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MIGUEL, IRMÃOS E COMPANHIA - PARTE III

Faço uma nova torre que a Inês derruba alegremente e ri. Finjo que faço uma outra torre, a Inês segue os meus movimentos com toda a atenção, o que é que vais fazer, malandro? é o que pensa certamente e eu sorrio. Pumba e as T-Shirts caem no chão, a Inês fica surpreendida, mas depois ri com gosto. Repito a operação e a minha mana está deliciada. O Matias e o Edgar aparecem à porta do quarto, trazem a bola e a Inês estende-lhes os braços. Já acabamos os trabalhos e arrumamos os livros, podemos brincar com ela, dizem. Ok, respondo, mas fiquem na sala e nada de brincarem às escondidas, já sabem que a Mãe não gosta. E, tu, vais arrumar o quarto? pergunta o Matias, malicioso e eu expulso-o do quarto, impertinente, vê como falas, mas o rapaz não deixa de ter razão. Sou muito rigoroso com a arrumação do quarto deles e não tenho o mesmo cuidado com o meu. Por isso, dobro as T-Shirts, arrumo-as no sítio devido, faço o mesmo aos livros. O telemóvel vibra, é uma mensagem do meu colega Bruno, vai h

MIGUEL, IRMÃOS E COMPANHIA - PARTE II

  Mas o que é que ela está fazer aqui? E vocês não têm trabalhos de casa para fazer? disparo e os meus irmãos atropelam-se nas explicações. Estava sozinha na sala, diz o Matias e nós pensamos que era melhor ficar connosco, acrescenta o Edgar. Ela é capaz de se divertir sozinha, interrompo, se estava no parque, devia ter lá ficado, a D. Margarida deve ter ido buscar qualquer coisa que lhe fazia falta. Acabem os trabalhos, exijo, arrumem os livros e podem ver televisão. Esta princesa vem comigo e pego na minha irmã ao colo. A Inês não larga a bola, deita-me a língua de fora, eu faço o mesmo e a princesa ri-se. Levo-a para o meu quarto que está realmente uma barafunda, com T-Shirts espalhadas por todo o lado. Experimento várias T-Shirts antes de me decidir pela que é mais " cool "; por isso, atraso-me e não arrumo o quarto. A Mãe já me chamou a atenção para isso, a D. Margarida não tem que arrumar nem a tua roupa nem os teus livros, diz e eu prometo que sim, que deixo tudo num b

MIGUEL, IRMÃOS E COMPANHIA

  Ufa! Que família de loucos! Tenho que ser o mediador das lutas entre o Matias e o Edgar, a Inês deve ter os sonos trocados, pois não deixa dormir ninguém e, desde que conheceu o novo namorado, a Filipa está impossível de aturar. Está decidido; vou estudar para fora, aviso os Pais. O Pai só diz tens a certeza disso? e a Mãe encolhe os ombros, qual é o problema de entrar numa Universidade cá, sabes?  Este ano, as coisas não me estão a correr muito bem e não posso culpar a Inês. Não estou interessado nos temas que são desenvolvidos nas aulas, por mais que tente, não me sinto desafiado. Resolvo falar com a Teresa, não quero preocupar a Mãe, ela está esgotada, apesar da nossa ajuda e da D. Margarida. Mas não é a área de que gostas? a Teresa está a achar tudo muito estranho, é natural ter-se dúvidas, Miguel, não te precipites, vai com calma. Porque não falas com um dos teus Professores? Fico a matutar no que a Teresa diz, talvez tenha razão, talvez tenha que me empenhar mais. Acabo por fal

A SEDUTORA - FIM

  São os homens da casa quem nos deita. O Miguel ainda faz beicinho, mas o Gonçalo adormece logo que pousa a cabeça na almofada. Eu e a Sofia olhamos expectantes para o Matias, talvez nos conte uma história, mas o Pai acena que não e depois de um último beijo, fecha a luz. Deixa a porta entreaberta, ainda os ouço a falar no corredor. A porta da rua abre-se, é o Miguel que chega e pergunta onde estão os monstrinhos? e o Pai manda-o calar-se, já estão deitados, diz, a ver se temos um jantar sossegado. Se o Miguel está cá, duvido, diz o meu irmão, mas vamos ter fé e o Edgar ou o Matias, não sei qual, abafa o riso. O Miguel ainda se mexe na cama e choraminga.  É para chamar a atenção, sussurro à Sofia, mas como ninguém volta a entrar no quarto, suspira e cala-se. Ainda bem, mas temos que lhe dar uma lição, murmuro, mas a Sofia já não me responde, deve ter adormecido. Eu estou cansada, mas também excitada, há tanta coisa a descobrir, dormir é perder tempo. Mas sinto as pálpebras pesadas, ab

A SEDUTORA - PARTE IV

  Mas não posso ser solidária com o Miguel que perturba o nosso jantar. Está sempre a choramingar, atira com a colher para o lado, suja a Filipa, o chão. A minha irmã está quase a perder a paciência e a Mãe troca com ela.  O Miguel fica contrariado, chora ainda mais, mas a Mãe insiste e ele lá começa a comer. Tenho que falar com a Sofia e com o Gonçalo; temos que lhe dar uma lição, mas não hoje. O Matias está a contar uma história ao Gonçalo, este está entusiasmado, ri-se com as vozes que o meu irmão faz. O Edgar tenta fazer o mesmo connosco, mas não tem jeito nenhum e nós fugimos para o corredor. A porta da rua abre-se, o quê? tenho um comité de boas vindas? pergunta o Pai e tanto eu como a Sofia rimos. O Pai ajoelha-se, dá-nos um beijo na ponta do nariz e eu resolvo explorar-lhe os bolsos do casaco. Pode ser que tenha escondido qualquer coisa boa como um boneco, um chocolate, mas não.  Só tem as chaves que eu exibo triunfante. Oh, Inês, dá cá isso, pede, mas eu rio e afasto-me a toda

A SEDUTORA - PARTE III

  É hora do banho e do jantar e a Mãe é muito rigorosa nos horários. Diz ela que isto é uma casa de família e não um alojamento local. Uma vez, o Miguel irmão foi obrigado a esperar que a família acabasse de comer para aquecer o prato e sentar-se à mesa. O Miguel protestou, esqueceu-se das horas e o Pai chega muitas vezes atrasado e a Mãe observou que o Pai telefona sempre e essa é a razão porque todos têm um telemóvel, concluí. Suspiro, sei que não adianta fugir, a Mãe achou piada a primeira vez, mas não foi nada simpática quando o tentei uma segunda vez. Os primos vão dormir cá em casa, por isso, eu e a Sofia tomamos banho na casa de banho dos Pais e a D. Margarida encarrega-se do Gonçalo e do Miguel na dos manos. Depois, instalam-nos na cozinha, a D. Margarida despede-se, está na hora de se ir embora, mas a Filipa chega entretanto. Dou-lhe um grande sorriso, quero que seja ela a dar-me a sopa, mas o Matias não consegue manter o Miguel quieto e ela vai ajudá-lo. Suspiro novamente e a

A SEDUTORA - PARTE II

  Onde é que eles estão? é a voz do Matias, ausento-me por cinco minutos e tu deixas-os à solta. Não deixei nada, protesta o Edgar, a culpa é do Miguel, a bola bateu-lhe no joelho e ele começou logo a chorar. Pois, temos que dar uma lição àquele medricas, apoia o Matias, mas agora temos que encontrar o Trio Maravilha. Para a varanda, não foram que a porta está fechada, opina o Edgar, tentamos a lavandaria? mas o Matias abana a cabeça, não vês que a porta também está fechada? Só resta a despensa e ouço os passos deles a aproximarem-se. A Sofia denuncia-nos, pois espreita e o Edgar vê-a de imediato. Ah, marota, o que estão a fazer aí? e entra. Oh, meu Deus, o que é que aconteceu aqui? Oh, Matias, vem cá e vê o que estes andaram a fazer; a D. Margarida vai ter um ataque! O Gonçalo ri-se, acha imensa piada estar sentado no meio daquele pó branco e eu estou a tentar tirar um outro pacote da prateleira. O Matias impede-me, pega-me ao colo, esperneio, mas ele não liga. O Edgar segura a mão da

A SEDUTORA

  Sou uma sedutora; basta fazer beicinho para o Matias, o Edgar ou ambos acorrerem, preocupados e desejosos de me fazerem as vontades. Não tenho tanta sorte com os Pais nem com a Filipa e o Miguel... para o Miguel, sou apenas um bebé, não faço parte do seu Mundo. Tolero a Sofia e adoro o Gonçalo que é um refilão como eu. Juntos, controlamos a situação e a Sofia também apanha descompostura, pois segue-nos obedientemente. O único que destoa do grupo é o filho do Tio Pedro, o Miguel. Valha-me Deus, mas que miúdo tão aborrecido!  Fica sentado a um canto a observar as brincadeiras, mas nunca tenta participar e se a bola lhe bate, é um berreiro que fere os ouvidos. Claro que a Mãe ou a Tia Teresa tentam convencer-nos que, no fundo, ele é um bom menino e temos que lhe emprestar os brinquedos, mas eu acho que estão errados. Ele é mas é um medricas e nós não temos tempo para medricas, temos muita coisa a explorar. Nem a Sofia nem o Gonçalo precisam de ouvir essa afirmação duas vezes e cá estamo

APÓS O DIVÓRCIO - FIM

  O avô traz um Miguel confuso e irritadiço, que a Ângela, chamada à pressa, distraí com a construção de um forte. A Laura vai ficar connosco uns tempos, explica o meu sogro, vai recomeçar com a terapia e espero que fique mais calma e enfrente as situações. Tu continua com os teus planos, casa-te, sê feliz, acrescenta. Dá-me um abraço e vai-se embora. Tenho pena dele, devia estar relaxado, a gozar a vida e tem que se preocupar com os delírios da Laura. A Guiomar chega entretanto, ajuda-me a dar banho e o jantar ao Miguel e quando este adormece e voltamos para a cozinha para jantarmos, diz que precisamos de falar. Se é sobre a Laura, os Pais estão a tomar as medidas necessárias para a ajudarem, explico. Mas a Guiomar acha que não é suficiente, a Laura vai sempre desestabilizar a nossa vida, comenta e não sei se tenho força para assistir a este tipo de cenas. A Laura não vai interferir com a nossa vida, insisto, ela precisa de ajuda, mas tem os Pais e os irmãos. Não, vai ser muito duro p

APÓS O DIVÓRCIO - PARTE V

  A Laura não fica muito satisfeita por ver o irmão, tu aqui? mas isto é entre mim e o Pedro, diz. Só estou cá para que tudo seja resolvido calmamente, responde o António e a Laura solta um ah, então já conheces a sujeita. Não é a sujeita, chama-se Guiomar, é uma pessoa bem educada, muito simpática e gosta muito do teu filho, observa o Pedro, e não, não está a tentar roubar o teu lugar. Não sei, insiste a Laura e tanto o Pedro como o António suspiram. Quando a Laura reage desta maneira, vai ser difícil convencê-la de que a situação mudou e ela já não tem a última palavra. A discussão é longa, absurda confessa o António mais tarde à Teresa, mas no final, a Laura aceita conhecer a Guiomar num local neutro. O Pedro sente-se muito cansado, está tudo a correr bem, profissional e pessoalmente, porque é que a Laura tem que agitar as águas desta maneira? O local escolhido é o café do bairro, o Pedro escolhe uma mesa ao canto e a Guiomar senta-se. Tens a certeza de que isto é boa ideia? repete

APÓS O DIVÓRCIO - PARTE IV

  Mas porque é que estão todos preocupados com a Laura? Tem que aceitar que a vida continua e que posso casar-me novamente, pergunto. Se vocês discutem por causa do colégio, diz a Teresa, imagina o que não dirá quando souber da tua nova amiga, acrescenta a Carolina, ainda por cima, ela é tão ciumenta em relação do Miguel. Vocês esquecem-se que tenho a custódia total do Miguel? Que é graças à minha boa vontade que ele passa mais tempo em casa dela do que foi estipulado? repito, por isso, deixem que eu lido com a Laura. O jantar é um sucesso, a Guiomar está mais descontraída, até conta anedotas que fazem com que todos riam. Vejo que as minhas irmãs estão encantadas e imagino as conversas quando saímos para a rua. Passamos o domingo em casa, na segunda, deixamos o Miguel no colégio e aviso que é a Laura quem o vai buscar. À noite, recebo um telefonema histérico da Laura, a perguntar-me quem era a galdéria que estava comigo quando fui levar o Miguel ao colégio naquela manhã. Ups! Alguém fo

APÓS O DIVÓRCIO - PARTE III

  A minha sobrinha Filipa liga-me no sábado, se quiseres que o Miguel fique cá em casa enquanto estás no jantar da Teresa, não há problema, a tribo está reunida. Ah, é um jantar de adultos então, brinco e a Filipa ri-se, é o núcleo duro da família, nós esperamos que nos leve ao bowling para uma noite divertida com a tua namorada, acrescenta. Negócio fechado, digo e combinamos os detalhes.  A Guiomar diz que tem que tratar de uns assuntos pessoais e só regressa por volta das cinco da tarde. Foi ao cabeleireiro, comprou um vestido novo e sapatos. Parece nervosa, quero causar uma boa impressão, observa e eu sorrio. Estás linda, não te preocupes! sossego-a, mas a Guiomar continua nervosa quando tocamos à campainha e a Teresa abre a porta. Como é habitual nela, a minha irmã tem um vestido étnico e desta vez, o cabelo não tem madeixas de cor. Dá-me um grande abraço, temos que ter uma conversa a sério, segreda e depois aperta a mão à Guiomar. É um prazer conhecê-la, entre, fique à vontade, es

APÓS O DIVÓRCIO - PARTE II

  Já disseste à Laura, pergunta-me o António durante o nosso almoço habitual às quintas-feiras. Fico tão surpreendido que me engasgo e tenho que beber um pouco de água antes de responder. Dizer o quê à Laura? repito e o António ri-se. Aos anos que sou teu amigo, sei quando estás interessado numa mulher e é sério. Quem é ela? e o meu cunhado olha-me trocista. Chama-se Guiomar, trabalha nos Recursos Humanos da empresa e é o oposto da tua irmã, explico, é simpática, afável, divertida. Sei muito bem que a minha irmã pode ser muito sombria, concede o António, mas também sei que é melhor que fique tudo bem esclarecido para não teres problemas mais tarde, insiste. Neste momento, eu e a Laura não somos bons amigos, suspiro, insisti que inscrevesse o Miguel no colégio dos teus filhos, ela queria outro, porque a bata era mais bonita e implicou com a nova baby sitter. Mas qual é o problema da baby sitter? questiona o António e volta a rir-se quando lhe conto que é porque a Ângela tem madeixas de

APÓS O DIVÓRCIO

  O que fazer após o divórcio da Laura?  Concentrar-me nos meus objectivos, nas minhas metas e claro no meu filho. Posso gerir o meu tempo, ninguém exige que interrompa a minha vida porque a deles está a correr mal. Claro que vou ter problemas com a Laura, quase nunca estamos de acordo com a forma como o Miguel é educado, mas vou encontrar a maneira certa de contornar a situação. Aceito convites para jantar de casais amigos, apresentam-me a amigas solteiras ou divorciadas, mas raramente as convido para um jantar a sós. A Carolina e a Teresa estão preocupadas, ouvi-as a discutir o assunto, mas brinco com a situação. Ri-me baixinho das caras delas quando apareci num dos jantares de família com uma das Directoras da empresa. Ou quando encontrei a Rita e o Gonçalo num jantar mistério para o qual tinha sido convidado por uma cliente que não queria ir sozinha. Se houve sexo nessas noites, não o discuti com ninguém, nem mesmo com o António. Estou finalmente em paz e não quero que nada a quebr

A PROPOSTA - FIM

  No bar, encontra alguns conhecidos, bebe demais e deita-se muito tarde. No dia seguinte, está de mau humor, adia as reuniões, actualiza as notas dos projectos. A Rita está em reuniões com o contabilista e com o advogado, pouco lhe diz, só o estritamente necessário. O Gonçalo tenta falar com ela, redimir-se, mas a Rita não o escuta, foste muito claro e não há mais nada a dizer, comenta. Estás a ser tão parvo como a Laura, observa o António, onde é que tens a cabeça? Já analisaste bem a posição da Rita? e o Gonçalo baixa a cabeça envergonhado. Ás vezes, penso que o Gonçalo é que devia ser o gémeo da Laura, queixa-se o António à Teresa, a Laura teve todos aqueles problemas e não é de admirar que tenha atitudes irracionais, mas o Gonçalo??? Teve uma atitude tão egoísta... O António tenta falar com a Rita sobre o assunto, mas esta recusa qualquer conversa sobre o que se passou. António, o problema não é teu, é do teu irmão, comenta e desvia a conversa para o livro que estão a ler no Clube

A PROPOSTA - PARTE V

  Entretanto, a Rita vai jantar com a irmã. A Matilde saiu com uns amigos e a Clarinha está com o Pai; podem relaxar e conversar à vontade. A Rita está cansada, parece que aquela energia que emanava desapareceu. Deve ser por causa do Gonçalo, pensa a Madalena, mas a irmã evita falar dele. Explica todos os detalhes do contrato, mas quando a Madalena pergunta qual a reacção do Gonçalo, a Rita fica calada. A Madalena suspira, não insiste, tem que ser a Rita a dar o primeiro passo. O Gonçalo preocupa-me, diz finalmente, ficou atraído pelo dinheiro, nem parecia aquele homem que arriscou tudo para abrir a empresa comigo. Não sei o que mudou, continua a Rita, ficou deslumbrado com o dinheiro que ofereceram, não percebeu que ficaria à mercê deles, bem sei que se quiser sair e vender as acções, eles têm prioridade, mas posso negociar para que a Matilde ou o Gustavo fiquem com isso. Foi por isso que terminaram? indaga a Madalena, em parte, responde a irmã e o que me preocupa é que, dentro de doi

A PROPOSTA - PARTE IV

Não sei se tenho capacidade para digerir todas estas mudanças, suspira o Gonçalo que tenta não estar muito tempo no escritório. O ambiente descontraído desapareceu, a Rita só fala de trabalho e o Gonçalo sente que a desiludiu imenso. Talvez seja mesmo idiota como o António diz, mas o irmão é tão certinho que até irrita, murmura o Gonçalo que faz um esforço para se concentrar na reunião. O Grupo responde favoravelmente à proposta da Rita, querem conhecê-la e discutir certos detalhes e por isso, marcam uma videoconferência. Além da Rita e do Gonçalo, está também presente o advogado e o contabilista, decerto que há pormenores legais e financeiros a discutirem. Do outro lado, estão dois Directores e um advogado. A conferência é produtiva e no final, a Rita consegue o que quer. A empresa não vai mudar de nome e ela continuará a ser responsável pela gestão da carteira de clientes e do processo criativo de todos os projectos. Será igualmente consultora em outros projectos do Grupo no País e o

A PROPOSTA - PARTE III

  A discussão é longa e violenta, o Gonçalo acaba por assinar a proposta, para que ela deixasse de falar, desabafa com o irmão. És mesmo idiota! exclama o António, queres mesmo largar tudo e dar a volta ao Mundo num iate? Nem parece que estou a falar com uma pessoa que arriscou tudo e trabalhou ao lado da Rita para que a empresa se tornasse numa referência. Sim, porque foi por isso que vos contactaram... O Gonçalo fica calado, talvez o irmão tenha razão. Vai ficar num hotel até decidir o que fazer, a Rita deu a entender que era melhor não ficarem juntos. Acho que o Gonçalo não lhes disse que foi a Rita o cérebro da operação, comenta o António e a Teresa abana a cabeça.  O mérito é dos dois, mas a Rita foi quem arriscou mais, comenta a Teresa, e, desculpa, mas o teu irmão está a agir como um catraio. Entretanto, a Rita envia a proposta e aguarda um contacto do grupo. Ela e o Gonçalo pouco falam, só sobre trabalho e a Matilde queixa-se em casa que está a ser difícil trabalhar naquele amb

A PROPOSTA - PARTE II

  A Rita analisa a proposta e compreende porque é que o Gonçalo a acha aliciante. Directores executivos com voz activa no Conselho de Administração, um salário elevado e ao fim de dois anos, a indemnização será o valor a dobrar das acções deles da empresa. Ficariam ricos, poderiam fazer uns trabalhos como freelancer se quisessem e até podiam viver parte do ano num lugar exótico. Mas a Rita quer continuar a trabalhar, desenvolver novos projectos, ser mais que um nome de referência no design publicitário. Contacta o advogado, estudam as hipóteses de uma nova proposta que consolide o lugar dela na empresa e ao mesmo tempo, lhe dê carta branca para escolher e desenvolver novos projectos. Não sei se concordo, diz o Gonçalo. Acho que é uma proposta muito vantajosa, contrapõe a Rita, não estou disposta a deixar que se aproveitem do meu know-how e depois me convidem a sair. Mas serias uma mulher muito rica, insiste o Gonçalo, podias fazer o que quisesses. Não me interessa ser tão rica, quero s

A PROPOSTA

  O Gonçalo sente que está numa encruzilhada. A proposta é deveras aliciante, mas ele receia o que a Rita poderá dizer. Afinal, explica ao António, eles construíram a empresa do zero, são um ponto de referência, graças, em parte aos contactos que a Rita tinha. Mais uma razão para discutires o assunto com ela, aconselha o António, ela até pode estar receptiva, pode até considerar integrar-se nessa empresa, se a deixarem ocupar o lugar de Directora, por exemplo. Tens que falar com ela, estudarem a proposta juntos e reunirem-se com os responsáveis quando tiverem uma ideia muito clara do que querem fazer, repete o irmão e o Gonçalo suspira. Se esperares muito tempo, continua o António, ela pode acusar-se de a estares a trair e não deixa de ter uma certa razão. Nessa noite, depois do jantar, o Gonçalo coloca a proposta em cima da mesa e explica à Rita o que se está a passar. Acho que é uma proposta aliciante, tens que a ler cuidadosamente e depois decidimos o que fazer, concluí. A Rita folh

A CASA NOVA - FIM

  O Sr Joaquim está agitado, alguém saiu do trilho e perdeu-se, não consegue contactar o Presidente da Junta e o Chefe dos Bombeiros. Será que o Inspector o pode ajudar a organizar um grupo de busca? Ainda têm mais uma hora de luz, vão começar pelo local onde foi visto pela última vez. O Bernardes prontifica-se a ajudar, mas o Inspector Leitão aconselha-o a voltar para o Hotel, estão habituados a organizar este tipo de buscas. Os três voltam ao Hotel, a Clarinha a querer saber o que aconteceu e a Matilde a resmungar, acontece sempre qualquer coisa sinistra onde estás. O Pai nem responde, não houve qualquer crime, que tu saibas, diz a Matilde como se adivinhasse os pensamentos. No fim de jantar, a Matilde ajuda a preparar a Clarinha para a cama, esta fica no quarto do Pai a jogar e depois de mudar de roupa, desce para ir com os amigos à discoteca. A Clarinha adormece, o Pai leva-a com todo o cuidado para o quarto dela e tenta depois ligar ao Inspector Leitão. Este atende ao primeiro toq

A NOVA CASA - PARTE V

  O Bernardes apresenta-se, o Inspector fica encantado por encontrar um " colega " e a conversa flui livremente. A meio do segundo café, o Bernardes olha para o relógio, deixou a filha na escola de equitação, tem que a ir buscar e combinam encontrar-se de tarde, percorrer um dos trilhos favoritos do Inspector Leitão. Quem não gosta nada da ideia é a Matilde, já tinha combinado uma saída com os novos amigos, mas o Pai diz-lhe que a ideia do fim de semana era estarem todos juntos. Por isso, um pouco aborrecida, a Matilde lá os segue, a protestar baixinho, já se sabe que vão discutir crimes. O Inspector Leitão é muito simpático, a Matilde tem que admitir e escolheu o trilho perfeito para explorarem. A Clarinha está bem disposta, descreve-lhe a aula de equitação e o workshop a que assistiu e o Inspector Leitão responde gravemente a todas as questões que ela lhe coloca sobre o que encontram no trilho. Quando descem novamente para a aldeia, o Inspector convida-os para lanchar na ca

A NOVA CASA - PARTE IV

A Matilde fica entusiasmada com a ideia de passar o fim de semana fora com o Pai. Pena termos que levar o bebé, comenta trocista, o que faz com que a Clarinha tente bater-lhe. Para onde vamos? quer saber a Matilde, mas o Pai nada diz, vai ser uma surpresa, acrescenta. Ouviu uns colegas falarem de uma aldeia perdida no meio de um parque florestal, um sítio ideal para relaxar, fazer caminhadas, há uma escola de equitação e um hotel simpático com um spa. Vive lá perto um ex-colega nosso, o Inspector Leitão, se puderes, fala com ele, dizem. Os três partem na sexta-feira à tarde, a Matilde protesta, vamos ficar longe da civilização, mas a Clarinha adora a ideia de aprender a montar a cavalo. Chegam à hora de jantar ao hotel, as meninas ficam num quarto e o Pai noutro. Deixam as malas no quarto, lavam as mãos e descem para jantar. Há algumas famílias com filhos, alguns da idade da Clarinha, outros mais velhos, da idade da Matilde, que fica mais satisfeita. No fim do jantar, junta-se a um gru

A NOVA CASA - PARTE III

Graças à Matilde e à D. Mercedes, a casa está mais confortável, torna-se um verdadeiro refúgio para o Inspector Bernardes. Um dia, encontra uma planta à porta de casa e quando abre esta, depara-se com um novo armário no hall de entrada para guardar o casaco e os sapatos. Há também um espelho, uma pequena mesa de apoio com um candeeiro onde deixa as chaves. Vai até à cozinha e abre a boca de espanto. Os armários parecem novos (vem a saber mais tarde que são os antigos, o marido da D. Mercedes apenas os lixou, poliu e pintou) e a bancada também é nova. Matilde, o que é que andas a fazer? exclama e resolve ter uma conversa com a filha sobre o estar a gastar dinheiro sem lhe dar conhecimento. A Madalena telefona-lhe, quer falar sobre a Clarinha e o Bernardes convida-a para jantar. Vai buscá-la à loja, leva-a a um restaurante sossegado e enquanto esperam pela refeição, o Bernardes diz: " Tenho que falar com a Matilde. Cheguei a casa e ela comprou uma série de coisas novas. A casa está

A NOVA CASA - PARTE II

  Pai e filha divertem-se no IKEA a fazer compras. Por vontade da Matilde, remodelava tudo, mas o Pai insiste em apenas comprar o essencial e o restante à medida que for necessário. Decidem comprar os móveis para a sala e para o quarto, optam pela " entrega à porta", embora o Bernardes duvida que os saiba montar. A filha acalma-o, já combinou com dois colegas que adoram puzzles e os três vão fazer a montagem. Quando terminar, diz, nem vais reconhecer a tua casa e quando o Bernardes entra em casa naquela noite, a sala está acolhedora, o cinzento e o branco resultam muito bem. Onde é que ela foi buscar estas almofadas e estas mantas? murmura e vai até à cozinha. Fica parado à porta, porque a cozinha também está diferente e ele tem a certeza absoluta de que não comprou nada para esta divisão. Em cima da bancada, há uma taça com fruta, um cesto com pão e uma tábua para o cortar. A banca está limpa e os pratos arrumados na prateleira e no frigorifico, há leite, manteiga, queijo, f

A NOVA CASA

  O Inspector Bernardes começa a pensar que foi um erro divorciar-se da Madalena. Os primeiros anos da carreira foram duros e a Madalena suportou as mudanças sem um queixume. Compreendia os humores dele, organizava a casa, os miúdos e estava sempre disposta a escutá-lo. A Juliana é uma mulher de carreira, competente, mas ambiciosa e o Bernardes suspeita que não tem lugar na vida e nos objectivos que ela definiu. Sente que ela se está a afastar e ele não está a fazer nada para contrariar isso. " Foi uma ilusão!" confessa ao colega Brites. " Sempre achei um disparate divorciares-te da Madalena; não é que a Inspectora Juliana não compreenda as exigências da profissão, até sabe melhor que a Madalena, mas ela proporcionava-te um ambiente familiar, confortável.... Não chegavas a uma casa vazia e fria!" observa o Brites. " Tu também estás divorciado e vives com o teu irmão!" ri-se o Bernardes, mas o Brites abana a cabeça. " Mas a casa raramente está vazia ou

O ESTÁGIO - FIM

  Com a transferência do Bernardo para a cidade, a Aída respira fundo e reorganiza a vida profissional. Na ausência dela, o Nicolau assumiu o papel de moderador nas sessões do Clube, mas, embora todos sejam unânimes em afirmar que foi um bom moderador, aplaudem o regresso da Aída. Até o Bernardo participa nas discussões online e como não passa muito tempo sozinho, o Major e o Nicolau revezam-se nas visitas e mais tarde, nas idas à fisioterapia, o rapaz não tem tempo para pensar no estágio perdido. Era bom para o meu currículo, desabafa, mas o Major desvaloriza a situação, vais receber outros convites. Quando regressa às aulas, embora ainda precise de uma bengala para se deslocar, já recuperou o bom humor habitual. O Gustavo também regressa, adorou o estágio, aquela empresa está no top das inovações, diz e o Bernardo sente uma pontinha de ciúme. Ainda por cima, a empresa convida geralmente um dos estagiários para trabalharem lá depois de terminarem o curso e o Bernardo estava empenhado