O INSPECTOR FIM

 

O quê???? Como??? mas o Celso não dá mais pormenores, desliga pouco depois e eu fico ali parado no meio da varanda sem saber o que fazer.

Terei que voltar à cidade, entrar em contacto com os meus superiores, tentar perceber o que correu mal na operação que teve que ser abortada rapidamente.

Telefono ao Chefe dos Detectives, quero participar na investigação do caso, digo, como consultor, como quiseres, mas o Meireles era um bom sargento e devo-lhe isso.

O Chefe dos Detectives concorda em encontrar-se comigo, tomo o pequeno almoço à pressa, preparo um saco de viagem, deixo as chaves com a dona do café e peço-lhe para contactar a empresa de limpeza, explico que os meus filhos chegam no próximo fim de semana.

Na viagem até à capital, revejo mentalmente a conversa que tive com o Meireles, estará a Madame X envolvida no caso? creio que o sargento estava apaixonado por ela, comento na reunião combinada com o Chefe dos Detectives.

O Chefe suspira, não sabemos exactamente o papel dela na organização, responde, desmantelamos uma pequena célula, ela era a chefe. Temos controlado as visitas dela, os telefonemas, mas não há de suspeito a assinalar, se tem contactos exteriores, ela é muito discreta.

Gostava de a interrogar, interrompo, ver como ela reage quando lhe disser que o Meireles morreu; talvez haja movimento. Preciso é de ter acesso aos dossiers do Meireles, acrescento.

O Chefe fica pensativo uns minutos, a tua experiência é valiosa, podes trabalhar como consultor, mas gostava que fosse o Inspector Tomás a encarregar-se da investigação.

Quem é o Inspector Tomás? pergunto e o Chefe abana a cabeça, foi promovido recentemente, será a sua primeira grande investigação e o ponto positivo é que não conheceu o Meireles, terá uma outra perspectiva, observa, mas a tua experiência é uma mais-valia, tanto mais que foste tu quem treinou o Meireles e podes preencher as lacunas!

Não era bem isto que eu queria, mas compreendo o ponto de vista do Chefe, estou muito próximo, posso não ver as coisas objectivamente.

Por isso, concentro-me em analisar os dossiers dos casos recentes do Meireles, a tentar descobrir se há neles alguma pista que nos ajude a decifrar o assassinato.

O que é que tu fizeste, Meireles? repito várias vezes, mas não o digo alto.

FIM

Comentários

Pois, agora ficamos sem sabem que o matou! Mais um belo conto. Parabéns, Marta! Obrigada.
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As flores, que no silencio, me olham
.
Beijo e uma excelente semana.
Elvira Carvalho disse…
Ó Marta, o Meireles? Uma das personagens de que mais gostava...
Enfim a ficção é como a realidade, não é mesmo?.
Mas hoje saio daqui triste.
Abraço e saúde

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