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A mostrar mensagens de junho, 2020

O PROBLEMA DO MAJOR - PARTE II

" Falhei redondamente com os meus filhos! Nunca devia ter concordado com a ideia da Ana.. Ela dizia que era importante para as crianças terem um ambiente estável, não andarem sempre a mudar de escola..." queixa-se o Major. " Calma, Amadeu! Foi exactamente isso que lhes proporcionou - um ambiente estável! Pode ter havido falhas, mas há sempre erros, ninguém é perfeito!" contesta o Nicolau " Os seus filhos são uns grandes egoístas que não perceberam a dinâmica da situação." " Sempre quis impor as minhas regras, mas a Ana defendia-os, dizia que tinha que haver negociação..." continua o Amadeu. " E tem que haver negociação, mas parece que não houve isso da parte dela...Ah, não estou a dizer que ela os pôs contra o Amadeu, mas pode não ter esclarecido convenientemente a situação." diz o Nicolau pacientemente, mas o Amadeu parece não estar convencido. " Quantos rapazes e raparigas vêm estudar para a cidade, ficam em residências, lares, a

O PROBLEMA DO MAJOR

Há mudanças subtis no Clube de Leitura. É a lei da Vida, consola-se o Nicolau.  Não pode dizer que não está feliz pelo Major, que está apaixonado pela tal Joana ou pelo António que se tornou num Pai babado. E, não se pode verdadeiramente queixar, porque a Teresa e o António convidam-no sempre que há festa lá em casa e uma ou duas vezes, foi com o Major a uma Feira de Antiguidades. Mas, às vezes, janta sozinho depois da sessão no Clube, o António tem que ir buscar a Sofia e a Teresa à loja, o Major vai ter com a Joana. Naquele domingo, o Nicolau está preocupado com o Major. Vai apresentar a Joana aos filhos e como a relação com estes é tensa, o Nicolau teme que haja uma troca de palavras desagradável. Tenta concentrar-se no livro escolhido pelo Clube para discussão, mas não consegue. O que estará a acontecer e que impacto terá na vida do Major? Afinal, ele está viúvo, está em bom forma física, que mal há em refazer a vida? Está mergulhado nestas cogitações quando tocam à porta insistent

A LOJA - FIM

" Agora que já resolvemos a situação, vais explicar-me como é que eu vou pagar a quota da Margarida?" pergunta a Teresa nessa noite. " Ah, sim. Nós compramos a quota da Margarida, eu, o Pedro, a Carolina, o Gonçalo e até a Rita quer participar. Vamos constituir uma sociedade, tu vais ser a sócia gerente, claro está, mas nós estaremos a teu lado!" explica o António e a Teresa fica estupefacta. " Mas porque é que não me disseram isso antes?" questiona a Teresa e o António sorri. " Queríamos ter a certeza de que a Margarida aceitava a nossa proposta. E, prepara-te...." acrescenta o companheiro " nós vamos ser uns sócios muito exigentes.... au!"  A Teresa dá-lhe um abraço tão forte que o António sente-se a sufocar, depois larga-o abruptamente, pois quer telefonar aos irmãos. Está a chorar tanto que o Pedro e a Carolina têm dificuldade em a entender e o Gonçalo, que vai lá jantar no dia seguinte, até cora com os elogios que a cunhada lhe faz

A LOJA - PARTE VI

O António não sabe como responder; espera sinceramente que o Inspector Bernardes descubra alguma coisa útil para continuarem a viver. A Teresa considera o fecho da loja inevitável, mas o irmão e o companheiro acham isso um absurdo, uma vez que a facturação é razoável e os pagamentos estão em dia. O que é necessário agora é encontrar a Margarida e propor-lhe a compra da quota. O Inspector Bernardes tem novidades para eles em breve: a Margarida está escondida em casa da Mãe, porque o marido, Bernardo tem dívidas de jogo e teve que fugir aos cobradores. "... estava desesperada, achei que teria o suficiente se vendesse as compotas... " explica uma Margarida muito chorosa quando a Teresa, acompanhada pelo António e o Pedro, a visita. " Também tiraste dinheiro do caixa? " pergunta a Teresa, mas a Margarida abana a cabeça, foi o Bernardo, só soube mais tarde e foi nessa noite que tive que fugir para aqui, explica. " Vais apresentar queixa à polícia? " a Margarida

A LOJA - PARTE V

No dia seguinte, há um conselho de guerra em casa da Carolina. O tema principal é o que está a acontecer com a loja e tanto o Pedro como a Carolina ficam indignados. O Gustavo faz uma série de perguntas relevantes, não será melhor apresentar já queixa à polícia?, mas o António explica que gostaria de saber primeiro o que pensa o cunhado da Rita. A Teresa pede desculpa aos irmãos, desiludi-vos, diz, mas tanto o Pedro como a Carolina asseguram-lhe que o importante é salvar a loja e o resto resolve-se depois. " Mais uns meses e vocês receberiam o que falta do empréstimo..." comenta, mas o irmão repete que pense apenas no futuro da loja. " Se a encontrarem, qual é o vosso plano?" insiste o Gustavo. " Falar com ela e fazer-lhe uma proposta. Em vez de apresentarmos queixa à polícia, ela vende-nos a quota dela pelo mesmo valor com que a comprou." esclarece o António. " E isso é legal? " questiona o Pedro e o António suspira. Passou a noite anterior a le

A LOJA - PARTE IV

Ao fim de duas horas de trabalho, concluí-se que alguém está efectivamente a roubar a loja e a Teresa fica desesperada, porque investiu muito de si naquele projecto. O que está a preocupar é o facto de terem sido os irmãos a emprestarem-lhe o dinheiro para abrir a loja e esta pode fechar. " Vamos ter calma!" aconselha o António " Não temos a certeza de que foi a Margarida..." " Mas quem mais poderia ter sido?" interrompe a Teresa " Não acredito que tenha sido a estagiária... Só ajuda a descarregar e nem mexe na caixa...." " Tenta contactar mais uma vez a Margarida. Se calhar, ela tem uma explicação para isto... sabes onde ela mora? Podemos passar por lá..." sugere o Gonçalo, mas tem quase a certeza de que a Margarida não está em casa. A Margarida não está em casa, uma vizinha acha que ela foi passar uns dias a casa da Mãe. " E agora? " pergunta a Teresa quando chegam a casa.  A Sofia fica em casa da Tia a dormir, diz a Filipa

A LOJA - PARTE III

O António prontifica-se a dar banho à filha enquanto a Teresa prepara o jantar e é só quando a bebé está sossegada no quarto que os Pais falam do que está a acontecer na loja. " Vamos por partes: tens a certeza de que faltam coisas?" pergunta o António. " Terei que fazer novamente o inventário, mas esta tarde, fui buscar um frasco de compota ao armazém e só havia três frascos. Verifiquei no sistema, na factura do fornecedor e devia ter dez unidades." esclarece a Teresa. " Será que colocaram os frascos noutro sítio? " sugere o António " Pode acontecer... " " Eu sei e foi a primeira coisa que fiz." interrompe a Teresa " Não estão! A única solução é ver as prateleiras uma a uma e comparar com o sistema e as facturas." " E o que diz a Margarida? Já falaste com ela sobre isso? " observa o António e a Teresa suspira. " Não pude! Não atende o telemóvel, o Bernardo também não e ouvi coisas de que não gostei de um client

A LOJA - PARTE II

Apesar dos argumentos contra do António, parte do armazém da loja é limpo e a oficina de restauro instalada. Passado algumas semanas, a Teresa queixa-se que o Bernardo mantém um horário de trabalho estranho, no mínimo, diz. " Pensei que ia ter um horário normal das nove às seis ou das dez às sete.." explica " Mas não... às vezes, só aparece depois das três da tarde! E  não limpa nada... o que é um grande transtorno, porque eu faço a limpeza da loja antes de sair." " Já falaste com a Margarida? "´pergunta o António e a Teresa suspira. " É o que me está a preocupar... A Margarida está a aparecer tão tarde como ele, no outro dia, esqueceu-se de uma reunião importante com um fornecedor novo e sabes qual foi a resposta dela quando lhe chamei a atenção? Que tem plena confiança em mim e nas minhas decisões! Ok, mas ela também é sócia da loja!" O António compreende o ponto de vista da Teresa bem como as objecções, também não está a gostar da atitude da M

A LOJA

" Um crime na época vitoriana? Foi o tema escolhido pelo Clube de Leitura? " e há uma ligeira troça na  voz da Teresa. O António ri-se e explica: " É interessante ver como a dita " upper class" vive de aparências e a polícia ocupa um lugar dúbio... Quem não gostou muito foi o Bernardo, mas o Major lá o convenceu." " Nunca pensei que se tornassem tão amigos..." comenta a Teresa " O Major é tão formal e o Bernardo tem os deslizes próprios da idade." A Sofia ficou com a Filipa, pelo menos, uma vez por mês, fazem um programa a sós ou com amigos. O António volta a rir-se, está mais relaxado, feliz. " Também eu! A primeira vez que apareceu lá, o Bernardo tinha um ar tão aborrecido... e agora é o membro mais activo." A Teresa sorri também. A vida está a correr bem, a única sombra é o problema com a Laura, mas esta parece ter encontrado um rumo. " A Rita pensou que eu ia desistir com o nascimento da Sofia... eu respondi-lhe que é

O PASSEIO - O FIM

Claro que tudo fica diferente depois, entendo o ponto de vista dos meus Pais e vejo como fui um irresponsável. Até o Manuel e o Vicente estão abalados, ainda mais porque os próprios Pais os repreenderam pelo papel que tiveram no caso. Não é a nossa irmã, protestaram e a resposta foi fria, não interessa, é uma menina que vocês conhecem e pela qual são igualmente responsáveis, já que estão a partilhar o mesmo espaço. O resto do pessoal não percebe porque é que estou "confinado",  que seca, pá, mas não podes escapar? Há uma festa esta noite, vai ser o máximo... Mas eu preciso de ganhar novamente a confiança dos meus Pais, é muito importante para mim.  Demora o seu tempo, tal como a Rita disse e lentamente, as restrições são levantadas. Talvez tenha sido ela quem os convenceu, pois oferece-me um " summer job" no escritório, a fazer aqueles trabalhos aborrecidos, explica com um sorriso, como tirar fotocópias, ir aos Correios, abrir o correio, etc. Fico encantado, ela vai

O PASSEIO - PARTE V

A casa está em silêncio quando acordo. Ups! Já passa das nove, felizmente não tenho aulas.  Estou cheio de fome, não jantei a noite passada... Como estará a Clarinha? Chamo-a quando saio do quarto, é a Mãe quem me responde da cozinha. " Está a brincar com os meninos do andar em frente. Vem cá, Gustavo, conversamos enquanto tomas o pequeno-almoço." Entro receoso na cozinha, a Mãe está muito séria.  Os olhos estão vermelhos e parece que envelheceu anos numa só noite. Sinto-me culpado e para grande vergonha minha, pela segunda vez em vinte e quatro horas, desato a chorar. Abraço-a e só consigo repetir: " Perdão, perdão, perdão!" e a Mãe não diz nada, só me aperta contra o peito. " Senta-te, Gustavo e come o teu pequeno- almoço." e enquanto como, ela fala sobre o que sentiu durante o tempo em que a Clarinha esteve perdida. " Isto não pode voltar a acontecer, Gustavo. Ela só tem cinco anos! Tens que te lembrar disso." a Mãe cala-se, está cansada. Não

O PASSEIO - PARTE IV

Estou tão cansado que adormeço de imediato, nem janto. Na cozinha, todos jantam em silêncio e é só quando a Matilde e a Clarinha estão já no quarto que os adultos conversam. " Falei com a agente que estava de serviço no parque e ela diz que, apesar do pânico, o Gustavo foi bastante competente." observa o Inspector Bernardes " Foi essa a palavra que ela usou " competente", fez uma descrição pormenorizada da Clarinha, mostrou uma foto que tinha no telemóvel, levou-os ao sítio onde ela estava a brincar, onde ele e os amigos a procuraram..." " É teu filho; falas dos teus casos, discursas sobre a importância dos pormenores... ele ouviu-te." interrompe a Madalena e a Rita sorri. No fundo, o cunhado até está orgulhoso do filho, ela própria está, mas a Madalena continua preocupada. " Pena que não tenha escutado tudo... Porque já tivemos este tipo de conversa: se estão com a Clarinha, vejam o que ela faz, para onde vai. Sigam-na... O Gustavo falhou r

O PASSEIO - PARTE III

  A Mãe não diz nada, tira-me a Clarinha dos braços e olha-me tão magoada, tão triste que eu fico envergonhado. O Pai também não diz nada e o rosto da Rita, sempre tão exuberante está sombrio. " Senta-te, Gustavo." pede o Pai muito formal e eu obedeço, será assim que ele fala com os suspeitos? " Sabes qual é o meu trabalho, já lidei com este tipo de situações e o desfecho pode ser muito doloroso. Não só para nós, profissionais como também para a família da vítima. Por isso, compreendes como isto foi uma  irresponsabilidade? Puseste a tua irmã em perigo... E, porquê?... não, não me interrompas... É nisto que quero que penses. Também espero que compreendas a razão porque vais voltar a ficar " confinado "...." " Oh, Pai!" deixo escapar, mas o meu Pai continua a falar, a explicar o que espera de mim nas próximas semanas. Para ganhares novamente a nossa confiança, esclarece. " Nada de telemóveis, video chamadas ou afins, saídas apenas as indispen

O PASSEIO - PARTE II

Ali perto, há um parque com baloiço e um labirinto que a Clarinha quer explorar. Fico cá fora, coloco as bicicletas no local adequado e sento-me no muro a vigiar a minha irmã. Avisto, entretanto, dois amigos meus, o Manuel e o Vicente e ficamos ali uns minutos a conversar. Confesso que não me lembro da Clarinha, não me passa pela cabeça que ela pode ficar aborrecida e decidido seguir uma família de patos até ao seu esconderijo. Só vejo que ela não está no parque quando a Mãe telefona e pergunta porque é que não estamos ainda em casa. Fico imediatamente aflito, pergunto a toda a gente se viu uma miúda com leggings azuis escuras e T-Shirt rosa, a fita do cabelo também é rosa, acrescento. Há uma senhora que me diz que a viu sair do parque e subir aquele carreiro, aponta e leio no olhar dela uma certa censura. Subimos o carreiro, mas há tantas bifurcações que decidimos separar-nos e explorar. Não a encontramos, estamos os três sem fôlego e eu estou desesperado. Procuro funcionários do parq

O PASSEIO

Ups! Já posso treinar remo e que sorte que o clube é perto de casa, pois não posso usar os balneários. " Que horror! Cheiras mal!" queixa-se a Clarinha quando entro em casa. Eu rio, porque agora posso sair, maldito confinamento, penso e já não tenho que a aturar. Depois arrependo-me, a miúda só tem cinco anos, o jardim infantil fechou e ela aborreceu-se imenso. Por isso, de vez em quando, batia à porta do meu quarto, oh, Gustavo, fazes um desenho comigo? A Matilde não quer. Pois, a Matilde deve sentir-me como eu - presa, frustrada, sem festas, sem saídas com as amigas. " Atenção às regras! Máscara, higienizar as mãos e manter o distanciamento social." os Pais estão sempre a chamar a atenção para isso, mas nem sempre é fácil. Se queres ver um video ou ler um post engraçado no Face, tens que te aproximar. Como filho de um Inspector da Polícia, tenho que dar o exemplo, mas é tão duro... Hoje, a Mãe pede-me para levar a Clarinha ao parque.  Tem uma série de coisas a faz

OS CUNHADOS - FIM

" Vocês param com isso?" reage a Teresa " A atacarem-se dessa maneira quando têm que estar unidos??? Ok, o António não devia dizer isso, depois falam nisso, mas agora temos que pensar na Laura e como a podemos ajudar." " Oh, pá, desculpa!" o António é o primeiro a pedir desculpas. " Deixa lá." concede o Gonçalo " Eu também fui um bocado estúpido. É como a Teresa diz, temos que pensar na Laura." " Pois... vamos dar-lhe espaço, ver o que ela decide!" diz o António e o Gonçalo despede-se uns minutos depois. Nem telefona à Rita, vai para casa dele directamente, precisa de pensar. A Mãe telefona nesse fim de semana, a Laura pediu para passar uns dias com eles e o médico concordou. Não, é melhor não aparecerem cá, o médico quer ver como ela reage, não quer muita gente à volta dela. Os irmãos compreendem, o Pedro fica um pouco desapontado, queria conversar com a Laura, saber o que ela quer fazer. " Dá-lhe espaço!" aconselha

OS CUNHADOS - PARTE V

No dia seguinte, enquanto tomam o pequeno almoço, a Rita volta a perguntar ao Gonçalo: " Achas que isto foi uma boa ideia?" " Rita, isto já aconteceu entre nós... não vai mudar nada entre nós. Somos adultos, somos responsáveis..." responde o Gonçalo pacientemente. " Mas também trabalhamos juntos." observa a Rita, mas o Gonçalo abana a cabeça, explicando que a relação  profissional é possível porque se conhecem pessoalmente. " Por falar nisso, tive uma ideia..." e expõe o que pensa fazer no novo projecto que estão a desenvolver. " É assim que vão começar os dias?" brinca a Rita, o Gonçalo dá-lhe um beijo intenso que lhe tira o fôlego. " Maluco!" ri-se a Rita e o Gonçalo diz: " E, tu adoras!!!" Despedem-se, o Gonçalo tem uma reunião fora e já está atrasado. A Teresa telefona-lhe ao fim da tarde, pode passar lá por casa e falar com o António? ele está muito desanimado, comenta. O Gonçalo não sabe bem o que dizer ao irmã

OS CUNHADOS - PARTE IV

A mãe está desapontada, não sabe realmente o que se passa com a Laura, desabafa com o marido nessa noite, educamos os três da mesma maneira e a Laura, sempre tão activa e exuberante, é a que está a ter mais problemas. Onde é que falhamos? Mas o marido não concorda, temos que nos concentrar no que podemos fazer agora para a ajudar. O Pedro está magoado, a Teresa está preocupada com ele e com o António também, embora este não fale sobre o assunto. Só o Gonçalo é que consegue dizer abertamente o que lhe vai na alma. O Miguel fica com os avós, precisas de descansar, Pedro, diz a Mãe da Laura e este aceita a sugestão com alívio. Tem muito em que pensar. Por isso, regressam os quatro à cidade, um pouco desanimados e pouco falam. O Gonçalo resolve telefonar à Rita, precisa da companhia de uma mulher bonita, confessa e a Rita ri. " O que aconteceu à Eduarda? " pergunta quando já estão a tomar o café. " Não a vejo há uns meses. Acho que tínhamos objectivos diferentes e era um pou

OS CUNHADOS - PARTE III

Mas a Laura só aceita falar com o António. O Pedro fica muito aborrecido, o médico explica-lhe novamente a evolução da doença e o tratamento que está a ser feito. Mas o filho? é a pergunta desesperada do Pedro, o Miguel precisa de ter contacto com a Mãe,  mas o médico acha que é cedo, poderá desencadear sentimentos para os quais a Laura não está preparada. " Disparate!" comenta o Pedro nessa noite ao jantar " Ela era obcecada pelo Miguel! Sempre tão cuidadosa, tão atenta!" " Talvez seja isso que o médico quer evitar." intervém o António " Sabes tão bem como eu que a Laura exagerava, não quis que ele fosse para uma creche, raramente aceitava a ajuda de outras pessoas." " Ela não queria ir àquele chá dançante, porque o Miguel não podia ficar em casa da Carolina, a Filipa era uma irresponsável. " acrescenta a Teresa " E a nossa sobrinha é muito responsável, aprendeu muito cedo a lidar com miúdos!" " Também não concordo com o

OS CUNHADOS - PARTE II

" Às vezes, sinto que nunca conheci a tua irmã. Sabia que ela tinha oscilações de humor, todos temos, mas um problema tão profundo...." diz o Pedro lentamente. " Nem eu nem o António nos apercebemos disso e somos irmãos dela! Não te sintas culpado; em parte, a culpa também foi da Laura, não soube pedir ajuda." justifica o Gonçalo. " Mas eu devia estar mais atento!" insiste o cunhado " Está naquela casa de repouso, não me quer ver e diz a tua Mãe que nem pergunta pelo Miguel." O Gonçalo suspira, a Mãe também lho disse e o conselho médico é que a Laura está a responder bem ao tratamento e é melhor respeitar os desejos dela. Não posso negar a vontade que tenho de ir até lá e dar-lhe um outro safanão, pensa o Gonçalo, mas isso não é realmente a solução. Por isso, não diz mais nada, desvia a conversa para um tema mais seguro e quando o Pedro se vai embora, o Gonçalo sente que o cunhado está mais relaxado, mais animado. No dia seguinte, desabafa com a

OS CUNHADOS

O Gonçalo está feliz... Ter aceite o convite da Rita para integrar o quadro da empresa foi a melhor decisão que tomou. A Rita é uma colega de trabalho excepcional: criativa e exigente, mas o Gonçalo acha que isso o obriga a explorar ainda mais todas as suas capacidades e a manter-se actualizado. Sorri, estende as pernas para a lareira... ainda bem que comprou este apartamento, a lareira foi o que o decidiu. Pena as coisas com a Eduarda terem terminado daquela maneira. Talvez a Rita tenha razão: a Eduarda tinha inveja do sucesso dele ou talvez ciúme da Rita. Talvez tenha percebido que a amizade dele com a Rita é mais profunda que uma simples relação profissional. Sim, o affair deles foi apaixonante, intenso, nunca será esquecido e o Gonçalo sabe que muita gente acha aquela amizade inabalável estranha. Como a Laura que ficou absolutamente indignada... Ai, ai, Laura, porque é que és tão complicada? pensa. Tocam à campainha, o que o surpreende, pois não está à espera de ninguém. É o Pedro