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A mostrar mensagens de fevereiro, 2017

LOUCURA TOTAL - PARTE III

Entregam ao sargento a garrafa desaparecida que este, juntamente com o copo, manda para análise. " Para confirmar a possibilidade de veneno!" murmura Bernardes, mas Leandro está céptico. Pede para falar com a gerente e os dois sentam-se num dos recantos da livraria perto do café que está já fechado. " Disseram-me que a Teresa Emanuel escrevia em parceria com o marido, que estão agora separados." pergunta o inspector. Dolores sorri e confirma: " Tomás Bento. Uma dupla de sucesso. Livros policiais, o Detective Lucas era a personagem principal... Conhece?" e perante o aceno afirmativo de Leandro, continua: "  Depois, separam-se e seguem rumos completamente diferentes. Ela com livros românticos e ele sobre viagens." " Sabe a razão da separação? Profissional e pessoalmente, ao que parece?"  comenta Leandro. Dolores volta a sorrir e Leandro repara que ela está perfeitamente calma. " Creio que não o posso ajudar. Houve muit

LOUCURA TOTAL - PARTE II

" Afinal, o que se passa? Porque é que nos chamaram? " pergunta Leandro quando a gerente se afasta na companhia de um polícia " Parece que ela morreu de ataque cardíaco!" " Pois! O médico legista também pensa o mesmo, mas só o poderá confirmar após a autopsia. " comenta o Sargento e ao ver o olhar incrédulo do Inspector, apressa-se a dizer " Ao que parece, ao princípio pensaram que tinha desmaiado, mas como não dava acordo de si, a agente dela começou a gritar que tinha sido crime e que o responsável era o ex-marido dela!" " Que história é essa? Mas quem é ela afinal? " questiona Leandro, aproximando-se da mesa e observando o corpo. " Chama-se Teresa, Teresa Emanuel e é escritora. Este é o lançamento do livro mais recente, o segundo escrito a solo!" esclarece Bernardes. " Porquê? Tinha uma parceria? Sabe com quem?" O Inspector olha para as mãos da escritora e nota um pequeno golpe no indicador da mão direi

LOUCURA TOTAL

O cartaz diz: " A LOUCURA TOTAL,  o último livro de Teresa Emanuel HOJE ÀS 18H00 SESSÃO DE AUTÓGRAFOS " " mas não diz que a autoria seria assassinada!" reflecte o Sargento Bernardes ao ver o corpo da escritora caído na mesa. Os livros estão espalhados pelo chão, a cadeira foi derrubada e há uma poça de água no chão. " Ao cair, a mão bateu na garrafa de água e esta rolou!" pensa o Sargento que pede ao subordinado que tente encontrar a garrafa. A livraria está fechada, os clientes que estavam na fila estão consternados e os empregados falam baixinho. Alguém toca no ombro do Sargento que se vira e olha para uma senhora baixinha e sorridente. " Ainda vamos ficar aqui muito tempo? " pergunta " Estão a ficar impacientes..." remata. " A senhora é? " pergunta o Sargento e a senhora explica: " Dolores Almeida, gerente da livraria. Responsabilizo-me pelo meu pessoal, mas quem me preocupa s

A SEPARAÇÃO - O FIM

Aviso o meu advogado do incidente e ele diz que poderá ser uma vantagem para nós. A Madalena e o Tobias decidem também avançar com uma queixa contra o Machado; afinal, ele "invadiu" a propriedade deles. Não sei muito bem como é que o meu ex reagirá a todo este fogo cruzado. Estou preocupada com o que poderá suceder daqui para a frente e por quanto tempo ficarei ainda presa, se ele continuar a não concordar com o divórcio. Mas não me devia ter preocupado, pois no fim do mês, o meu advogado telefona-me e diz que o colega, o advogado do Machado, nos convocou para uma reunião dali a dois dias. " O advogado do Machado?" repito surpreendida " Tem a certeza?" e o Dr Santos ri-se e confirma a data e a hora. Quando a Madalena regressa e sabe da novidade, comenta, trocista: " Até que enfim que viu a Luz! Aquele tipo é cansativo!" Por isso, aqui estou eu à espera que o meu advogado me venha buscar para termos a tal reunião e sabermos o que o

A SEPARAÇÃO - PARTE IV

" OH, CALA-TE, IDIOTA! NÃO SABES O QUE DIZES!" grita o Machado. " Cuidado com a língua!" aconselha o vizinho e o Tobias dá um passo em frente. Mas alguém chamou a polícia, pois aparecem dois guardas fardados que perguntam: " Boa Tarde. Querem explicar-nos o que se passa aqui? O Senhor, se faz o favor? Nome, endereço? "  O Machado fica calado, espantado por o estarem a interrogar.  O Tobias explica a situação em breves palavras e um dos polícias pede para falar comigo em particular. " A senhora tem um advogado? Estou a ver que esta é uma situação complicada... Isto vai ficar registrado, mesmo que o cunhado não apresente queixa. Fale com um advogado... Vai precisar de ajuda!" e despede-se. O Machado também se vai embora, um pouco envergonhado com a figura que fez e nós os três sentamo-nos na sala a tomar café. CONTINUA

A SEPARAÇÃO - PARTE III

Naquele sábado, ouvimos um burburinho no jardim. Quando abrimos a porta da cozinha, o Machado e o Tobias estavam a discutir. O Tobias repetia: " Não entras na minha casa! E se a Eduarda não quer falar contigo, não fala!" mas o Machado insistia e quando me vê, empurra o Tobias com toda a força. Este caí, mas levanta-se rapidamente e puxa o Machado pelo colarinho. O meu ex-marido atira-lhe um soco, o que faz com que a Madalena grite. Alguém que estava no jardim da casa ao lado salta a vedação e separa-os antes que eles se magoem. " EDUARDA! VENS JÁ PARA CASA!!! NÃO ME ESTÁS A OUVIR? AGORA!" ordena o Machado, exaltado. Sinto-me aturdida, mas a Madalena dá-me um safanão e segreda: " Diz qualquer coisa, idiota!" " Não, não vou! Já te expliquei porquê, mas volto a repetir. Não sou um objecto; sou uma pessoa e exijo respeito!" digo calmamente. CONTINUA

A SEPARAÇÃO - PARTE II

O Machado telefonou hoje, mas a minha irmã recusou passar-me o telefone. Diz que a tentou intimidar, mas ela manteve-se firme e desligou. Recebi uma proposta de trabalho que estou a considerar.   A empresa propôs também uma formação com a duração de seis meses e eu, que sei que estou um pouco desactualizada, não posso recusar. Começo na próxima semana e sei que o ordenado não é dos melhores.  Mas não me posso queixar nem sequer culpar o Machado por me ter obrigado a ficar em casa. Eu é que não defendi a minha vida... Ainda a posso controlar... Por isso, iniciei o processo de divórcio que vai ser complicado. O Machado voltou a telefonar... Gritos, ameaças a que o meu cunhado respondeu com um seco: " Voltas a dizer isso e apresento queixa na Policia. Aproximas-te desta casa, da minha família e da Eduarda... e eu apresento queixa na Policia. Compreendes?" Mas o Machado é tão arrogante que não sei se compreendeu... CONTINUA

A SEPARAÇÃO

Deixei-o... Tive coragem de o enfrentar e saí de casa sem olhar para trás... A discussão foi terrível, mas foi bom dizer-lhe tudo o que me estava na alma... A indiferença... A arrogância... O controlo...  Há quantos anos não falávamos como casal?  A pergunta surpreendeu-o e foi incapaz de responder. " Não sou um objecto! Sou uma pessoa e mereço respeito!" repeti e voltei-lhe as costas. Ignorei a ordem de " Volta já aqui! Estou a falar contigo!" e aqui estou eu no comboio até ao Sul. Vou viver uns tempos com a minha irmã.  Até organizar a minha vida... O resto....  Penso depois....  

CRÓNICA

Às vezes, penso... Que estou no local errado com as pessoas erradas...  Nas costas, chamam-me "burra" e talvez o seja de facto...  Mas, por mais voltas que dê, não consigo compreender o fascínio em dissecar vezes sem contas um assunto que está já resolvido. Se já está resolvido, não há mais nada a fazer...  E claro está que podemos não ficar satisfeitos com o resultado. Mas aprendemos alguma coisa? Ficamos com as ferramentas necessárias para resolver situação semelhante de uma forma mais rápida e eficiente? Se a resposta é sim... temos que avançar e não perder mais tempo... Complicado, não é? Ou serei eu quem está a complicar?