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A mostrar mensagens de dezembro, 2019

AS FESTAS - PARTE IV

" Eu? Impossível falar comigo? " repete o Jaime, fingindo-se indignado e é a Madalena quem o interrompe. " Sim, até te esqueces das festas da escola! Vá lá, quem é a tua amiga? " O Jaime diz-lhe que é a Matilde, os miúdos ficam surpreendidos, mas até acham graça. A Matilde é muito divertida e quem sabe?, pode organizar saídas engraçadas tanto mais que, com a chegada dos gémeos, a vida lá em casa vai mudar. " Gémeos? A vossa Mãe vai ter gémeos? " pergunta o Jaime e a Madalena acena que sim. " Até nos pediu para sugerirmos nomes. Eu escolhi Bernardo e Cristina." conta a filha. " E eu Mateus e Luisa." responde o Manuel e a Madalena apressa-se a explicar  ao Pai que ele está apaixonado por uma rapariga que se chama Luisa. " Espero que a Mãe não escolha esse; não quero ter uma irmã com o nome da tua namorada." remata a Madalena e estala uma discussão entre os dois irmãos. " Vá lá, acabem com i

AS FESTAS - PARTE III

O Jaime e a Matilde discutem nessa noite. A Matilde acha que ele foi precipitado, devia ter falado primeiro com ela, mas o Jaime não vê onde está o problema. Afinal, quando a Carolina decidiu casar-se com o Rodrigo, comunicou-lhe um mês antes do acontecimento. Mas os miúdos já sabiam, estavam preparados e neste momento, nem sequer sabem que nos conhecemos, explica a Matilde. O Jaime diz que os filhos estão a crescer, têm que compreender que o Mundo não gira à volta deles, têm que sair da zona de conforto deles. Eles nunca conheceram uma amiga tua, repete a Matilde, não tiveste um relacionamento sério depois do divórcio. Mas estou a ter um agora, responde o Jaime e quero que eles percebam isso.  Desliga e a Matilde fica sem saber o que dizer.  Não falam durante uns dias e, como combinado, o Jaime parte com os miúdos para a quinta de turismo rural. A Carolina e o Rodrigo reúnem alguns amigos em casa para uma pequena festa de fim de ano e a Matilde ac

AS FESTAS - PARTE II

" A minha irmã? A Matilde? " repete o Rodrigo.   Só pode ser a Matilde, pois a Ana vive em Coimbra. A mulher suspira e volta a mudar de posição.  " Sim, ao que parece, encontraram-se num " Encontro com Escritores " e foram jantar fora para continuar a conversa, que o Jaime descreveu " muito interessante". " conta Carolina " Dai, as coisas evoluíram a ponto de a querer levar a passar uns dias com os filhos." Rodrigo tem que concordar que é complicado. O Manuel e a Madalena conhecem a Matilde, gostam dela, mas será que vão achar graça a ideia dela ser a namorada do Pai? " Foi o que mais lhe pedi: só apresentar uma namorada aos filhos quando tivesse a certeza de que seria um relacionamento sólido." continua a Carolina " Nada de casos de uma noite ou parecido." " Não me parece que a minha irmã alinhasse numa coisa dessas!" defende o Rodrigo " A Matilde teve um casamento complicado, um d

AS FESTAS

Jaime quer passar o fim do ano com os miúdos numa quinta de turismo rural, mas a Carolina não concorda. A discussão torna-se violenta e o Rodrigo acha melhor levar o Manuel e a Madalena a visitar a Feira do Natal do Bairro. O Rodrigo acha que a mulher está a fazer uma tempestade num copo de água, porque o Jaime adora os filhos e é muito cuidadoso com eles. Claro que há falhas, mas isso acontece a todos. Até à Carolina, por muito atenta que esteja. Com esta nova gravidez, a Carolina tornou-se ainda protectora e o Rodrigo suspira. Quando chegam a casa, o Jaime já se foi embora e os miúdos ficam desapontados. " Não achas que estás a exagerar? O que poderá acontecer numa quinta de turismo rural? Não vão estar sozinhos e decerto que há coisas planeadas." questiona o Rodrigo. " Não, o Jaime quer levar com eles a nova amiga." responde a mulher. " E, o que tem isso a ver? É normal que isso aconteça; tu refizeste a tua vida, era uma qu

CANSAÇO - FIM

A Madalena até não gosta muito de " roupa velha ", mas está tão saborosa e o que dizer da rabanada? Divino! Passa a tarde a dormitar, a ler. Os Pais ficam agitados ao principio da noite, a Madalena dá-lhes a medicação e espera que descansem. Mas não, passam a noite a gemer e quando lhes pergunta o que se passa, não sabem. Está exausta quando a cuidadora chega, mas saí. Precisa de arejar e apanha um autocarro, nem vê bem para onde vai. Felizmente, vai até ao mar, não está a chover e a Madalena senta-se numa esplanada. Por volta das quatro horas, regressa a casa, mas antes, vai comprar pão para o jantar. A cuidadora está pronta para sair, diz que eles estão sossegados e a Madalena não compreende porque é que ficam nervosos com ela. Sabem que é filha deles, mas são incapazes de se lembrar do nome dela. A Madalena suspira, recebe um SMS da Sara com o nome de uma pessoa que poderá ficar lá durante a noite. " Porque tens que ter uma boa no

CANSAÇO - PARTE III

A Mãe regressa a casa no dia 24 e com tudo o que tem que fazer, a Madalena até se esquece que é noite de Consoada. Lembra-a a irmã que telefona para lhe desejar uma Noite Feliz e a tia, que lamenta que " não possam vir cá. Ai, que saudades dos Natais que passamos juntos!" Casa cheia de gente, risos, brincadeiras e toneladas de comida... sim, a Madalena lembra-se disso. Mas não hoje.... hoje, está sozinha, nem lhe apetece comer nada. Os Pais estão sossegados, a Madalena escolhe um livro, um dos três que um amigo lhe enviou para " viajares", diz o cartão. Deita-se tarde, mas acorda à hora habitual. Não pode ser preguiçosa, tem que tomar o pequeno almoço, um duche e vestir-se antes que os Pais acordem. Quando terminam, passa das onze horas. O que poderá comer? Tem sopa fresca, comprou um pouco de leitão, é só fazer um arroz e preparar o ananás. Assusta-se com o toque do telemóvel; é a Sónia que diz que chegará dali a uns cinco minutos.

CANSAÇO - PARTE II

Como é possível pensar que exagero? pensa a Madalena após uma noite muito dolorosa. Entra numa livraria, lê algumas páginas de um livro em destaque e deixa-se envolver pela trama. Esquece tudo, os Pais acamados, a pouca ajuda da irmã e os comentários idiotas dos colegas. " Anime-se!" diz uma das colegas " Não pode ser tão complicado como diz!" A Madalena sorri, encolhe os ombros e responde simplesmente: " Um dia me dirá!" mas a colega ri-se bem disposta e comenta mais tarde com as outras na pausa para o café: " Está a armar-se em vitima! Mas é o habitual nela! Lembram-se quando não se podia dizer nada, ela desfazia-se em lágrimas? " " Mas agora não, pois não? Acho que está a ser muito corajosa!" observa a Sónia " As pessoas mudam, crescem.... Talvez seja o que lhe está a faltar!" e saí da cafetaria antes da colega responder. A Madalena não está, diz a recepcionista que lhe telefonaram, a Mãe f

CANSAÇO

"  Oh, pá, só falta uma semana para o Natal!" diz a Joana admirada " Ainda não fiz nada e este ano, o Natal é em minha casa.  Terei que pedir ajuda à minha Mãe!" A Madalena fica calada, não quer pensar no Natal com os Pais acamados. Não vale a pena fazer a árvore, comprar bacalhau e fazer a aletria.  Quando acabar de lhes dar de comer, prepará-los para a noite, estará tão exausta que só quer dormir. Se a deixarem...   Há noites em que a Mãe geme e não diz porquê e o Pai quer sair, porque " eu vivo no Porto e esta não é a minha casa". A Madalena suspira; toda esta conversa de Natal aborrece-a. Ainda por cima, as pessoas acham que está a fazer um drama, as coisas não podem ser assim tão más como ela pinta. " Pelo menos, tens que fazer a árvore e qualquer coisa para a ceia!" insistem. A Madalena abre a boca para lhes contar as vezes que não acabou de comer, porque um dos Pais gritou de dor e não soube dizer onde

TEMPO - FIM

A Carla tenta convence-lo a ficar mais um pouco, " ainda não esclarecemos tudo ", mas o Brites afirma que agora é ele quem tem que pensar. Saí para a noite gelada, com a fúria até esqueceu a parka, mas não volta atrás. Guia pelas ruas desertas, sem saber o que fazer ou pensar e entra finalmente na garagem do prédio. O Rogério ainda está acordado, escuta-o atentamente e na sua opinião, a Carla está realmente confusa. Compreende as dúvidas dela em relação à Sofia, mas concorda com o irmão que a miúda precisa de saber o que está a acontecer no Mundo. O Yoga é uma filosofia de vida, acrescenta, mas eles não se escondem. Preocupam-se com o Mundo, apresentam e defendem uma solução. " Esta é a minha perspectiva e pode não estar correcta." termina o Rogério e aconselha o irmão a dormir. Nas semanas seguintes, o Brites está irritado e descarrega nos colegas, até o Torcato, sempre calma se queixa. O Bernardes fala com ele discretamente e pede

TEMPO - PARTE VI

A Carla volta, deitam a Sofia e depois sentam-se à mesa. O jantar é simples, a Carla comprou o vinho favorito do marido. Conversam sobre banalidades e só à sobremesa é que o Brites pergunta: " Então? O que decidiste em relação ao nosso casamento? " A Carla sorri, deita-lhe mais vinho no copo e hesita antes de falar. " Acho que devemos continuar assim mais um tempo. Ainda tenho muita coisa em que pensar." " Tens que me dizer exactamente o que se passa. Não entendo o que se passa, é relacionado com o meu emprego? Mas já sabias...." responde o marido. " Não é isso; preciso de passar mais tempo comigo, meditar mais." interrompe a Carla e o Brites não quer acreditar no que está a ouvir. " Este retiro fez-me pensar... quero um ambiente mais saudável para a Sofia."  continua a mulher. " Eu não sou saudável para a minha filha? Mas que história é essa? " repete o Brites. A Carla cora, fica embaraçada e t

TEMPO - PARTE V

" Nada!" diz o Torcato " A mulher era perfeita! Não há empréstimos, não há atrasos no pagamento dos impostos..." " Ninguém é assim tão perfeito!" protesta o Brites. Os comerciantes da zona afirmam que a D. Filomena é uma pessoa simpática, prestável e não compreendem a razão de ter desaparecido assim. Terá sido rapto? O Torcato sorri, mas não diz nada. Percorreram a quinta, a aldeia e ninguém a viu. O ex-marido também fica surpreendido, ela é uma pessoa confiável, não estará em casa da prima? Uma prima? Onde vive? Tem um nº de telefone? mas o Brites descobre que a prima vive agora na Argentina, a relação tornou-se distante. De qualquer maneira, pede ajuda à Embaixada na Argentina. Nunca se sabe, pode ter escrito uma carta, um mail e dito qualquer coisa sobre os planos imediatos. O computador pouco revela. Tudo o que pesquisa e escreve é sobre yoga e agricultura biológica. Há listas de clientes que participam nos workshops

TEMPO - PARTE IV

" Casada, solteira? Filhos? " insiste o Brites. " Divorciada, sem filhos. Tem uma loja/café de produtos biológicos e pertence à Direcção do Ashrama.  É o meu braço direito." responde o Dr Cristovão. " Quando é que a viu pela última vez? Pode resumir os acontecimentos de ontem? " pede o Sargento. " Tivemos prática de manhã, almoçamos e demos um passeio pela quinta. Por volta das cinco, tivemos nova prática aqui neste pátio e fomos descansar até ao jantar..." explica o director. " Ela estava muito bem disposta durante o jantar. Ficamos à conversa, entoamos cânticos.." diz a Carla ao Detective Torcato " Ela tinha direito a um quarto individual, nós dormimos numa camarata." " Quem ficou consigo? " interrompe o Torcato e a Carla dá-lhe o nome de seis outras mulheres. " Esta manhã, não apareceu para a prática, era a vez dela coordenar a aula e por isso, pedi à Judite para a ir chamar."

TEMPO - PARTE III

Depois de deixarem os Pais em casa, os dois irmãos ainda vão a um bar onde se encontram com um grupo de amigos. Deitam-se tarde e o Brites acorda sobressaltado com o toque do telemóvel. É o Detective Torcato, há um novo caso, passa lá por casa dentro de meia hora, pode ser? O Brites resmunga, precisa de café bem forte e lá se levanta. Quando o Torcato chega, o Brites já está na entrada à espera. " Onde vamos? " pergunta, mas o Torcato não tem muitos pormenores. Só sabe que é nos arredores, numa quinta utilizada para eventos.  Neste momento, está lá um retiro de yoga e ao que parece, um dos instrutores desapareceu. " Retiro de yoga?" repete o Brites. Terá sido para aqui que a Carla veio? A primeira pessoa que vê quando chega à quinta é a mulher. Está com umas calças largas, uma túnica branca, sem maquilhagem e o cabelo preso. " Ah, ainda bem que és tu!" diz quando o vê e começa a explicar o que se passa, mas o Brites interrompe

TEMPO - PARTE II

Ele e a sogra evitam falar mais sobre o que se passa e despede-se, prometendo voltar no dia seguinte. Em casa, encontra o irmão a descansar no sofá. " O quê? Por cá, não estás com uma das tuas amigas?" pergunta o Brites e o irmão solta uma gargalhada. " Não, hoje vai ser uma noite familiar. Eu, tu e os Pais. Pôr a conversa em dia. Que tal?" diz o Rogério Brites. O irmão acha uma boa ideia, não tem estado com os Pais tantas vezes como gostaria. Vai tomar um duche rápido, muda de roupa e quando sai do quarto, os Pais já estão na sala, a tomar uma bebida. Fazem-lhe uma festa, parece que não se vêem há anos e o Brites sente-se culpado. O jantar é animado, o Rogério conta momentos caricatos das viagens que faz e o Brites acaba por dizer que as coisas entre ele e a Carla estão complicadas. A Mãe dá-lhe um abraço, o Pai sugere que a convide para jantar. " Já tentei, mas a Carla diz que ainda precisa de tempo e hoje está num retiro

TEMPO

O Brites e a Carla resolvem dar um tempo. A Carla e a Sofia ficam no apartamento e o Brites muda-se para casa do irmão, que se divorciou recentemente. Este, ou está a viajar a negócios ou fica em casa da amiga especial do momento e o Brites aprecia a tranquilidade. A senhora que trata da manutenção do apartamento faz-lhe as compras e até lhe deixa petiscos no frigorifico. Fica encantada quando conhece a Sofia e o Brites relaxa, porque tem espaço e alguém que o pode ajudar com a menina quando está com ele. Naquele fim de semana, a Sofia está doente e por isso, o Brites vai só visitá-la. Espera que a Carla esteja lá e possam falar, mas é a sogra quem lhe abre a porta. A Carla está num retiro de yoga, explica, já estava marcado. " Pena!" diz o genro " Gostava de falar com ela! Precisamos de falar!" " Eu sei, mas tens que lhe dar mais algum tempo. A Carla está muito confusa!" explica a sogra. " Mas confusa com o q

CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS - FIM

A Carolina aceita a proposta da empresa e vai viver para outra cidade. O André e a Célia decidem casar e procuram uma nova casa. E, o Bernardo? Continua a trabalhar num manuscrito e pouco se preocupa com a carreira. É competente, conta o André à Célia, t em boas ideias, defende-as com argumentos sólidos, mas mostra-se um  pouco distante. Não é propriamente anti-social, confessa o namorado, mas não participa activamente. A Célia está preocupada, mas não sabe mais o que fazer.  Tem a sua própria vida, ela e o André planeiam uma lua-de-mel em grande e há muito a fazer. O Pai tenta ter uma conversa com o Bernardo, mas este mostra-se um pouco renitente em discutir o futuro. Está quase a terminar o manuscrito e procura editoras. Talvez seja melhor procurar editores independentes, mais pequenas. Se o livro tiver sucesso, então, contactará uma maior. Há uma editora que se mostra interessada, faz-lhe uma proposta, o Bernardo aceita. " Estás doido!"

CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS - PARTE IV

" Mas tu estás louca? " grita o Bernardo " O que é que te deu para andares a vasculhar as minhas coisas?" " Este manuscrito não é teu! O que é que andas a fazer com isto?" repete a Célia " Estás a reescrever, vi as notas e não é correcto, Bernardo! Nem para a pessoa que o escreveu nem para a editora que te pode processar. E, com toda a razão!" acrescenta. " Isso era um manuscrito rejeitado, ia ser destruído." justifica o Bernardo. " Não interessa; oh, pá, o que se passa contigo?" pergunta a irmã " A Carolina tem razão: estás diferente. Estás parado no tempo, à espera que as coisas venham ter contigo." " Deixa-me viver a minha vida!" pede o Bernardo, mas a Célia não desiste: " Não posso! Precisas de dar um rumo à tua vida; este estágio não está a resultar, procura outra coisa."  O André e o irmão chegam nesse momento e apercebem-se do momento tenso. " Vamos arrumar estas caix

CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO - PARTE III

O Bernardo não diz nada; fecha-se no escritório e adormece em cima do computador. Chega atrasado à editora, dá uma desculpa em que ninguém acredita e trabalha como um zombie. A Célia está à espera dele em casa, a Carolina almoçou com ela e foi muito franca. Está muito desiludida com o Bernardo, acha que a relação não tem qualquer futuro. Vai sair de casa, voltar para a dos Pais, pensar na proposta que a empresa lhe fez. " Não sei o que mudou, mas o teu irmão era tão ambicioso, tinha tantas ideias e de um momento para o outro, qualquer coisa nele " apagou". "  A Célia ficou sem saber o que dizer, ajudou-a a fazer as malas e confessa ao André que tem vontade de bater ao irmão. " E, além disso, o Bernardo não é pago... como é que vou fazer face às despesas da  casa? " lamenta-se " O que é que ele tem na cabeça? Mas compreendo a Carolina; está a progredir na carreira e o idiota do meu irmão não está a fazer nada pela dele.&qu