Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2021

O ANIVERSÁRIO PARTE IV

  A festa é um sucesso, as pessoas estão divertidas e quando o Gustavo apresenta os bilhetes de avião na altura em que cortam o bolo, alguém grita, vejam lá, não vá nascer um outro filho! A Carolina ri-se, Deus queira que não! Os cinco já me dão dores de cabeça suficientes para uma vida inteira! comenta e agradece efusivamente ao marido. A Teresa dá uma cotovela ao António, prepara-te que vou querer a mesma coisa quando fizermos 25 anos! e o companheiro sorri, tenho bastante tempo para pensar e prometo que vou ser original! É a vez da Teresa rir, mas ao reparar no ar sombrio do irmão, diz, estou muito preocupada com o Pedro! Acho que as coisas em casa não estão bem, mas sempre que tento falar disso, ele desvia o assunto! Acontece-me o mesmo e temos tido várias reuniões por causa do projecto, confessa o António, não quer mesmo falar sobre o assunto e sinto que ele está zangado, magoado! A Teresa suspira, será um problema com a Beatriz? Com o Miguel? Aquele miúdo é instável, repete, a So

O ANIVERSÁRIO PARTE III

  A última vez que falei com ele, continua o Gustavo, o Pedro estava muito cansado emocionalmente e penso que a Beatriz não o está a ajudar! A mulher volta a suspirar, eu sei, eu e a Teresa conversamos sobre isso noutro dia, diz, mas não sabemos bem como o ajudar. A Beatriz parecia ter uma visão positiva do Mundo, acho que foi isso que atraiu o Pedro, mas a maternidade modificou-a. Pois, culpa a miúda e temos novamente uma pessoa cheia de problemas, ri-se o Gustavo, mas no fundo, concorda com a mulher. A única pessoa que não vai ao jantar de aniversário é a Inês, os Pais contratam uma baby sitter e a Sofia, o Gonçalo e o Miguel ficam a fazer-lhe companhia A Maria Rosa fica em casa dos avós e a Carolina espera que não haja problemas, tens que te portar bem, ok? Inês, estás a ouvir a Mãe? pergunta e a filha dá-lhe um grande sorriso. Espero que aquela marota não faça das delas, comenta no carro, se calhar, quando chegarmos a casa, a baby sitter vai estar amarrada ou fugiu! O Gustavo ri-se

O ANIVERSÁRIO PARTE II

  A Inês rasgou o trabalho de casa do Edgar, explica o Matias, ele ficou furioso, tem que o entregar amanhã. Queria bater-lhe, eu não deixei e ele deu-me um soco. Escondo um sorriso, o Matias está ansioso, preocupado, mas a Carolina está muito séria. É a maneira correcta de resolver as coisas? pergunta, talvez não, atalho, mas vamos tentar resolver o assunto da melhor maneira. Trata do nariz do Matias, eu vou conversar com o inimigo. O Edgar está sentado numa cadeira no quarto, está de braços cruzados, muito sério. No meio do chão, estão umas folhas rasgadas, olho em volta, mas a principal suspeita deve estar escondida no quarto. Então, Edgar, o que é que se passa? e o meu filho olha para mim, desesperado, oh, Pai, tenho que entregar o trabalho amanhã, foi tão difícil fazê-lo, vou ter má nota! diz. Claro que não! Eu ajudo-te, qual é o tema? observo e o Edgar faz-me um resumo, ok, vamos ver o que podemos aproveitar... Ouve lá, porque é que não gravaste, não fizeste uma cópia? O Edgar fi

O ANIVERSÁRIO

  Quem diria que amanhã faço vinte e cinco anos de casado? E que tenho cinco filhos?  As pessoas fazem comentários engraçados, mas há quem diga que nos tempos que correm é uma irresponsabilidade. Não vejo porquê, os meus filhos são felizes e eu e a Carolina não queríamos que as coisas fossem diferentes. Claro que o nascimento da Inês foi uma surpresa, mas tivemos que nos adaptar como sempre fizemos. Não foi uma viagem pacífica, nos dois primeiros anos tivemos que viver num apartamento dos meus Pais e pouco tempo depois de nascer o Miguel, a Carolina foi despedida. Eu estava há pouco tempo numa nova empresa, tinha um contrato de seis meses e o ordenado da Carolina fazia falta. A minha mulher não desistiu, começou a fazer trabalhos de decoração como freelancer, sempre posso gerir o meu horário, dizia e dois anos mais tarde, abriu a empresa. Entretanto, eu fui promovido e conseguimos juntar dinheiro suficiente para comprar esta casa. Nesse ano, nasceu o Matias e no ano seguinte, o Edgar.

A PROPOSTA FIM

  Queres comer alguma coisa, Miguel? pergunta o Pai, o Miguel abana a cabeça, ok, lavar os dentes, fazer xixi e cama, diz o Pedro. O Miguel obedece sem uma palavra, queres que te leia uma história? sugere o Pai, mas o miúdo vira-lhe as costas. Valha-me Deus, repete o Pedro, está a ficar como a Laura. Tenho que falar com o médico e amanhã! Mas a manhã corre mal, a Maria Rosa faz uma birra, o Miguel não quer tomar o pequeno almoço e o Pedro desespera. Chegam atrasados ao infantário, o António telefona-lhe, há certos detalhes a esclarecer, pode passar pelo escritório dentro de quinze minutos? pede e o Pedro não hesita. Passa parte da manhã com o António, declina o convite para almoço, tenho uma reunião com a Administração do Grupo, explica, depois falo contigo. Vê que tem uma chamada do infantário, não tem tempo, se não conseguiram falar com ele, telefonam para a Beatriz ou para a Carolina. Não pensa mais no assunto, tem muita coisa a resolver, é um dia muito longo, está exausto quando en

A PROPOSTA PARTE V

  Pedro acaba por seguir o conselho do cunhado e marca um quarto num hotel perto do parque nacional que as irmãs recomendam. A Beatriz fica um pouco contrariada, mas gosta do spa, da caminhada e do passeio de barco. Estão os dois sozinhos, livres para conversarem, para rirem e simplesmente relaxar sem estarem preocupados com os miúdos. O Miguel está estranho, diz a avó quando o vão buscar, isolou-se, não brincou com ninguém. Passa-se alguma coisa? O Miguel tem medo do novo, não gosta de ver as rotinas abaladas, mas tens que aprender a lidar com isso, não é verdade, pá? responde o Pedro e a sogra suspira, será que o meu neto vai ser como a Mãe? A Beatriz não diz nada, também já pensou nisso, mas nunca discutiu o assunto com o Pedro, ele fica um pouco perturbado. A Maria Rosa faz uma festa quando vê os Pais, a Beatriz fica com ciúmes quando a Mãe lhe conta que a neta esteve sempre bem disposta, comeu e dormiu muito bem. Isto prova que podemos ir para fora mais vezes, afirma o Pedro, nos

A PROPOSTA PARTE IV

  A Beatriz não diz mais nada, o Pedro sente-se sufocado e resolve dar uma volta. Acaba por bater à porta da irmã, o cunhado convida-o a entrar no escritório, aqui estamos sossegados, ninguém nos incomoda, confidencia. Oh, pá, a minha sina parece ser conhecer mulheres neuróticas, desabafa o Pedro, primeiro foi a Laura com as inseguranças, depois foi a Guiomar que não queria ser " mãe" do meu filho e agora a Beatriz, uma psicóloga, alguém que teria uma mente mais aberta e atenta às necessidades dos outros, tem medo de deixar a filha com os avós. O Gustavo sorri, não vou dizer que o meu casamento com a tua irmã é perfeito, diz, mas tanto eu como a Carolina aprendemos a encontrar um equilíbrio para proporcionarmos aos nossos filhos um lar tranquilo... se bem que rapazes e a Inês sejam uns revolucionários e ponham tudo em pantanas... mas o que quero dizer é que se não estivermos bem como casal, os miúdos percebem e o ambiente fica tenso... Foi isso que lhe tentei dizer, observa o

A PROPOSTA PARTE III

  António vai precisar de certos documentos, o Pedro entrega-lhe os que tem, já previa que os pedisse, explica com um sorriso. Ok, vou fazer a minha análise, diz o cunhado, se precisar de mais alguma coisa, contacto-te e o Pedro volta a sorrir. Levanta-se, tenho que ir para casa, a Beatriz está sozinha com os miúdos, desculpa-se e quer despedir-se da irmã. A Teresa ainda está com dores de cabeça, mas a febre baixou e ela sente-se humana outra vez, comenta com um sorriso. O irmão dá-lhe um beijo, telefono-te amanhã, promete e saí do quarto. O António acompanha-o até à porta, porque não vais passar uns dias fora, recarregar baterias? sugere, estás a precisar disso e se vais assumir este cargo, tens que estar em forma. Fala com a Beatriz, os meus Pais ficam com o Miguel e os teus sogros vão gostar de estar com a Maria Rosa. Tenho pensado nisso, mas a Beatriz rejeita a ideia, não quer estar muito tempo longe da Maria Rosa, afirma o Pedro, mas estamos muito cansados e a baby sitter despediu

A PROPOSTA PARTE II

  A tarde é mais produtiva, a Carolina avisa que a febre baixou e a Teresa comeu um pouco de canja e uma torrada. Vou ter que me ir embora, diz a cunhada quando lhe telefona por volta das três, tenho uma reunião às quatro, mas a D. Conceição fica com ela até às seis. Podes estar em casa por volta dessa hora? Não te preocupes com os miúdos; já pedi ao Matias para os levar lá para casa. O António suspira aliviado, prepara tudo para sair às seis. adia umas reuniões para o dia seguinte. Já está a fechar o computador quando o Pedro lhe liga. O Pedro parece cansado, é natural com um bebé pequeno e o Miguel continua a ter pesadelos, não está fácil, confessa quando o António lhe pergunta se está bem. Eu lembro-me, não é que a Sofia e o Gonçalo não dormissem, mas estamos sempre sobressaltados, têm frio? têm calor? estão a respirar? responde o cunhado, mas o que é que se passa? A Teresa está doente e prometi estar em casa o mais tardar às seis e meia. A Teresa doente? repete o Pedro, deve estar

A PROPOSTA

  A Teresa está com uma dor de cabeça horrível, sente frio e calor ao mesmo tempo e não consegue levantar-se da cama. O António fica preocupado, a Teresa raramente está doente e para querer ficar hoje na cama, é grave. Queres que chame um médico? Levo-te ao centro de saúde? Telefono à tua irmã? o António parece uma barata tonta, sem saber exactamente o que fazer. A Teresa não consegue responder, doí-lhe tudo e por isso, o António telefona desesperado à Carolina. A irmã diz que estará lá dentro de meia hora, não te preocupes, eu trato de tudo, leva os miúdos ao infantário, diz, se for necessário, ficam lá em casa esta noite. O António respira fundo, prepara os filhos e precisa de toda a paciência do Mundo para convencer a Sofia a tomar o pequeno almoço. Mas que é isso, Sofia? Que é que te deu hoje? pergunta o António, o Gonçalo acha piada e ri-se. A Sofia atira-lhe com a colher, esta bate no copo e este tomba, espalhando o leite pela toalha e salpicando os jeans do Gonçalo. Bonito, vês

O CONFLITO FIM

  O Gonçalo tem uma reunião fora, a Rita vai à consulta da Dra Lúcia, é uma boa ideia falares sobre tudo o que estás a sentir neste momento, diz o companheiro. A Rita gosta de imediato da médica, é calma, boa ouvinte, até a leva a falar do ex-marido, o Raul. Realmente não falas muito dele, comenta o Gonçalo ao jantar, há semanas que a Rita não está tão calma, sabes o essencial, responde a companheira, foi um casamento muito atribulado e felizmente, casei com separação de bens, caso contrário, seria muito complicado. O Gonçalo não pergunta mais nada, é um assunto que ainda magoa e ele não quer que nada complique a relação entre eles. O Bernardes regressa no dia seguinte, só a Madalena e o Gustavo estão no aeroporto quando o avião aterra. A Madalena fica assustada quando vê a Matilde, alguém lhe deve ter batido, pois um dos olhos está inchado, fechado e um dos braços está engessado. O Gustavo suspira, o olhar da irmã está vazio e parece que não o reconhece. Mas??? a Madalena olha para o

O CONFLITO PARTE V

  RITA, OH, RITA, grita a Madalena, encontraram-na!!! Onde??? Como é que ela está? a Rita volta a sentar-se, não quer acreditar no que a irmã diz. Escondida num hostel, completamente bêbeda, no meio de desconhecidos, conta a Madalena, o Bernardes diz que regressam assim que ela estiver em condições... oh, Rita, não sei onde é que falhei??? Cala-te, Madalena! a Rita não sabe verdadeiramente o que sente, se aliviada, se furiosa, não te atrevas a pensar nisso! Tem calma, respira fundo... sei que isto não é o fim, mas o principal está resolvido. Conversam mais uns minutos, a Rita desliga e fica sentada mais uns minutos. Se a Matilde estivesse à frente dela naquele momento, não sei o que lhe fazia, murmura, estúpida, estúpida! Nem acredito que é minha sobrinha! O Gonçalo aparece nesse momento, tem uma dúvida acerca de um projecto, estranha vê-la assim tão calada, com o olhar fixo. O que se passa, Rita? pergunta, aconteceu alguma coisa? Encontraram a Matilde? Sim, encontram, ao que parece, c

O CONFLITO PARTE IV

  T alvez o ambiente estivesse um pouco tenso, na verdade, concorda o Gonçalo, mas daí a sermos inimigos... estás a exagerar! Então, fala comigo! pede a Rita e o Gonçalo suspira, já disse tudo ontem à noite! Tens que encontrar uma forma de deixar a situação familiar em casa e concentrar nos objectivos da empresa. Mas é isso que estou a fazer! insiste a Rita e o Gonçalo abana a cabeça, não, não estás e tivemos prova disso hoje! Notou-se que não estavas 100% concentrada no assunto, tiveste que consultar as tuas notas várias vezes e raramente fazes isso! explica. Ficam os dois calados por uns minutos e depois, o Gonçalo continua numa voz mais suave, mais calma. Também estou preocupado com a Matilde, repete, temos que dar todo o apoio possível à Madalena, mas não resolvemos nada estarmos constantemente em stress, a sentirmos culpados. Não estamos a ajudar ninguém! Até a Francisca se está a ressentir da forma como estás a agir. Está assustada, irritada, não dorme, não come bem! Não vou dize

O CONFLITO PARTE III

  O Gonçalo entra no quarto por volta das sete da manhã com a Francisca agarrada à mão. Ainda não tomou o leite, diz sem um sorriso e fecha-se na casa de banho. A Rita suspira, leva a filha até à cozinha, prepara-lhe o pequeno almoço. Faz também café, forte como o Gonçalo gosta, mas o companheiro ignora, pergunta-lhe friamente se leva à filha ao infantário. Sim, sim, responde e o Gonçalo beija a filha, não te esqueças da reunião às dez, avisa, é importante que estejas presente e saí. Ontem à noite, discuti com o Gonçalo, confessa a Rita à irmã já no carro a caminho do infantário, até a Francisca está de mau humor! Mas porquê? questiona a Madalena, não me digas que foi por causa da Matilde??? Oh. Rita, não podes deixar que isto atrapalhe a tua vida! A Dra Lúcia diz que a situação é complicada, mas não podemos perder o rumo... Eu sei, em parte o Gonçalo tem razão, temos que cuidar da Francisca, explica a Rita, acho que vou seguir o teu conselho e também vou falar com a Dra Lúcia... Parec

O CONFLITO PARTE II

  A Madalena pouco diz sobre a conversa que teve com a Dra Lúcia, mas nota-se que está mais calma e até consegue dormir algumas horas sem interrupções. Já a Rita dá tantas voltas na cama que acorda o Gonçalo. Mas o que se passa? Sei que é complicado, afirma o companheiro, mas tens que dormir. Estás exausta e começa a reflectir-se no trabalho, na forma como lidas com a nossa filha... Estás a dizer-me para esquecer que a minha sobrinha está desaparecida??? interrompe a Rita e o Gonçalo suspira. Não, não estou a dizer nada disso, explica, estou a pedir-te para falares com alguém, encontrares uma forma de relaxar, essa ansiedade está a dar cabo de ti, da Francisca, de mim... Encharcar-me de medicamentos? Estás doido, de certeza absoluta, comenta a Rita, elevando a voz. Fala mais baixo, pede o Gonçalo, a Francisca está a dormir. Demorou imenso tempo para adormecer... Isso, desculpa-te com a Francisca, não te importas com a nossa sobrinha, grita a Rita, o Gonçalo volta a suspirar, vai ser um

O CONFLITO

  O Gonçalo suspira, estava a planear este fim de semana há imenso tempo, só que com esta história da Matilde, a Rita não quer ir para lado nenhum, explica ao irmão. A Teresa diz que a Madalena está histérica, incoerente, conta o António, não se sabe mais nada? Detalhes do que sucedeu? Nada, o Bernardes foi até lá conversar com os colegas, estão a recriar os movimentos da Matilde naquele dia, diz o Gonçalo, mas até agora, não têm qualquer pista! O que é que terá acontecido? Segundo a Teresa, ela estava muito feliz, concentrada no curso, pensávamos que ela tinha ultrapassado o problema, observa o António. O problema estava controlado, corrige o Gonçalo, ela ainda era seguida pela psicóloga e frequentava as reuniões. Acho que eles lhe deram um contacto para ela continuar a frequentar as reuniões lá, o Bernardo diz que vai investigar... Sinto-me um pouco culpado, sabes? Insisti para que ela fosse... Não tens que te sentir culpado! interrompe o António, a Matilde é que não soube aproveitar

CONVITE REVISTA RABISCA

Imagem
  Foi com imenso prazer que aceitei o convite da Revista Rabisca e participei com um pequeno conto policial. Vai ser publicado agora em Setembro Espero que gostem...

A PAIXÃO FIM

  A família pensa o mesmo, embora a Rita ache que é uma boa oportunidade para a Matilde expandir os conhecimentos. Eu e o Gonçalo conhecemos muita gente e ela pode ficar em casa de alguém, sugere a Rita, mas a irmã abana a cabeça. Não sei, ela está a lidar com o problema aqui, num sítio novo, poderá sucumbir à novidade, experimentar outras coisas, responde, sei que é uma oportunidade única, mas não sei se ela está preparada para isso. Nunca saberemos se não a deixarmos, intervém o Gonçalo, compreendo as tuas dúvidas, mas se recusares, também podes despoletar uma resposta negativa e voltamos à estaca zero. O Gonçalo tem razão, Madalena, apoia a Rita, é uma decisão complicada, eu sei, mas como disse, perguntamos a um dos nossos clientes se conhece uma família onde ela possa ficar. Organizamos visitas regulares para ela saber que estamos presentes e ao menor sinal de preocupação, ela vem embora. Matilde fica radiante quando sabe que a vão deixar viajar.  Isto é uma prova de confiança, fri

A PAIXÃO PARTE VI

  Porque é que me estás a evitar? a Matilde atira a pergunta para o ar, não dês a desculpa do trabalho, conheço isso bem demais! Mas é a verdade! diz o Meireles pacientemente, Matilde, não sei bem como te dizer isto, mas eu não sou a pessoa adequada para teres uma relação. Sou mais velho do que tu, trabalho com o teu Pai... Porque é que todos me dizem isso? interrompe a Matilde, estou cansada de ouvir isso! Porque é a verdade e às vezes, custa-nos ouvir a verdade, responde o Sargento, convive com pessoas da tua idade, escuta o que têm para dizer, vais encontrar loucos na vida, não posso negar isso, mas no fundo, sabes como podes gerir isso. Compreendo que seja mais confortável ignorar isso, mas és uma pessoa inteligente, criativa e forte, repete o Meireles. Forte? Há quem pense que sou fraca, observa a Matilde e o Meireles abana a cabeça, pediste ajuda, enfrentaste o problema e olha onde estás agora! explica. A Matilde sorri, não foi, não está a ser um percurso fácil, admite ao Meirele

A PAIXÃO PARTE V

  No dia seguinte, a Matilde está irritadiça, não dormiu bem, diz à Carolina e as aulas da manhã foram muito exigentes. Á hora do almoço, a Carolina fica preocupada, a Matilda olha longamente para uma cerveja, mas depois escolhe um Ice Tea. O Meireles não tem aparecido, está cheio de trabalho e o teu Pai não está nada satisfeito, desculpa-se e a Matilde desconfia que ele não está interessado em continuar a relação com ela. O Meireles continua apaixonado, mas está cada vez mais convencido de que não é a pessoa certa para ela, a Matilde deve conhecer, sair com alguém da mesma idade, com os objectivos semelhantes, explica ao irmão. Diz-lhe, aconselha o irmão, encontra uma forma gentil de lho dizer e o Meireles encolhe os ombros, já lho disse e ela desvalorizou o assunto. Ainda por cima, é filha do meu Inspector! suspira. Por isso, continua a desculpar-se com o trabalho, saí tão tarde que o Bernardes exige que tire dois dias de folga, pois precisa de um Sargento concentrado, observa. O Sar

A PAIXÃO PARTE IV

  O Meireles responde ao SMS da Matilde, não, não se podem encontrar esta noite, está muito ocupado. O Inspector Bernardes repreendeu-o naquela manhã, o que se passa, Meireles? Sempre tão atento ao detalhe e não investigou esta dica? pergunta e o Sargento apenas pediu desculpas. O Inspector tem razão, não estou concentrado, estou atrasado com os relatórios, pensa e decide ficar a trabalhar até mais tarde. Entretanto, a Matilde fica em casa da Carolina, estão a terminar um projecto e estão muito satisfeitas com o resultado. A tua tia deu-nos boas dicas, observa a Carolina, espero é que o Professor gosta. Gosta de certeza, afirma a Matilde, ele diz para sermos criativos e nós falamos com alguém que trabalha na área há vários anos e que está ao corrente das novas tendências! A Carolina sorri, estás muito bem disposta! Aconteceu alguma coisa de especial? e a Matilde volta a ficar corada. Estou interessada em alguém...já o conhecia, mas ainda não tinha olhado bem para ele, confessa. Eu conh

A PAIXÃO PARTE III

  A Matilde segue o conselho do Meireles, telefona ao irmão e este aceita logo o convite para almoçarem juntos, às sós, frisa a rapariga, sem Pais e sem Clarinha! Oh, tolinha, achavas mesmo que estava zangado contigo? desabafa o Gustavo, fiquei irritado, confuso, não vou negar, mas NUNCA na vida te afastaria! A Matilde sorri, todos me dizem isso, confessa e o irmão dá-lhe uma palmada amigável nas costas. Bem sei que a vida pode parecer absurda, triste, cansativa, diz o Gustavo, mas temos que encontrar uma forma de a enfrentar e não vais encontrar qualquer resposta no álcool e quanto a namorados...olha, esquece e avança para outra. Dito assim, parece que é fácil, responde a Matilde e o irmão abana a cabeça, não é, pensas que nunca tive dúvidas, que as coisas nunca me correram mal? Claro que sim... concentrei-me no trabalho, no meu filho... Achas então que sou fraca? repete a Matilde e o Gustavo apressa-se a esclarecer. Não, não, podias ter falado comigo, com a tia Rita, há muita gente q

A PAIXÃO PARTE II

  A médica gosta do que está a ouvir, a Matilde está mais entusiasmada, concentrada no curso e até participa activamente nos projectos da Tia Rita. O que está a preocupar um pouco é a ligação amorosa com o Sargento Meireles, a idade pode ser uma desvantagem, o facto dele ser um subordinado do Pai complica a relação ainda mais. Quando a Matilde lhe conta que ele não a deixou ficar em casa dele, a médica aplaude mentalmente a atitude do Sargento, um homem com princípios e valores, pensa. Alto, diz, o Sargento tem toda a razão, não se precipite, Matilde, goze o momento e sobretudo, lembre-se... às vezes, é melhor ter uma amizade profunda do que uma relação maldita. Foi exactamente isso o que o Meireles disse, exclama a Matilde e despede-se.  A próxima consulta será dali a quinze dias, a médica acha que brevemente as consultas poderão ser mensais, se continuar a frequentar as reuniões, manter a rotina de estudos, claro está, frisa. A Matilde promete, a vida está a correr bem e ela sente-se

A PAIXÃO

  O Sargento Meireles está apaixonado. Tão apaixonado que está a ter dificuldades em se concentrar no trabalho e logo agora que o caso em aberto é complicado, o Inspector Bernardes está mais exigente que nunca. Contudo, o maior problema é que a rapariga por quem se apaixonou é a Matilde, a filha do boss e com menos quinze anos que ele. Além disso, o Meireles sabe que a Matilde teve relações complicadas, quer que ela se sinta confortável com ele, que pode confiar nele. E confio, diz a Matilde, não compreendo é porque estás com tantas dúvidas! Trabalho com o teu Pai, explica o Meireles, sou mais velho que tu e não te quero forçar a nada! Não me estás a forçar a nada, responde a Matilde, sei muito bem o que são relações tóxicas, tu também te deparas com situações idênticas no trabalho... acho que saberemos contornar os obstáculos! E os teus Pais? insiste o Meireles, não vão gostar da relação, porque sou mais velho e trabalho com o teu Pai. Depois, tenho um horário verdadeiramente louco...

O CLUBE DOS MIÚDOS FIM

  O discurso do Edgar é tão incoerente que nem a Inês o compreende. Vocês são uns mafiosos! remata o irmão, e eu vou ter a minha vingança! Preparem-se que vai ser terrível, vão desejar não ter nascido! Mas que disparate é esse, Edgar? a Mãe ouviu a última parte do discurso e não está nada satisfeita. A Inês engole em seco, é melhor não dizer nada, a voz da Mãe é fria, cortante, não se pode contrariar. Esta confusão com a T-Shirt termina aqui, levanta a mão quando o Edgar tenta protestar, eu disse que não quero saber! Vão ficar todos de castigo, mesmo os mais pequenos! Inês, o que é que eu disse? Vão jantar, não quero ouvir uma palavra que seja! Não há história depois do jantar, não há jogos de computador, as luzes...apagam-se às nove e meia sem excepção! anuncia. O que é que se passa aqui? pergunta o Matias, acaba de chegar, teve treino de voleibol. Nem uma palavra! repete a Mãe, e Matias, acrescenta, estás calado ou sofres a mesma sanção! Eu? diz o Matias, eu acabo de chegar! Sei lá o

O CLUBE DOS MIÚDOS PARTE V

  Estamos fritos! diz o Gonçalo quando estão sozinho, não vamos ter qualquer hipótese! Cala-te! Não digas disparates, recrimina a Inês, vamos encontrar uma solução, porque o Edgar não vai vencer! afirma com tanta veemência que os primos olham-na com algum medo. Claro, claro que não vai vencer, reage finalmente a Sofia, o que é que pensas fazer? Mas antes que a Inês responda, ouve-se um grito pavoroso. Os miúdos saem imediatamente do quarto, encontram a Filipa parada no meio do corredor, tão surpreendida como eles. Na cozinha, o Edgar e a D. Margarida discutem vivamente, se a T-Shirt está na máquina, foi porque o Edgar a pôs no cesto para lavar, afirma a governanta. Não, não, afirma o Edgar, ela estava limpa! A Inês escondeu-a! Olha que disparate! Acha mesmo que a sua irmã ia esconder a T-Shirt e logo aqui? interrompe a governanta, pense melhor e agora faça o favor de me deixar trabalhar. Mas é verdade, insiste o Edgar, mas a Filipa interrompe-o, acaba com isso, Edgar, por amor de Deus,