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A mostrar mensagens de março, 2023

A PRISÃO PARTE II

  É óbvio que ela sabe de alguma coisa, concluí o Inspector Bernardes ao contar a conversa com a Madame X ao Inspector Tomás, mas nunca o dirá! O Inspector Tomás respira fundo, é um homem tranquilo de poucas falas, mas é inteligente, intuitivo, temos que investigar melhor a última operação do Sargento, creio que a resposta está aí, repete. Não estou a dizer que não, afirma o Bernardes, mas é importante sabermos se e como a notícia se espalhou....e a Madame X é a última pessoa que o Meireles prendeu. Já entrei em contacto com os meus informadores, diz o Tomás, um trabalha na zona Oeste, a da Madame X, embora tenham mudado a operação mais para a Norte depois da prisão dele. O outro conhece bem a zona Leste e é onde funciona parte da rede que o Meireles tentou desmantelar. Podemos também contactar com a pessoa que nos deu as informações sobre a operação X, sugere o Bernardes, creio que essa tal Filomena fugiu para Espanha, mas para já, o melhor é controlar a informação e investigar as pis

A PRISÃO

  Fico surpreendida quando me chamam à sala comum, está um inspector da polícia à tua espera, dizem e eu fico preocupada. O que se passa? O que querem saber mais? penso, mas o homem que está à minha espera é mais velho, tem um ar sereno e faz-me sinal para me sentar. Apresenta-se como sendo o Inspector Telmo Bernardes, explica-me que quer rever uns pormenores comigo. não directamente com o caso que me trouxe até aqui, mas com o Sargento Meireles. Ah, o traidor, arrependo-me de a dizer no minuto seguinte, fico um pouco nervosa com o sorriso calmo do Inspector. É uma perspectiva, comenta, mas o problema aqui é que o Sargento Meireles foi assassinado e quero tentar perceber se está relacionado com o seu caso, frisa. O quê? O Meireles foi assassinado??? repito, não, não fomos nós!!!! e o Inspector volta a sorrir, tenho vontade de lhe bater. Tem a certeza? pergunta, tem a certeza absoluta? não, não posso garantir isso, concordo, mas não se enquadra no espírito do nosso grupo. Continua a ter

O INSPECTOR FIM

  O quê???? Como??? mas o Celso não dá mais pormenores, desliga pouco depois e eu fico ali parado no meio da varanda sem saber o que fazer. Terei que voltar à cidade, entrar em contacto com os meus superiores, tentar perceber o que correu mal na operação que teve que ser abortada rapidamente. Telefono ao Chefe dos Detectives, quero participar na investigação do caso, digo, como consultor, como quiseres, mas o Meireles era um bom sargento e devo-lhe isso. O Chefe dos Detectives concorda em encontrar-se comigo, tomo o pequeno almoço à pressa, preparo um saco de viagem, deixo as chaves com a dona do café e peço-lhe para contactar a empresa de limpeza, explico que os meus filhos chegam no próximo fim de semana. Na viagem até à capital, revejo mentalmente a conversa que tive com o Meireles, estará a Madame X envolvida no caso? creio que o sargento estava apaixonado por ela, comento na reunião combinada com o Chefe dos Detectives. O Chefe suspira, não sabemos exactamente o papel dela na orga

O INSPECTOR PARTE V

  Mas o Meireles é vago ao falar nisso e eu fico preocupado, pois não é normal que uma pessoa que sei que é ambiciosa, batalhadora esteja tão amorfa. No fim do almoço, o Meireles segue para o Centro Desportivo, eu volto para casa, encontro o gato sentado na minha cadeira. Maroto, o que é queres afinal? ralho e enxoto-o, ele foge zangado, mas cinco minutos depois, volta, instala-se no meu colo. Telefono a um colega meu, será que me pode dizer alguma coisa sobre o que se passa com o Meireles? mas o Inspector Celso pouco sabe. Suspiro quando desligo, tento escrever, mas não consigo, está uma tarde magnifica, resolvo dar uma caminhada e no regresso, paro no café. Acabo por jantar lá, é noite de karaokê, toda a gente participa e volto a sair tarde e animado. Que pena não estares aqui, Madalena! Ias gostar imenso de me ver assim tão descontraído, penso quando chego a casa. Ainda vejo as notícias antes de subir para o quarto e acordo tarde na manhã seguinte. O telemóvel está farto de tocar, r

O INSPECTOR PARTE IV

  Afasto esses pensamentos, um dos meus conhecidos do café aparece, há bingo esta semana no centro recreativo, explica, organizamos também uma pequena ceia, porque é que não vem? Surpreendo-me a dizer que sim, estou a ser bem recebido e até acho interessante a ideia do bingo e da ceia. É uma reunião interessante, até o Padre está presente e sinto-me relaxado, satisfeito. No dia seguinte, é a competição de surf de que o Meireles falou, o Gonçalo,o  filho da Teresa e do António guardou-me um lugar na frente e sigo a competição com interesse. O Meireles classifica-se para a volta seguinte no dia seguinte, por isso, abandono o local e encontro-me com o meu ex-sargento no parque de estacionamento como combinado. O Meireles continua atlético, a vestir de preto, mas há uma expressão sombria no olhar que me preocupa. Então? Quais são as novidades? pergunto quando nos sentamos para almoçar e o sargento encolhe os ombros, suspira, demora uns minutos a responder. Para ser franco, não sei, esclare

O INSPECTOR PARTE III

  Chego tarde, estou cansado, mas satisfeito, pois ultrapassei o limite que impus. Estou a abrir a porta da casa quando o vejo, um pequeno gato sentado no muro da varanda, que me olha curioso, olá, então, tu és o convidado inesperado, digo, mas ao aproximar-me, o gato foge. Se é assim que queres, encolho os ombros, entro em casa pata tomar um duche, depois desço até à cozinha para ver o que tenho no frigorífico. Instalo-me na varanda, o meu novo amigo continua escondido, abro o computador, procuro o ficheiro que abri ontem. Releio o que escrevi, assinalo uma ou outra palavra, talvez as substitua mais tarde, mas, no geral gosto da forma como a história se está a desenvolver. Estou a contar as histórias que se passam na brigada, os comentários, as brincadeiras que fazíamos para aliviar a tensão sombria que vivíamos. Até a prova de fogo a que os novatos eram submetidos, lembro-me que o meu último sargento, o Meireles não gostou muito disso. Por falar em Meireles, há muito que não sei dele

O INSPECTOR PARTE II

  Resolvo dar uma volta a pé, talvez vá até ao Centro e estudar o que oferecem, tenciono ficar cá umas semanas. A Rita e o Gonçalo foram viajar, entre alugar a estranhos e a ti, dizem, preferimos que sejas tu a ficar lá, sabemos que não vais estragar nada. Os meus filhos também resolveram viajar, não sejas chato, declara a Clarinha, podias vir connosco, seria ultra divertido, mas abano a cabeça, não me apetece andar a correr de um lado para o outro. Aqui, respira-se ar puro, come-se melhor e gosto das conversas descontraídas no café, as pessoas agora confiam em mim, trocamos confidências. Sinto menos a ausência da Madalena, a mente está ocupada com outras coisas e decido jantar em casa. Sento-me em frente do computador, abro o Word e fico a olhar para a página em branco durante longos minutos. As ideias organizam-se finalmente e quando olho para o relógio, já passa das nove da noite. Melhor fazer um intervalo, penso, comer qualquer coisa, vejo que há um SMS, é da Matilde e da Clarinha,

O INSPECTOR

  Finalmente.... é a minha vez de falar.... Estive quase sempre na sombra, deixei que a Madalena e os meus filhos fossem os protagonistas das histórias, mas agora tenho que falar... Da ironia do destino, eu é que tive problemas de saúde e foi a Madalena quem morreu primeiro. Sinto muito a falta dela, do sentido de humor, da franqueza, da compreensão, pois sei que não é fácil ser-se mulher de um Inspector. Mas nunca me recriminou...e estou-lhe grato por isso. Fiquei surpreendido com a decisão da Clarinha, viver comigo para "teres companhia, estou a ficar um pouco farta de andar de um lado para o outro" explica e eu aceitei a ideia, até quando vai durar, não sei, mas a casa está mais alegre, tem mais movimento. Os meus filhos estão surpreendidos com a minha tolerância, sou um avô simpático e gosto de pensar que sou divertido. Claro que imponho limites, os netos aprenderam a não os ultrapassar e a vida não pode correr mal. Agora que sou reformado, pensei em escrever um livro, te

O CONFLITO FIM

  É o meu Pai quem fala no assunto, conheces uma tal Conceição Leal? Não é aquela mulher que te estava a perseguir? pergunta. Estamos a almoçar os dois num restaurante à beira rio, sim, chama-se Conceição Leal, confirmo, mas porquê? Não te posso dar detalhes, responde o Pai, mas ela está implicada num caso de corrupção e lavagem de dinheiro. Bem disse ao Bernardo, exclamo, ele acha que tenho a imaginação muito fértil, mas cresci num ambiente onde se falava disso e identifico os sinais. O Pai ri-se, e eu não falava muito no assunto, a tua Mãe dizia que a casa era sagrada, diz e ficamos os dois calados por uns minutos. Tenho saudades dela, confesso, o Pai suspira, também eu! admite, a Clarinha e o Luís enchem a casa, mas... A Mãe era a Mãe, continuo e o Pai sorri-me. Despedimos-nos pouco depois, gozo o Bernardo indecentemente e esquecemos o assunto. Afinal, temos outros projectos para desenvolver, este é apenas um percalço no nosso percurso. Não penso mais na Conceição, não sei o que lhe

O CONFLITO PARTE V

  Calam-se, já não têm idade para este tipo de comportamentos, corta a voz serena do Pai e acabamos de comer em silêncio. Após o almoço, eu e o Pai conversamos sobre o que está a acontecer, concorda com o que estou a fazer, dá novas dicas. Contudo, a Conceição não me envia mais mensagens e eu relaxo, procuro novos locais para me divertir, é uma lotaria, confesso ao Bernardo, vais acabar por a encontrar, a cidade pode ser grande, diz o meu cunhado, mas frequentamos todos os mesmos locais! Um dia, num restaurante no cais, encontro um casal, lembro-me vagamente deles, estavam com a Conceição no Bar da Praia, mas eles reconhecem-me, é o Gustavo, não é? perguntam, somos a Lena e o Alexandre, estivemos no Bar da Praia no Verão. Realmente, estive na zona este Verão, admito, mas, lamento, não me lembro de vocês, ah, estávamos com a Conceição, sabemos que estiveram juntos mais tarde, confirma a Lena. Ah, sim, como estão? e o casal sorri, e a Conceição não está com vocês? e o sorriso da Lena des

O CONFLITO PARTE IV

  Desligo a chamada e vou dar uma volta pela bairro para desanuviar, que mulher intratável!.penso, e não, não fico preocupado se não participar no dito projecto. Contudo, a dita empresa contacta-nos pelos canais normais, apresentamos uma primeira proposta, somos seleccionados para uma reunião preliminar. Espero que a Conceição não esteja presente, confidencio ao Bernardo enquanto seguimos a recepcionista até à sala de reunião e o meu cunhado encolhe os ombros, tem calma! aconselha, ela não trabalha sozinha, deve estar acompanhada por outras pessoas. A Conceição está presente, como representante do Departamento Financeiro, mas, tal como diz o Bernardo, há outras pessoas presentes. Não gosto do sorriso trocista dela, evito contacto directo com ela, exponho as ideias, respondo às questões colocadas pela equipa. Passa-se depois às questões financeiras, a área do Bernardo e estamos os dois satisfeitos quando nos despedimos. Resolvemos almoçar num restaurante ali perto, achas que vamos conse

O CONFLITO PARTE III

  Divertir, diverti-me, a Conceição é divertida, mas há qualquer coisa nela que me põe de sobreaviso. Não sei o que é, desabafo com o Bernardo na segunda-feira, se a forma como ri? a cara de aborrecida quando o assunto não lhe interessa?...Não sei.... Pois, já tiveste uma mulher assim, aborrecida, sempre do contra, concorda o meu cunhado, compreendo que não é fácil....ainda bem que a Matilde é faladora e agora com os miúdos, quando queremos verdadeiramente falar, vamos jantar fora!!! Rio-me, a minha irmã teve uma fase em que não podíamos falar com ela, recordo, ainda bem que a ultrapassou, estou um bocado farto de irmãs originais. É a vez do Bernardo rir, tu também és um irmão original, diz, se tu não estás feliz, a Matilde também não está. Suspiro, temos um dia complicado pela frente, não podemos perder tempo a fazer reflexões e nem dou conta da mensagem entrar. Ao fim do dia, leio finalmente as mensagens e fico surpreendido com o tom agressivo das da Conceição. Mas esta mulher é malu

O CONFLITO PARTE II

  Regressamos à vila, voltamos a casa e ao trabalho, estamos tão ocupados que só consigo ligar à Conceição passado quase um mês. A Conceição aceita o meu convite para jantar, escolho um restaurante discreto e a Conceição é pontual. Demoramos-nos no bar a saborear um aperitivo e já passa das oito e meia quando nos sentamos para jantar. A escolha do prato é complicada, a Conceição acaba por pedir um bife grelhado e eu fico um pouco confuso, pois é um restaurante famoso pela sua culinária. Tenho que ter cuidado com a linha, explica e rejeita a entrada, a expressão do empregado não revela nada, mas no fundo, deve achar que ela é maluca. Falamos dos respectivos trabalhos, a Conceição é delegada de propaganda médica, viaja muito, descobrimos que estivemos no mesmo SPA na Tailândia. Deixo-a em casa, ela convida-me para uma última bebida, mas eu invento uma desculpa e volto para a minha. Na manhã seguinte, telefono ao Bernardo, desafio-o para uma corrida no parque e conto-lhe o que se passou n

O CONFLITO

  Conheço a Conceição no Bar Grande da Praia, eu, a Matilde e o Bernardo estamos a passar uns dias na região. Depositamos as crianças em casa da Tia Rita e do Tio Gonçalo no Centro da Vila, eles vão passar os dias no Centro Desportivo e nós estamos a descansar dos gritos, das discussões e afins. A Conceição é um pouco parecida com a Tia Rita, alta, elegante, sexy, sinto-me atraído de imediato e por isso, quando a Matilde e o Bernardo dizem que vão voltar para o Hotel, eu fico a conversar com ela e o grupo de amigos. No fim da noite, trocamos os números de telemóvel, combinamos encontrar-nos para almoçar quando regressarmos à cidade. Tem cuidado, avisa a Matilde no dia seguinte ao pequeno almoço, não vás ter que lidar com uma nova maluca como a Vera, não a convides já para viver contigo! e o Bernardo ri-se. Encolho os ombros, a Vera era completamente maluca, admito, quase me destruiu a cozinha, mas não podemos generalizar e depois, acabo de a conhecer. O Bernardo volta a rir-se, a minha

A DISCUSSÃO FIM

  A visita dos primos é um sucesso, a Clarinha arrisca e convida o filho para o almoço de família no próximo domingo. O Mateus mostra-se renitente, mas tanto a mulher como a Mãe acham uma boa ideia e o Luís fica fascinado por descobrir que tem um outro Avô, que é Inspector da Polícia e um grupo de primos simpáticos e divertidos. Adora as histórias que lhe contam, quer conhecer a loja onde a Avó Madalena trabalhava e a Clarinha acha que está pronta para o ter em casa para passar o fim de semana e porque não, parte das férias. O Mateus opõe-se veementemente, mas o Inspector convida-o para almoçar e discute calmamente o assunto com ele. Ele, o Avô Telmo estará presente, a Clarinha decidiu ficar em casa do Pai, faz renovações no quarto que partilhava com a Matilde e transforma o do Gustavo num " retiro mágico " para o filho. Por isso, o Mateus tem que ceder, o juiz também aprova. No primeiro fim de semana que o Luís fica em casa do Avó, os gémeos também lá estão e o Inspector tem

A DISCUSSÃO PARTE V

  O Mateus mostra-se irredutível, o caso segue para Tribunal e o juiz determina um regime de visitas: a Clarinha verá o filho duas vezes por mês em casa da avó paterna. Não entendo a Clarinha, desabafa a Rita com o marido, os sobrinhos adoram-na e tomou aquela atitude com o filho! Não te sei responder, confessa o Gonçalo, mas a Clarinha foi sempre problemática e desisti de a tentar entender. A Rita não responde, sabe que o Gonçalo tem razão, espera que a Clarinha conquiste o filho e se torne a Mãe que ele precisa. O Mateus está presente, mal a cumprimenta quando chega, mas a sogra mostra-se afável, sugere um passeio pelo jardim. O Luís está um pouco desconfiado, leva a bola, a Clarinha pergunta-lhe se quer jogar futebol e o miúdo olha-a desconfiado. Sou muito boa, assegura a Clarinha, jogo com os teus primos e para demonstrar como sabe jogar, tira-lhe a bola, dá-lhe um pontapé e a bola passa por entre dois canteiros. Aquilo pode ser a baliza, diz a Mãe e o Luís corre a buscar a bola, d