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A mostrar mensagens de julho, 2023

O AFFAIR DO MIGUEL FIM

  Decidem não dizer nada a ninguém por enquanto, acham engraçado fingir que são apenas companheiros de treino e a Núria fica desapontada. A minha imã é um bom partido, lamenta-se, afinal o que é que o teu irmão quer??? O que é que o torna assim tão especial, mas o Matias encolhe os ombros e não responde. A vida continua e acaba por decidir por eles, a Matilde descobre no fim de semana da Páscoa que está grávida. Não sabem bem como interpretar a situação, estão felizes, por um lado, por outro, têm que dar muitas explicações e tomar algumas decisões. Ficam em casa do Miguel, vendem a dela? Ou vendem as duas e compram outra? No centro da cidade ou nos arredores? Acho que nos estamos a precipitar, diz o Miguel, vamos começar por dizer à família, a minha Mãe vai adorar ter outro neto. A minha também, ri-se a Matilde, temos que ter cuidado, as duas avós vão ser rivais. O Miguel ri-se também, decidem organizar um almoço, a Matilde fala com a Teresa que se encarrega do catering. O dia está bon

O AFFAIR DO MIGUEL PARTE V

  Encontram-se no local combinado, durante duas horas treinam ao longo do percurso estabelecido pela Matilde que mantém a conversa fluída. Acabam por almoçar juntos num restaurante familiar ali perto do cais e depois regressam às respectivas casas, apesar da Matilde o convidar para tomarem uma bebida. O Miguel tem que admitir que gostou de treinar ao ar livre, até telefona ao Gonçalo, filho do António para lhe pedir alguns conselhos, pois acha que vai investir na actividade. Por isso, os treinos ao ar livre tornam-se um hábito, a Matilde até comenta a rir que, para o próximo ano, também vais participar na mini maratona. Contudo, diz mais tarde à irmã, deixa-me em casa, não sobe para tomar um copo, ficar a conversar. A Núria suspira, o Matias diz que o Miguel assumiu muito cedo a responsabilidade de gerir a família, são cinco irmãos, o Miguel é dos mais velhos. Mas todos estão bem de vida, interrompe a Matilde, são responsáveis pelos seus actos, ele podia descontrair um pouco. A Núria n

O AFFAIR DO MIGUEL PARTE IV

  O Miguel e a Matilde conversam a noite toda; contudo, como conta a Matilde na manhã seguinte à irmã, foi educado, simpático, atencioso, mas manteve uma certa distância e evitou que eu a ultrapassasse. Não compreendo o teu irmão, confessa a Núria nessa noite ao Matias, a Matilde deu-lhe o nº de telemóvel, mas tem quase a certeza de que ele não lhe vai ligar. Tentei falar com ele sobre o assunto, responde o Matias, ele exaltou-se, nunca o vi tão zangado! Não sei o que fazer.... A ajuda vem de quem menos se espera; o Edgar e o Miguel têm uma história complicada, só há pouco tempo é que voltaram a falar abertamente. O Edgar veio passar o fim de semana e não aceita um " não" quando convida o Miguel para jantar fora com uns amigos. O Matias e a Núria também vão e para surpresa do Miguel, a Matilde está presente, convida-o para se sentar ao pé dela. O jantar é divertido, o Edgar mantém toda a gente a rir a contar disparates, como classifica o irmão e a Matilde ri-se ainda mais. De

O AFFAIR DO MIGUEL PARTE III

  A primeira decisão foi mudar de ginásio e depois enterrar-se novamente no trabalho. O que terá acontecido? pergunta a Núria ao Matias uma noite, mas este encolhe os ombros, o meu irmão não fala com ninguém. Será que se aborreceu com a tal Telma? opina a mulher e o Matias suspira, tudo leva a crer que foi isso, murmura. A Núria fica calada uns minutos, e se déssemos uma festa? diz e o Matias olha-a como se duvidasse da sanidade dela, sim, uma festa de boas-vindas, insiste a mulher, abrir a casa, sei lá, inventamos qualquer coisa....apresentamos uma série de mulheres simpáticas ao teu irmão, pode ser que ele se encante com alguma....remata. O Matias desata a rir, Dra Núria, armada em casamenteira! e beija-a apaixonadamente, tudo para que o teu irmão fique de bom humor, por um lado, tenho pena, comenta a mulher, mas por outro, tenho vontade de lhe bater! Parece que está à procura da mulher perfeita e isso é impossível! concluí. Aquela história com a ex e com o Edgar, explica o Matias, m

O AFFAIR DO MIGUEL PARTE II

  E é exactamente isso que o Miguel faz: diverte-se com uma mulher sexy, espontânea e que o desafia constantemente. Até ao dia em que a Telma o começa a evitar, a demorar mais tempo a responder aos SMS e a recusar mesmo as chamadas. Naquele dia, o Miguel espera-a à porta do ginásio, sabe que a quarta-feita é o dia em que ela tem menos marcações. A Telma fica contrariada quando vê, tenta esquivar-se, alegando estar já atrasada para uma consulta, mas o Miguel insiste, levo-te lá, diz. Dentro do carro, o que é que está a acontecer, Telma? pergunta, estás a esconder-me qualquer coisa e eu quero saber o que é. A instrutora respira fundo, é um problema meu, não tem nada a ver contigo, defende-se, o Miguel não aceita e torna a repetir a pergunta. Ok, acaba a Telma por dizer, és um tipo porreiro e mereces saber a  verdade e o Miguel suspira, encosta-se melhor no banco do carro. O meu ex-marido voltou, conta a instrutora, quer fazer as pazes, tentar novamente para bem do nosso filho, e o Miguel

O AFFAIR DO MIGUEL

  Tenho realmente que sair mais, confessa o Miguel ao irmão Matias, caso contrário, acabo sozinho e chato e vocês têm que me pôr num lar! O Matias ri-se, então, deixa de estar casado com o trabalho e diverte-te, aconselha e no fim de semana seguintes, ele e a Núria organizam um jantar e apresentam-lhe a amiga Célia. Infelizmente, o Miguel não simpatiza com ela, eu bem te disse que a conversa Zen da Célia não ia agradar ao Miguel, comenta mais tarde o Matias e a Núra apenas encolhe os ombros. O cunhado é muito estranho, talvez por ter assumido o papel de " homem da família" muito cedo e por isso, não pensa mais no assunto. Quanto ao Miguel, tenta encontrar actividades que o interessem, ouve alguém na empresa falar de eventos no Museu, informa-se e inscreve-se num deles. Mal não faz, murmura, talvez encontre pessoas interessantes e fica surpreendido por encontrar a Telma, uma das instrutoras do ginásio que frequenta. Acaba por ir tomar um copo com ela e a noite termina no apart

O GENRO FIM

  Acabo por ceder e quando regressamos à clínica, estamos exaustos, os miúdos acabam por subir e dormir uma sesta. A Carolina também sobe, quer ler um pouco, talvez dormir, confessa com um sorriso e eu e a Filipa ficamos sozinhos no jardim. Então? pergunta a minha ex, o que achas? percebo o porquê de queres ficar aqui, respondo, é um local calmo, mas tenho algumas questões que temos que esclarecer. A Filipa não diz nada, eu suspiro, acho que deves esperar, pelo menos até ao fim da tua recuperação, um ano, ano e meio, acrescento. Claro que há muita coisa a organizar antes de qualquer mudança, reage a minha ex, tenho que explorar as ofertas de trabalho e não posso arrancar os miúdos assim da escola, do ambiente que conhecem sem os preparar primeiro. Eu sei que és uma pessoa organizada, cuidadosa, interrompo, não é isso que está em causa, só quero ter a certeza de que é isto que tu queres. Claro, quero recuperar a minha vida, afirma a Filipa, noto que ela está a ficar nervosa, sugiro um p

O GENRO PARTE V

  Uns amigos meus têm uma casa em Caminha, explico, têm dois miúdos um pouco mais velhos que os nossos, convidaram-me a passar lá uns dias, acho que é uma boa ideia. A Filipa sorri, eles vão adorar, concorda, mas há um outro assunto que quero discutir contigo, e eu encosto-me melhor no sofá, será que vai finalmente contar-me o que aconteceu? penso. A minha ex hesita, olha-me seriamente e diz-me que está a pensar em mudar-se para aquele local, precisam de médicos de clínica geral, posso trabalhar aqui ou numa clínica na vila, observa, já me informei, há boas escolas aqui perto. Queres tirar os miúdos da escola que conhecem, obrigá-los a começar tudo de novo? repito, Tens a certeza de que é isso que queres fazer? A Filipa suspira, eu tenho que começar tudo de novo, quero afastar-me do local onde tudo aconteceu, exalta-se e eu estendo-lhe a mão, é por isso que estou a falar contigo, preciso que tu entendas, que me ajudes. Ok, concedo, vamos explorar essa hipótese, amanhã, damos uma volta

O GENRO PARTE IV

  Fico a pensar no assunto, telefono ao meu cunhado Miguel, ele também acha que o tal vizinho é o culpado da agressão à Filipa. Mas ela não quer falar, remata, só diz que se quer ir embora, descansar, esquecer o assunto. Ela terá que falar com alguém, interrompo, se não quer falar connosco, até compreendo, mas se não desabafar, vai ser mais complicado, não quero que ela esteja sempre com medo, isso não é bom para os miúdos. O que é que vamos fazer? pergunta o Miguel, ela e a tua Mãe vão para aquela clínica de recuperação na próxima semana, eles têm terapeutas, talvez eles consigam quebrar a barreira, opino, conheço lá alguém, foi por isso que a recomendei, deixa-me ver o que se pode fazer. O Miguel concorda, nota-se que está preocupado e eu também fico. Consigo falar com o meu colega, exponho-lhe a situação, ele assegura-me que vai tentar que a Filipa fale com um terapeuta, aliás, faz parte do processo de reabilitação, explica, não te preocupes, ela vai ser muito bem tratada. O Edgar o

O GENRO PARTE III

  Indico vários locais, o Miguel diz que se encarregará de fazer as reservas e eu desafio a Clarinha a passar uns dias fora. O filho está com o Pai e com avós paternos e o Inspector Bernardes foi com a cunhada e o filho mais velho para a Vila. Preciso mesmo de Sol, praia, boa comida e boa companhia e sinto-me em forma quando regresso à cidade. A Clarinha foi ter com o irmão e com o Pai, acho que a Matilde e o Bernardo vão lá ter mais tarde. Telefono aos meus filhos e depois à Filipa que diz estar a recuperar bem, que ela e a Mãe vão para fora na próxima semana e quer que os filhos passem lá um fim de semana. Depois falamos sobre isso, digo e após a troca de mais umas banalidades, desligo. Estou a instalar-me no sofá para ver o jogo quando o telemóvel toca, fico contrariado, quero mesmo assistir ao jogo, mas quando vejo o nome da Carolina no écran, não hesito. Aconteceu alguma coisa à Filipa? É preciso ir para o Hospital? e a minha sogra ri-se, calma, a Filipa está óptima, a recuperar m

O GENRO PARTE II

  A partir daí, jantamos juntos, passamos fins de semana juntos quando temos tempo e nos apetece ter companhia, caso contrário, cada um fica em sua casa e com os seus planos. Com esta situação da Filipa, opto por deixar os miúdos em casa da Carolina, no próximo fim de semana, vamos até casa dos meus Pais e pondero a hipótese de os deixar lá. Estamos em Julho, as aulas já terminaram e os meus Pais já se mudaram para a casa da praia. Ficam radiantes quando lhe dou a novidade, a Carolina fica um pouco céptica, será boa ideia? pergunta-me, os médicos dizem que a Filipa pode vir para casa para a semana. Mais uma razão para eles ficarem em casa dos meus Pais, respondo, a Filipa tem que recuperar, tem que descansar e estes dois precisaram de correr, de pular, de se divertirem. Tens razão, concorda a Carolina, não estou a pensar direito, estou muito preocupada, a Filipa não quer falar sobre o que aconteceu. Eu sei, já tentei falar com ela sobre isso, mas ela rejeita a ideia até de falar com um

O GENRO

  Então, como vai a Filipa? pergunta-me a Clarinha naquela manhã, ainda estou no vestiário a mudar de roupa, o dia vai ser complicado e duro. Está a recuperar, respondo, diz que não se lembra do ataque, a Polícia tentou interrogá-la, mas ela recusou-se, e suspiro. A Clarinha fica em silêncio uns minutos, e os miúdos? e eu volto a suspirar, acho que não compreendem muito bem o que se passou e porque é que a Mãe está no Hospital, explico, a Filipa não os queria ver, mas a Carolina conseguiu convencê-la. Eles têm que saber a verdade, concorda a Clarinha, não a verdade total, apressa-se a dizer, mas não podem esconder que a Mãe está no Hospital. Pois, tenho que desligar, os meus colegas têm feito os meus turnos, explico, e trabalhar obriga-me a concentrar noutros problemas, noutras situações. Está a ser complicado... Calculo, comenta a Clarinha, então, não nos encontramos hoje? e eu sorrio, telefono-te ou mando SMS quando acabar. Saio do vestiário a pensar como é que me envolvi com a rebel