu posto. A noite decorreu calma e às oito e meia de manhã, lá estávamos nós no Banco a fazer o depósito das duas noites. Antes de ir para casa, comprei o jornal e lá estava em letras gordas: " HOMEM MORTO NA VIELA TRABALHAVA PARA O BANDO DO COMBOIO " e por baixo, a foto do tal indivíduo. A notícia continuava com o biografia do sujeito, as ligações ao bando e avançava com algumas razões para a morte. Dizia também que estava

CONFUSÃO - PARTE IV

Mas o Paulo não apareceu nessa noite... Felizmente, o Leonardo sabia a password do cofre e pudemos tirar dinheiro. Ficamos um pouco surpreendidos por ver que o Paulo não tinha depositado o "caixa" d o dia anterior . " Eh, pá, vamos ter que esperar até às oit o e meia e depositamos tudo." pediu-me o Leonardo. " Não será melhor telefonarmos? Ele pode estar só atrasado..." sugeri e o Leonardo fez a c hamada do fixo. " Boa noite, posso falar com o Paulo? É d o bar, o Leonardo." disse polidamente . Quem respondeu também não sabia do Paulo e aconselhou -nos a contactarmos o outro sócio do Paulo. " Mas esse não está em Londres? " comentei e o Leonardo, tão baralhado como eu, acenou que sim. Tivemos que vasculhar a secretária do Paulo, mas lá se encontrou o n ú mero de telefone do sócio, de quem pouco ou nada sabíamos . CONTINUA    

A CONFUSÃO . PARTE III

Fui petiscar qualquer coisa com o Leonardo antes de apanhar o Metro. Quando cheguei a casa, adormeci de imediato e acordei por volta das três da tarde, porque o elevador avariou e o sinal de alarme disparou. Fiquei mais uns minutos na cama, a pensar na vida. A pensar se devia ou não continuar a trabalhar à noite. Mas a noite é fascinante e não me adaptaria ao ritmo do dia. Talvez pudesse abrir o meu próprio bar ou uma empresa de segurança. Tinha que pensar nisso a sério, mas entretanto, o Leonardo telefonou-me e desafiou-me para uma corrida. Quando regressei, já passava das sete e tive que me apressar, pois ia jantar com a minha Mãe. Não notei nada de anormal no bar ao picar o ponto às dez. Não estava cheio, ainda era cedo e por isso, resolvi ir até à cozinha. O Leonardo fez-me sinal de imediato e saímos para o corredor. " O que foi? " perguntei. " Sabes, aquele individuo? Aquele que o Paulo foi levar a casa? " e continuou, quan

CONFUSÃO - PARTE II

Avaliei a cena rapidamente e houve qualquer coisa que não est ava bem. Talvez tenham sido as risadas abafadas dos assistentes ou a expressão irônica da mulher em questão. Como quem diz: " Oh, por favor, estamos no século passado? O homem está apenas bêbado." Ajudei-o a levantar e ouvi o gerente dizer: " Leva-o para o meu gabinete. " e abriu a porta de acesso à parte privada do bar. " Não será melhor chamar o 112? Deve ter o nariz partido." sugeri, mas o gerente abanou a cabeça. " Não te preocupes! Deita-o aí no sofá para acalmar um pouco e eu levo-o a casa. Volta para o teu posto!" ordenou. No bar, já ninguém falava do incidente e o ambiente era festivo. Voltei ao meu posto à porta, mas estava tudo sossegado.   Na pausa, fui até à cozinha comer qualquer coisa e beber uma Coca Cola e perguntei se sabiam alguma coisa sobre o individuo e um dos barmen respondeu-me que já devia estar em casa, pois tinha visto o

A CONFUSÃO

Eu já sabia que isto ia correr mal... O tipo estava completamente embriagado e só queria armar confusão. Tentei impedir que entrasse, mas ele olhou para mim de alto e disse: " Sabes quem eu sou? Sou amigo do gerente e posso fazer-te a vida negra..." e, nem de propósito, o gerente apareceu à porta nesse momento e deu entrada livre ao sujeito que me fez um gesto feio. Estou habituado a gestos feios; fazem parte da vida que levo como segurança e não foi isso verdadeiramente que me aborreceu. Foi ter aquele pressentimento de que a entrada daquele tipo ia complicar a noite. E complicou... Há pessoas que não gostam de ser humilhadas, agredidas verbal e fisicamente. Por isso, quando me chamaram, o tipo estava no chão com o nariz partido, copos e garrafas espalhados pelo chão e dois indivíduos seguravam um outro que gritava: " DEIXA A MINHA NAMORADA EM PAZ! ACHAS QUE TE PODES METER COM AS MULHERES DOS OUTROS?" CONTINUA

O DESAPARECIMENTO - O FIM

O que decidi depois... não foi justo para ninguém... Mas tinha que o fazer e o primeiro passo foi contar toda a verdade ao meu marido. Ele fica boquiaberto, olha-me como se não me conhecesse e, sem dizer palavras, saí de casa. Engulo em seco; não o posso criticar... Marco a viagem, peço uma licença no trabalho e depois, tento explicar aos meus filhos. Não consigo... O meu marido, que entra nesse momento, aconselha-me simplesmente a partir. " Mas...." começo, mas ele interrompe-me suavemente:   " Dá-nos tempo... Há muita coisa a sentir, a dizer... Depois, falamos contigo." e eu saio. Não sei o que sinto... Será que vão compreender, perdoar-me?...  E, a minha irmã? Vai compreender, aceitar as minhas razões para desaparecer assim? Quando abre a porta da casa dos nossos Pais, olha-me como se eu fosse um fantasma. " OH, LÍDIA!" e agarra-me fortemente. Para ter a certeza de que sou de carne e osso.... Depois recua e

O DESAPARECIMENTO - PARTE III

Através do Facebook, soube que o meu namorado tentou reconstruir os meus passos, encontrou o motorista de táxi, mas este apenas confirmou o que já tinha dito. Um ano ou dois anos depois, o meu namorado desistiu de me procurar, conheceu outra pessoa e casou-se. A minha irmã não queria desistir, talvez porque a minha Mãe nunca perdeu a esperança, mas um dia, cansou-se.  Estava esgotada, física e emocionalmente. E eu? Nunca me arrependi até hoje quando li no jornal português que assino que a minha Mãe tinha morrido. Ligo o PC, procuro a página do Face da minha irmã e lá estão várias mensagens de condolências e um breve post de agradecimento. Fico parada no meio da sala e olho para a praia, sem a ver realmente. O que é que eu fiz?  Anos " desaparecida" , sem dar not ícias e a mi nha Mãe morreu, sem saber se estou viva ou morta. A culpa desce na minha cabeça e desato num choro intenso. CONTINUA