O GENRO PARTE V

 

Uns amigos meus têm uma casa em Caminha, explico, têm dois miúdos um pouco mais velhos que os nossos, convidaram-me a passar lá uns dias, acho que é uma boa ideia.

A Filipa sorri, eles vão adorar, concorda, mas há um outro assunto que quero discutir contigo, e eu encosto-me melhor no sofá, será que vai finalmente contar-me o que aconteceu? penso.

A minha ex hesita, olha-me seriamente e diz-me que está a pensar em mudar-se para aquele local, precisam de médicos de clínica geral, posso trabalhar aqui ou numa clínica na vila, observa, já me informei, há boas escolas aqui perto.

Queres tirar os miúdos da escola que conhecem, obrigá-los a começar tudo de novo? repito, Tens a certeza de que é isso que queres fazer?

A Filipa suspira, eu tenho que começar tudo de novo, quero afastar-me do local onde tudo aconteceu, exalta-se e eu estendo-lhe a mão, é por isso que estou a falar contigo, preciso que tu entendas, que me ajudes.

Ok, concedo, vamos explorar essa hipótese, amanhã, damos uma volta pela vila, quero conhecer tudo. Não me comprometo a nada sem falar primeiro que os miúdos.

Estamos a uma hora da cidade, reforça a Filipa, eles vão passar os fins de semana, as férias contigo, vão continuar a frequentar as casas dos avós e tu sabes que a minha Mãe está sempre a organizar almoços, jantares de família e eu faço questão de ir, sorri.

Sorrio também, tocam para o jantar, os miúdos têm imensas histórias para contar e por volta das dez da noite, assumimos o cansaço e subimos para os quartos.

A Filipa não toma o pequeno almoço connosco, os miúdos pedem licença para se levantar e explorar a piscina e quando ficamos sós, pergunto à Carolina o que é que ela pensa sobre o plano da filha.

Estou dividida, confessa, por um lado, acho que é arriscado, ela já tem uma vida organizada, mas por outro, compreendo-a.

Sair da área de conforto, vai ajudá-la a enfrentar os fantasmas, acho que é isso? insisto, mas a Carolina abana a cabeça, sinceramente, não sei, Matias, se soubéssemos exactamente o que aconteceu, e volta a suspirar.

Acho que a Filipa nunca falará connosco sobre isso, comento, seja como for, prometi explorar a vila, estudar o que tem para oferecer.

A Carolina vem connosco, a vila é agradável, tem um pequeno centro histórico bem conservado e um Clube Náutico que faz as delícias dos miúdos.

Podemos aprender a velejar, Pai? Podemos? e dançam à minha volta.

CONTINUA

Comentários

Estive a ler os episódios todos até aqui, reparo que a Filipa não confessa quem a agrediu. Vai ser complicado. Será que ela ao mudar de sítio, começando tudo de novo, vai resolver esse trauma? Hummm
Gostei!
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Coisas de uma Vida - Dando notícias...
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Beijos e abraços, e uma boa semana
Acho que comentei este capitulo. Reveja o spam :)

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