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A mostrar mensagens de agosto, 2020

MIGUEL

Um outro bebé? Mas que ideia é essa? Os Pais a terem sexo?  Não achei piada quando o Matias e o Edgar nasceram, mas eram rapazes e impus logo regras que eles obedecem cegamente. Mas uma rapariga chata, idiota... poupem-me; por isso, tento não estar muito em casa. O Matias e o Edgar estão um pouco confusos, tudo roda em torno da Inês, devia dar-lhes um pouco mais de atenção, mas estou farto das perguntas deles. Os Pais estão exaustos, a Filipa está ocupada com a Universidade, ninguém percebe que chego tarde, às vezes nem janto. Até ao dia em que resolvo beber um pouco mais que a conta e fico um pouco alegre. Acendo a luz do corredor, dou um pontapé no armário e escorrego no chão da cozinha. Tento agarrar-me à cadeira, mas esta caí comigo e o Pai aparece quase de imediato. " És tu, Miguel? Sabes que horas são?" e ajuda-me a levantar. " Tantos discursos ao Matias e ao Edgar sobre regras e ser-se civilizado e para ti, isso saí pela janela!" recrimina o Pai " Vai to

O JANTAR MISTÉRIO - FIM

" E, agora aparece com esta Dra Francisca. Será que trabalham juntos como ele diz ou é só uma fachada?" observa a Rita. A Teresa fica calada, está pensativa e de repente, abre a porta da cozinha e chama: " Oh, Pedro, és capaz de vir aqui à cozinha? Precisamos da tua ajuda!" e volta a fechar a porta. " O que é que vais fazer?" pergunta a Rita, mas a Teresa abana a cabeça e murmura, espera, já vais ver. O Pedro obedece ao pedido da irmã, entra na cozinha bem disposto com um copo de gin na mão. " O que é que se passa? Ups...vocês estão com um ar tão sério!" comenta ao ver a irmã e a Rita encostadas à bancada. " Quero saber quem é exactamente esta Dra Francisca... " pergunta a Teresa. " Já o disse. É uma das Directoras da Empresa, está cá para supervisionar o projecto que estou a desenvolver. Está sozinha, o Gonçalo disse que podia trazer uma amiga e se bem que a Dra não o seja verdadeiramente, achei que seria de boa educação convidá-l

O JANTAR MISTÉRIO - PARTE VI

A Sofia e o Gonçalo ficam em casa com a prima Filipa e o namorado, a Teresa e o António estão descontraídos e felizes. O quê? O meu irmão Pedro também vem jantar? A Teresa está admirada, tem falado com ele ao telefone, ele apareceu uma ou duas vezes na loja, mas quase nunca está disponível para um almoço ou um jantar. Então, somos dois, comenta o Gonçalo, também não estou com ele há imenso tempo e a Rita achou que este jantar seria uma boa oportunidade para estarmos juntos. O António aceita uma bebida e pergunta ao irmão baixinho: " Passa-se alguma coisa? " e o Gonçalo finge-se espantado. " O que queres dizer com isso? " e o António abana a cabeça, também conheço a Rita, murmura. Tocam à campainha, deve ser o Pedro e a amiga, diz a Rita e apressa-se a abrir a porta. No patamar, estão o Pedro e uma senhora alta, elegante, de cabelo grisalho. Tal é o espanto que a Rita não consegue falar por uns segundos, onde está a Margarida? quem é esta? " Olá, Rita. Podemos e

O JANTAR MISTÉRIO - PARTE V

" Talvez seja essa razão, o Pedro quer estar com uma mulher diferente da neurótica da minha irmã!" protesta o Gonçalo " Bolas, Rita, fomos lá para nos divertirmos e tu estás preocupada com o que se passa com o Pedro!" " Tens que concordar que tudo aquilo é muito estranho!" defende a Rita " Duas mulheres diferentes numa questão de meses! O que é que ele quer provar? " " Não sei! Não o vejo há algum tempo, estamos os dois concentrados nas carreiras e com o divórcio, as coisas estão diferentes." insiste o Gonçalo " Porque é que estamos a falar do Pedro? Esquece o Pedro e a idiota da companheira." Mas a Rita não está pronta para esquecer, não sabe se deve abordar o assunto com a Teresa e com a Carolina. No fim do mês, vai haver uma reunião na loja para discutirem a expansão e como é um dos sócios, o Pedro vai lá estar. Claro que não vai levar a Margarida, a Rita tem a certeza disso, mas é melhor avisar as irmãs. " Acho que fa

O JANTAR MISTÉRIO - PARTE IV

A Margarida revela-se um pouco fútil e como diz a Rita mais tarde à Aída, as palavras favoritas são " extraordinário" e " maravilhoso". " Extraordinário encontrares amigos aqui, Pedro. O Mundo é pequeno!" diz e o Pedro explica-lhe que o Gonçalo e a Rita são responsáveis pelo design do flyer. " Maravilhoso! Gostei muito das cores!" comenta a Margarida e a Rita quase se engasga com o champagne. Nesse momento, anunciam o jantar, a Margarida solta um gritinho e prende a mão do Pedro. " Estou curiosa para saber o que vão servir. Deve ser maravilhoso! E pensar que não querias vir!" e o Pedro cora novamente. " Ah, sim e porque não, Pedro?" repete a Rita, mas a Margarida está apressada, quer saber onde se vão sentar e puxa-lhe pela mão como uma criança excitada. O Gonçalo e a Rita ficam onde estão, respiram fundo e depois desatam a rir. " Onde é que ele a desencantou?" pergunta a Rita e o Gonçalo encolhe os ombros. " Nã

O JANTAR MISTÉRIO - PARTE III

Dão a password ao segurança na entrada, confirmam o nome com a recepcionista, que lhes diz que vão jantar na mesa VIP. Somos pessoas importantes, murmura a Rita, o Gonçalo ri e aceitam um taça de champagne de um dos barmen. Apreciam a decoração do espaço, há fotos gigantes do David Bowie nas paredes e a música ambiente são as canções mais famosas dele. " Ainda não percebi porque é que disseram para trazermos qualquer coisa vermelha!" diz a Rita. " Deve ter a ver com alguma das canções do Bowie!" responde o Gonçalo despreocupadamente. Já há vários grupos espalhados pela sala, são amigos, conhecem-se? questiona-se. A Rita aceita uma outra taça de champagne, está curiosa em saber quem serão os companheiros de mesa, espera que sejam pessoas interessantes. Vai comentar isso com o Gonçalo, que está já a falar com alguém quando vê o Pedro no centro da sala. A companheira dele, uma loira sedutora, aperta-lhe o braço possessivamente e ri-se alto. O quê? O Pedro aqui? A Rita

O JANTAR MISTÉRIO - PARTE II

No sábado, por volta das cinco da tarde, o Gonçalo recebe um SMS dos organizadores do jantar. " Tema: David Bowie. Obrigatório: utilizar qualquer coisa vermelha. Local: Antiga discoteca Alameda, Rua do Couteiro....Hora: 20h00. Password: Red." lê. " Ok, até gosto do David Bowie!" diz a Rita " Qualquer coisa vermelha? Umm, tenho uns sapatos vermelhos!"  " Eu vou comprar uma gravata vermelha.. Ou uma camisa? O que achas? " questiona o Gonçalo. " Uma gravata! Uma camisa vermelha é muito espalhafatosa..." explica a Rita. " O Nicolau usa!" brinca o Gonçalo. " Mas o Nicolau é um professor boémio; pode usar o que quiser. Aliás, se usasse roupa convencional, seria estranho. Tu tens uma imagem a preservar no mercado!" exclama a Rita. O Gonçalo ri-se, ele gosta do " casual chic", a Rita defende uma imagem mais clássica e nem sempre estão de acordo. Mas isso é apenas um pormenor e é por isso que sai com um sorriso de c

O JANTAR MISTÉRIO

É o Gonçalo quem aceita fazer o flyer para o dito jantar misterioso. A Rita fica um pouco desconfiado, um jantar misterioso, não se sabe a ementa nem o local e é preciso uma password para entrar? mas o que é isso, pergunta. O Gonçalo só se ri; por alguma razão se chama misterioso, vamos lá pensar no flyer/convite. " Ah, vamos ser convidados VIP nesse jantar.... " acrescenta e ao ver o ar espantado da Rita, ri novamente " Não te preocupes; não vai acontecer nada ilegal. Vamos apenas divertir-nos." " Espero bem que sim!" conta a Rita à Aída ao fim da tarde. É quarta-feira, o António está um pouco atrasado para a sessão. " Um jantar misterioso? Tipo Harry Potter?" pergunta a Aida. " Espero bem que não! Vi os filmes por causa dos meus sobrinhos, mas participar num jantar com esse tema, é o meu limite!" responde a Rita e a Aida ri. O António chega entretanto, pede desculpas pelo atraso e a sessão começa. A discussão sobre a lista de livros a

A IRMÃ DO MEIO - FIM

  " Cala-te!" vocifera o Gustavo e tenta expulsar-me do quarto, mas eu não cedo. " Não vês que estás armado em parvo? Desde que entraste na Universidade, andas com o Rei na barriga." continuo " Já sabes como os Pais são: basta cumprirmos as regras." " O Pai gere isto como se fosse uma esquadra!" diz o Gustavo " E eu não sou um criminoso!" " Não sejas idiota! Que ideia, isto não é uma esquadra, é uma casa com regras para beneficio de todos!" defendo " A Mãe tem toda a razão: estás muito arrogante!" " Mas qual é a tua?" pergunta o Gustavo " O que é que tu sabes disso? És uma fedelha indecente! Andas por aí com esse ar desconsolado, como se fosses uma falhada!" Voa uma bofetada, o Gustavo prende-me os braços, abre a porta e empurra-me para fora do quarto. " És um parvalhão!" grito novamente, mas o Gustavo não reage. Está muito sério, a olhar em frente. Viro-me e vejo a Rita  no meio do corr

A IRMÃ DO MEIO - PARTE VI

O Gustavo não me atende, talvez porque entretanto , o Pai chega ao Astúrias, encontra o Gustavo a preparar-se para a noitada e obriga-o a voltar para casa. O Gustavo protesta, já tenho dezoito anos, não sou um garoto irresponsável, mas o Pai responde que, uma vez que se está a comportar como tal, é exactamente assim que o vai tratar. " Por causa do que aconteceu com a Clarinha?" repete o Gustavo e o Pai suspira, aconselha-o a pensar em tudo o que tem feito ultimamente, se não encontrar a resposta, não está preparado. " Para quê?" questiona o meu irmão, mas encontra apenas o silêncio. Os Pais pedem-nos para voltarmos para os nossos quartos, estão muito desapontados connosco, o que acho injusto, porque não fiz nada. " Estás a ver? Tu é que fazes a asneira e eu é que pago!" digo e dou-lhe um safanão. " Está calada, miúda!" o Gustavo está aborrecido, os colegas devem estar a fazer troça dele por o Pai ter aparecido no bar " Como é que o Pai soub

A IRMÃ DO MEIO - PARTE V

A música continua alta, a Clarinha bate-me à porta, quero dormir e não consigo. " Gustavo, GUSTAVO, baixa a música!" grito, mas o meu irmão finge que não ouve. Bato novamente à porta, os Pais apercebem que há qualquer coisa de errado e aparecem no corredor. " Mas o que é que se passa?" o Pai está aborrecido, quer ler o jornal, ouvir um pouco de música. " É o Gustavo, está a ouvir música tão alta que ninguém consegue dormir!" explico. " Ele sabe que não pode fazer isto!" diz a Mãe e abre a porta do quarto que está completamente às escuras. Só o PC está ligado a " vomitar " música. O Pai acende a luz, o quarto está vazio e desarrumado. " Gustavo, Gustavo, aparece imediatamente. Não tem piada!" chama a Mãe e o Pai abre o armário, era o local favorito do meu irmão para se esconder quando era pequeno. A janela está aberta e a Mãe vê que o anorak, o telemóvel e as sapatilhas desapareceram. " Foi dar uma volta!" observa o P

A IRMÃ DO MEIO - PARTE IV

  " Oh, Madalena, não estarás a exagerar?" pergunta o meu irmão. " Mas que falta de respeito é essa?" diz a minha Mãe " Estás a falar comigo, não com uma das tuas amigas que queres impressionar! Pede desculpa, não te admito esse tipo de conversas." O Gustavo fica muito vermelho, mas não diz nada. A Mãe insiste, o Gustavo continua calado como se tivesse toda a razão. " Gustavo, estou à espera que me peças desculpas." a Mãe está muito séria e eu olho ansiosamente para o meu irmão. " Vá lá, Gustavo, pede desculpa." sussurro, mas ele não ouve. " O que é que se passa aqui?" o Pai entra na sala, está com um ar cansado, decerto não quer ouvir discussões familiares. " Estou à espera que o Gustavo peça desculpas pela falta de respeito e arrogância que acaba de demonstrar." explica sucintamente a Mãe. " Pede desculpa à tua Mãe, Gustavo. Estás a comportar-te como um miúdo!" e é o suficiente para o Gustavo se levantar

A IRMÃ DO MEIO - PARTE III

Quem é a Natália? E a Glória? Como é que elas me podem ajudar? quero perguntar, mas o que digo não agrada nada à Rita. " Não estás a perceber nada! Não sei o que quero estudar!" grito e a Rita volta a ficar muito séria. " Tens a certeza de que é isso que queres fazer, Matilde? Atenção! Não estás a ser bem-educada; só estamos a sugerir que fales com alguém que trabalha na Universidade e que te pode orientar." " Vá lá, Matilde, vai falar com elas. Tenho a certeza de que te vão ajudar!" aconselha a Teresa. A Mãe fica um pouco relutante quando sabe da visita à Universidade, a coordenadora não te pode ajudar? pelos vistos, não está a fazer um bom trabalho, responde tranquilamente a Rita que vai comigo. A Natália e a Glória são uma simpatia, fazem-me uma visita guiada às instalações, explicam-me os cursos, as saídas profissionais e até me deixam conversar com um aluno de mestrado. À saída, encontramos o amigo da Rita, aquele velhote engraçado com a boina basca e

A IRMÃ DO MEIO - PARTE II

Escondo-me na cozinha, a boa disposição dos outros está a dar-me dores de cabeça. Trouxe o meu diário, queixo-me de tudo e de todos. Sinto-me aliviada, mas não volto para a sala. Deixo-me ficar ali até a Rita me encontrar. O Gonçalo vem atrás dela, trocam um longo beijo e riem. " O que fazes aqui, Matilde? Porque é que não estás na sala com os outros?" pergunta a Rita. O Gonçalo não diz nada, limita-se a abrir a porta do frigorifico à procura de qualquer coisa. " Nada! Estou a escrever!" respondo e fecho o diário.  A Rita senta-se ao meu lado e insiste. " A ideia do almoço é conviver com as pessoas, trocar ideias. O teu irmão e o Bernardo desafiaram o António e o teu Pai para um jogo de bilhar. Vem ver." " Não quero! Quero ficar aqui!" quase grito e a Rita fica muito séria. " Matilde, o que é que se está a passar contigo? Não te vou deixar ficar aqui sozinha!" diz e percebo que está a ficar zangada. O Gonçalo encontrou o que queria e de

A IRMÃ DO MEIO

Detesto ser a irmã do meio. Estou no meio da ponte, não, não te interessa, diz o Gustavo e a Clarinha só pensa nas bonecas. O Pai está sempre muito ocupado, a Mãe suspira por uns minutos só para ela e até a tia Rita está um pouco distante. E, eu? Estou cheia de dúvidas, não sei se quero seguir ciências ou letras e a coordenadora confunde-me com a variedade de cursos disponíveis. Não, não quero estudar design de comunicação... Não, não quero ser engenheira informática; nem sei o que isso é! Por isso, estou com este ar aborrecido no almoço de domingo em casa da Tia Rita e do Gonçalo. O Gonçalo é " um pedaço de mau caminho" como diria a D.  Luísa, parece que ouviu a expressão numa novela brasileira e ficou surpreendida quando lhe perguntei o que significava. " Não é óbvio? Um belo homem que nos faz suspirar... mesmo uma velhota como eu!" acrescenta. Começo a ver o Gonçalo com outros olhos, meto os pés pelas mãos quando fala comigo e fico furiosa porque ele é tão simpát

O PROBLEMA - FIM

Os Pais resolvem contar uma versão simplificada dos acontecimentos à Clarinha. Como os Pais morreram, ela ficou à guarda da Segurança Social, eles souberam da história e como tinham filhos pequenos, adoptaram-na. Ela está a crescer numa família com muito amor, a Matilde e o Gustavo adoram-na e se calhar, a Sofia tem ciúmes porque não tem irmãos para brincar com ela. A Clarinha ouve-os atentamente, a Madalena não tem a certeza de que ela percebeu, porque a menina não diz nada. " Talvez seja melhor escolher outra escola e outro ATL. O que achas? " pergunta ao marido enquanto se preparam para deitar. " Vai ser complicado conseguir vaga noutra escola. Podemos falar com a escola, pedir para a colocarem noutra turma." aconselha o marido " A Sofia deve ter ouvido a avó a falar com a Mãe sobre o assunto; a Carla diz que estava a brincar no corredor." " Mas foi o suficiente!" suspira a Madalena " Sei que lhe teríamos que dizer um dia, mas nunca pense

O PROBLEMA - PARTE V

  A auxiliar é a primeira a reagir, pega no braço da Sofia e afasta-a da Clarinha. " Que coisa feia, Sofia! Isso não se diz! A menina está a ser muito má!" e faz sinal à educadora, vai sair da sala com a Sofia e os outros meninos. A educadora fica sozinha com a Clarinha que está com um ar muito infeliz.  " A Sofia falou sem pensar, Clarinha!" diz a educadora " Não, não vamos chorar por causa disso, vamos esquecer o que se passou. A Sofia vai pensar no que disse e depois pede desculpas." Mas a Clarinha desata a chorar e a educadora acha melhor chamar a Mãe. Suspira, um assunto tão grave como este não deve ser discutido em frente das crianças. Tanto a Madalena como o Inspector Bernardes têm o telemóvel desligado, atende o Gustavo quando tenta o fixo. O Gustavo prontifica-se a ir buscar a irmã, ele avisa os Pais depois, não se preocupe, nós tratamos disso, explica. Meia hora depois, apresenta-se à educadora, é educado, cheio de charme, vai arrasar corações, c

O PROBLEMA - PARTE IV

Naquela semana, o Brites almoça com a ex-mulher e conta-lhe rapidamente a história. A Carla fica abismada, não, nunca disse à Sofia que a Clarinha era adoptada, a miúda nem deve saber o que é isso, começa por dizer, mas depois cala-se. " A não ser...'" e o Brites insiste, a não ser o quê? " A minha Mãe passou uns dias connosco e perguntou-me pela Clarinha. Elogiou a Madalena e o Bernardes por estarem a criar a Clarinha como se fosse mesmo filha deles..." diz a Carla lentamente " A Sofia estava a brincar no corredor, será que ouviu? Oh, meu Deus!" " Só pode ter sido..." concorda o ex-marido " Mas não sei se será uma boa ideia falar com a Sofia sobre isso; isto pode tornar-se numa bola de neve e há muita gente que vai ficar magoada." " Podemos abordar o assunto de forma ligeira, tipo, a Clarinha está magoada contigo, o que é que lhe disseste?" sugere a Carla. " Vamos ver se há alguma diferença no comportamento das duas.

O PROBLEMA - PARTE III

A Madalena fica preocupada quando sabe da história, mas o marido aconselha calma. Ele e o Brites seguiram caminhos separados, mas ainda almoçam juntos de vez em quando e vai tentar saber o que se passou. " Alguém falou nisso em frente da Sofia e não acredito que tenha sido o Brites." comenta o Inspector. " Mas o Brites sabe da história?" questiona a Rita e a irmã atalha: " Claro que sim; ele ajudou na investigação e há uma diferença de meses entre a Sofia e a Maria Clara. Ainda era casado com a Carla na altura e por isso, deve ter comentado com ela. Mas o que eu quero saber é porque é que ela falou no assunto e em frente da filha!" a Madalena está muito nervosa e a Rita compreende a indignação. O Brites, conta o Bernardes mais tarde, ficou bastante admirado e acha quase impossível que tenha sido a Carla a falar no assunto. " A Carla não ia falar num assunto tão delicado em frente da Sofia. A Carla é muito honesta, nunca iria falar de um segredo, digam

O PROBLEMA - PARTE II

A Clarinha diverte-se no Clube, a Rita sorri quando a ouve rir e a miúda parece satisfeita quando entram novamente no carro para voltarem para casa. " Tia Rita..." a Clarinha interrompe os pensamentos da Rita " Sou mesmo filha dos meus Pais?" A Rita fica tão espantada que trava a fundo; felizmente, não vem ninguém atrás delas. " Que história é essa, Clarinha? Claro que és filha da Madalena e do Bernardes..." responde quando recupera o fòlego. " A Sofia diz que não." explica a Clarinha e a Rita fica confusa, a única Sofia que conhece é a filha da Teresa e do António e tem uns dois anos. " Quem é a Sofia? Uma amiginha do ATL?" insiste a Rita e a Clarinha sorri em concordância. A Rita desvia as atenções da menina com um sorvete e como o Gonçalo organiza uns jogos quando chegam a casa, a Clarinha não fala mais no assunto. Mas a Rita está preocupada e desabafa com o Gonçalo depois de deitarem a menina. " Tenho que falar sobre isto com a

O PROBLEMA

  " O que é que se passa com a Clarinha? " pergunta o Gonçalo à Rita enquanto se preparam para deitar. A Clarinha está a passar uns dias com a tia; os Pais foram fazer uma pequena viagem e os irmãos têm a sua própria agenda e a Madalena acha mais seguro ela ficar com a irmã. " O ATL está aberto e não há problemas ela ficar lá...Pode ficar lá até às seis da tarde!" explica a Madalena, mas a Rita tem outros planos. É dona do seu tempo, pode trabalhar durante a manhã e ir buscar a miúda por volta das três horas para passearem. Mas agora que o Gonçalo fala nisso, a miúda está estranha. Tão cheia de vida, de conversa, está triste, distante. Saudades dos Pais? Aborrecida com os irmãos? O que será? " Sinceramente, não sei!" responde a Rita " Amanhã à tarde, levo-a ao Pónei Clube e tento conversar com ela. " " Ok, diz-me se precisares de ajuda. Tenho uma reunião com aquele cliente chato, mas arranjo uma desculpa!" oferece o Gonçalo. " Não

A CRECHE - FIM

  É o Matias quem lê a declaração como explica o Miguel. Oh, Miguel, eles tinham que perceber o que aconteceu sozinhos, murmura a Mãe e o Miguel explica que só lhes deu uma " pequena ajuda", pois estavam a confundir as coisas. " O nosso comportamento hoje foi deplorável." o Matias tem dificuldade em pronunciar a palavra " Porque nós não somos uns porcos selvagens; fazemos parte de uma família civilizada e educada e este tipo de comportamento não é permitido. Temos que apoiar a família e ser um exemplo para o novo mano ou mana.  Por isso, pedimos desculpa à Mãe, ao Pai e à Filipa que estão sempre prontos a ajudar-nos e nós esquecemos isso. " O Pai e a Mãe estão muito sérios, eu mordo os lábios. Os meus irmãos estão muito sérios, não tenho a certeza de que perceberam o que leram, mas aguardam ansiosamente que os Pais falem. " Aceitamos as vossas desculpas e esperamos que isto não se repita. Não é saudável para ninguém." diz o Pai " Tenho a vos

A CRECHE - PARTE V

  " Inês e Francisco, nomes tradicionais.. Demais segundo diz o Miguel!" e o Gonçalo ri-se. É então que me beija... Não é a primeira vez que me beija, mas agora é diferente. É mais profundo, mais quente, mais exigente e eu decido naquele momento que não há qualquer problema em dar o próximo passo. O Gonçalo pergunta-me se tenho a certeza, sei que ele está a pensar no assunto há alguns dias, mas não me quer pressionar. Digo que sim e vamos até casa dele. Os Pais estão fora, ainda penso se é o local ideal, mas depois esqueço tudo. No dia seguinte, estou cheia de dúvidas, telefono à Teresa e ela diz logo para ir, estou na loja, a Cristiana não está e podemos conversar sem interrupções. Os dois estagiários estão a decorar a montra e tanto eles como a Teresa cumprimentam-me entusiasticamente. Trocamos banalidades por uns minutos e depois a Teresa leva-me para o gabinete. " Então, qual é o problema?" pergunta-me a Teresa quando fecha a porta e eu me sento no sofá. "

A CRECHE - PARTE IV

 A Mãe aprova, o Pai não está muito convencido e o resto da família acha engraçado. O Pedro brinca com a situação e propõe nomes idiotas como Plutão ou Saturno, era o que faltava, refila o Miguel, o rapaz fica com complexos antes de nascer. Os nomes escolhidos pela Teresa e o António são normais e gosto muito dos que o Gonçalo sugeriu. Mas porque é que o teu namorado pode sugerir nomes? exclama o Miguel e é o Pai quem explica que o " rapaz faz parte da família, está sempre pronto a ajudar com o infantário". Gosto de ouvir a explicação do Pai, significa que o aceitam como membro desta família maluca. No fim do mês, a lista final tem vinte nomes e os Pais pedem que se faça uma nova lista com os dez mais votados. Após alguma discussão, com o Matias e o Edgar a querem dar também uma opinião, somos irmãos dele também, dizem, entregamos a lista. A Mãe lê atentamente, passa-a ao Pai que nos olha desconfiado ao ver o nome de Maria da Paz, ideia do Pedro, tenho quase a certeza, murmur