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A mostrar mensagens de outubro, 2018

O CONVIDADO MAIS DESEJADO - PARTE III

Naquela noite, preocupados com a filha, os Pais revezam-se para cuidar do neto. O bebé acorda algumas vezes, mas a D.Eugénia descobre que tudo o ele que precisa é de uma rotina. A Alice é nervosa, entra em pânico facilmente e o rapazinho sente isso. Com a avó, ele porta-se lindamente. O trabalho mais difícil é com a Alice, mas em breve, ela já se sente confiante em tratar do rapazinho sozinha. Por isso, naquela sexta-feira, o avó Tito anuncia que vão jantar fora com uns amigos.  A Raquel vem passar o fim de semana a casa, deve chegar à hora de jantar e se acontecer alguma coisa, há sempre o telemóvel. Eugénia está encantada, foi ao cabeleireiro e espera que possam ir até ao Clube dançar. Às oito horas, com o bebé já a dormir e a Alice enroscada numa poltrona a ler, saem. O jantar decorre tranquilo e decidem satisfazer o desejo da Eugénia.  Ir até ao Clube e dançar. " Não podemos ficar até muito tarde!" diz Eugénia, mas Tito abana a ca

O CONVIDADO MAIS DESEJADO - PARTE II

A Raquel dá um gritinho e Alice protesta: " Vais acordá-lo e tive tanto trabalho em o adormecer!" O embrulho mexe-se e começa a chorar. Alice entra em pânico, olha aterrorizada para a Mãe que intervém de imediato. " Pronto, pronto. A Tia Raquel é tolinha, mas aqui a Avó Gena vai tomar conta do menino. Então? Não há razão para chorar!" e pega nele com todo o cuidado. O bebé estremece e volta a fechar os olhos. " Vem, filha, vamos levá-lo para o quarto. Está sossegado agora; deve dormir até à hora de comer." diz Eugénia. " A que horas é que ele come? " " Não sei!" murmura Alice e Eugénia fica preocupada. Procura o marido com o olhar, lê a mesma preocupação e nota fadiga, desespero no rosto do genro. Enquanto os homens ficam a conversar e Tito serve um whiskey generoso ao genro, Eugénia conduz a filha ao quarto. Alice deixa-se cair na cama, aceita a ajuda da Raquel para despir o casaco e fecha os olhos

O CONVIDADO MAIS DESEJADO

A casa está num frenesim... O que estava limpo, voltou a ser limpo e o que não estava, além do pó, foi pintado de novo. Mudaram-se as cortinas, escolheram-se outros tapetes e o quarto recebe luz solar directa. Não é um hóspede qualquer.... é alguém importante...e tudo tem que estar perfeito. No dia da chegada, estão todos nervosos. A Raquel começa a roer as unhas, o Bernardo esconde-se no sotão para ler o último capítulo do livro e o Pai liga a televisão, mas não entende uma palavra do que está a ser dito. A Mãe está indecisa quanto ao vestido.  Não há nada de mal com vestido. A cor é bonita, assenta-lhe bem e os acessórios são discretos. Ninguém diria que vai fazer sessenta anos no mês que vem, mas ela sente que há qualquer coisa que falha e não sabe o quê. Ao brado de " já atravessaram o portão", respira fundo e desce cuidadosamente as escadas. Os quatros parecem soldados em sentido quando a porta se abre e o convidado mais desejado

O CASO DO LEONARDO - FIM

Fica, então a saber que o inglês é agora o único proprietário da loja e do andar de cima. Ele e o Leonardo chegaram a acordo, assinaram o contrato na semana passada.  Leitão deduz que a Maria do Carmo poderá ter agido como intermediária e daí, a razão de visitar frequentemente a loja. Isto destrói a hipótese do Sargento Gomes de ser um simples caso de ciúmes e traição. De regresso a casa, Leitão telefona ao Detective Jorge para contar as novidades que a Maria do Carmo confirma mais tarde. O Detective Jorge já tem os relatórios da Brigada Anti-Fraude e luz verde do médico para interrogar o Leonardo. Ao princípio, Leonardo mostra-se vago, mas confrontado com certos factos, acaba por admitir que tentou roubar o Bando dos Aguiares. Ia fugir naquela noite, a Maria do Carmo estava em casa da irmã, em segurança, mas já o estavam a vigiar e não teve qualquer hipótese. Vai ser acusado de corrupção, branqueamento de capitais, avisa o Detective Jorge. "

O CASO DO LEONARDO - PARTE VI

Um ou dois dias depois,  o Detective Jorge reúne-se com o Inspector Leitão em casa dele. Jorge obteve os extractos bancários e já contactou o contabilista da empresa do Leonardo. " É muito estranho!" confessa o Detective " Está a ver aqui esta verba?... Pois no dia seguinte é paga uma Factura desse mesmo montante." " Lavagem de dinheiro?" sugere Leitão e Jorge sorri.  " Acho que sim. Pedi aos colegas da Brigada Anti-Fraude para verificarem essas empresas e eles têm quase a certeza de que estamos a falar de lavagem de dinheiro." " Será que o Leonardo roubou qualquer coisa e eles querem reaver? " Leitão está pensativo. Jorge concorda e pensa que o Sargento Lopes tinha toda a razão quando descreveu o ex-Inspector como esperto, intuitivo, atento ao pormenor. " Sabe que o Leonardo financiou a loja gourmet do bonitão do Parque? " acrescenta o detective " Investigamos o inglês e está limpo. Se calha

O CASO DO LEONARDO - PARTE V

Maria do Carmo está espantada com tudo o que contam. Não quer acreditar que tal coisa aconteceu. " Então, alguém assaltou a nossa casa e bateu no meu marido? E abandonou-o na berma da estrada? Sabem como ele está? Gostaria de ir ter com ele." " Claro que sim, mas antes, temos que lhe fazer algumas perguntas." interrompe o Detective Jorge. " Talvez não se importe de ir até ao Posto e depois levo-a ao Hospital." " Talvez seja melhor utilizarmos o meu gabinete É mais seguro." sugere o Presidente, ao deparar-se com os olhares discretos, mas curiosos, dos restantes clientes do restaurante. Saem os quatro e as conversas explodem na sala. " Ela vai presa?" pergunta um e o Chico diz de imediato: " Claro que não. Vão só fazer-lhe umas perguntas!" " Será que lhe vão perguntar sobre o affair com o bonitão do Parque?" sugere outro e soltam-se gargalhadas. Alheios a isto, no gabinete do President

O CASO DO LEONARDO - PARTE IV

À hora do jantar, já todos sabem o que aconteceu e torna-se o assunto preferido de discussão no café da D.Rosa. " Telefonei à Maria do Carmo e ela deve estar a chegar. O Presidente quer falar com ela antes de ela ir ver o Leonardo no Hospital." conta aos interessados. " Vai ser um choque!" comenta um. " Ou não. As coisas entre eles não estavam bem!" diz outro e a discussão prolonga-se. No restaurante, o Chico serve peixe grelhado às autoridades, pois Leitão convidou o Detective Jorge para jantar com ele e com o Presidente. " Então, o Leonardo lá apanhou uma sova... Ultimamente, andava com um grupo um pouco estranho." confidencia. O Detective pergunta de imediato: " Que grupo?" " Sim, que grupo, Chico?" repete Leitão e o Chico, consciente de que falou demais, é evasivo e retira-se. " Isto é interessante. O Inspector sabe de alguma coisa que se passe aqui na zona?" pergunta Jorge.

O CASO DO LEONARDO - PARTE III

Leitão observa cuidadosamente o separador e varre com a lanterna a ribanceira.  " Pensei que tivessem roubado o carro dele, estivesse outro aqui à espera e feito o dele rebolar pela ribanceira." elucida " Mas não encontro qualquer sinal disso ter acontecido. Temos que descobrir onde está o carro e dar uma vista de olhos à casa dele." Gomes não gosta nada da interferência, mas não pode negar que o Inspector tem razão e por isso, diz que o melhor é irem os três a casa do Leonardo e destacar o Guarda Antunes para seguir a pista até à estação de serviço. Quando chegam a casa do Leonardo, a porta da garagem está arrombada e o carro tem os pneus furados. Há ali uma mancha que Leitão suspeita ser de sangue e por isso, impede os outros de entrarem. A porta de acesso a partir da garagem está também arrombada e a principal está aberta. Com cuidado, recomenda Leitão e entram. Parece que passou ali um furação. Vidros partidos, móveis tombados, livr

O CASO DO LEONARDO - PARTE II

" Oh, Gomes, tenha calma. O Inspector Leitão está aqui a meu pedido." interrompe o Presidente " Isto diz respeito a todos. Quem quereria magoar o Leonardo e porquê?" " Talvez o bonitão do Parque!" diz o Sargento baixinho, mas Leitão ouve-o e pergunta: " O bonitão do Parque? Quem é? " e tanto ele como o Presidente olham o Sargento, que cora e está visivelmente embaraçado. " É um inglês que abriu uma loja gourmet no Parque." elucida o Zé das Molas " A mulher do Leonardo vai lá muito...." " Pois, compreendo, as pessoas já estão a escrever uma história de amor." acaba o Presidente " Por falar nisso, onde está a mulher do Leonardo? " " Foi visitar a irmã e deve voltar amanhã ou depois!" esclarece a D.Rosa, a dona do Café da Praça. " Mas se o Sr Presidente quiser, eu telefono-lhe." " Talvez seja melhor, D. Rosa, se não se importa. Obrigada." as pessoas começ

O CASO DO LEONARDO

Alguém desesperado arranca o Inspector Leitão, agora reformado, do sono dos justos. Mas estará alguma coisa a arder? Há necessidade de baterem assim a esta hora da madrugada? é o que o ex-inspector pensa ao levantar-se. Continuam a bater e Leitão grita: " Já vai! Um minuto, por favor!" Veste o roupão, acende a luz do corredor e desce as escadas. Abre lentamente a porta e o Zé das Molas (o inspector ainda não descobriu o porquê da alcunha) diz ofegante: " Oh, inspector, tem que vir... Alguém magoou o Leonardo e abandonou-o na berma da estrada. Já chamamos o INEM, mas o Sr Presidente achou que era melhor o Inspector lá ir." e deixa-se cair numa das cadeiras do átrio. Surpreendido, o inspector sobe as escadas e veste-se num instante. " Vamos lá!" e o Zé das Molas segue-o sem uma palavra. Na berma, no lado sul do parque, está uma pequena multidão reunida. Leitão cumprimenta-os com um aceno de cabeça e procura o Presidente

O DISCURSO - FIM

A vida de ninguém... E chego ao grande dia sem nada preparado... Espero sinceramente que se esqueçam que me convidaram a discursar, pois não tenho nada a dizer... Quando chego ao local, recuo perante os cumprimentos espalhafatosos, as risadas e os gritos... Sim, há pessoas que soltam um grito, assustando os demais e depois lançam-se numa correria desenfreada pela sala para abraçar quem chega. Já estou com uma grande dor de cabeça quando nos servem finalmente o café... Talvez este seja o momento adequado para sair à francesa, despedindo-me apenas das pessoas que ficaram na minha mesa. Lembro-me da Matilde e da Carolina, vagamente da Magda e do António Luís.  A conversa entre os cinco (os respectivos companheiros recusaram-se a acompanhá-los) até decorreu fluída, interessante e não estou totalmente perdida. Estou a rir-me de uma piada quando a organizadora do evento, a Ana, anuncia que vai haver discurso. As pessoas começam a aplaudir, há alguém

O CONVITE - PARTE III

Acabo por rejeitar aquele rascunho e os posteriores.... Há qualquer coisa falsa que não me deixa continuar....  Nada tem sentido... Como o facto de ter aceite o convite... Pouco ou nada me lembro dos colegas...  Seguimos rumos diferentes, temos prioridades opostas... Por isso, pergunto-me: o que vou lá fazer? O que vou responder à pergunta " O que é feito de ti?" ? " És tão complicada! Vai, diverte-te!" aconselham, mas eu tenho essa pequena dúvida enraizada na mente e desorganiza os meus dias. " Não te percebo! És assim no trabalho? Demoras cinco dias a responder a um email?" repetem.  Não, não demoro cinco dias a responder, faço o possível e o impossível para ser o mais rápida possível e até me torno aborrecida de tanto insistir com os fornecedores nessa resposta. Isto é não é uma cotação, uma encomenda, uma análise de vendas que exige toda a minha atenção e ponderação. É um simples discurso e sei o irónico que é

O DISCURSO - PARTE II

O u talvez não... Supostamente é um evento festivo... Estão à espera de um discurso brincalhão, que os faça rir... Falar de consciência, projectos, sonhos.... vou ser vaiada pelos mais superficiais... Ou talvez não... As pessoas mudam... podem surpreender-nos pela positiva ou pela negativa... E eu não sei quem vai...  " Ai, tantas reticências! Escreve qualquer coisa e não penses mais no assunto!" dizem-me para me dizerem quase de imediato quando lêem o primeiro rascunho. " Que piroso! Caros colegas, é com prazer que.... Opta por um estilo mais simples, mais terra a terra!" Fico a matutar no assunto e escrevo uma nota: " Talvez não deva confessar isto, mas não sei porque me pediram para escrever um discurso. Um discurso sobre o qual pensei muito para concluir rapidamente que não sei como escrever um discurso. Porque sei que não me querem ouvir... continuo a ouvir risinhos e tagarelice... Por isso, o que vamos fazer? O

O DISCURSO

Não sei muito bem como escrever um discurso... Pode ter um tema, ter citações, mas deve ser coerente, fluido e sobretudo, não ser maçador. O que é importante, porque me lembro muito  dos discursos do 10 de Junho: complexos, cheios de mensagens políticas e muito longos. Por isso, não quero escrever um discurso muito longo e aborrecido.  Nem vou falar sobre a situação política. É um evento amigável; posso intercalar momentos sérios com piadas inocentes. Mas continuo sem saber sobre o que vou escrever e porque é que aceitei essa tarefa ingrata. Porque é ingrato falar para pessoas com quem, salvo raras excepções, se tem pouca ou nenhuma afinidade. Que me consideravam estranha, introvertida, misteriosa, a quem não se podia dizer nada porque se ofendia facilmente. Talvez isso seja realmente um defeito, mas preferi ignorar do que viver eternamente em guerra. Se fui cobarde? Talvez... mas estou em paz com a minha consciência... Ah, acabo de encontr

A DISCUSSÃO - O FIM

Mas a Anabela continua a dizer não e as discussões sucedem-se... Cada vez mais sérias, cada vez mais azedas... Até que o Alexandre saí de casa e pede o divórcio... Mostra-se irredutível, embora aceda almoçar com a Teresa que os tenta reconciliar. A Teresa fica preocupada com a Anabela que aceita tudo o que é proposto; não luta, não pede nada. Uma das condições do divórcio é a venda da casa. O valor da venda será dividido pelos dois. Teresa ajuda a filha a desmontar a casa; Alexandre deu uma lista das coisas com que quer ficar. O que a Anabela não quiser, será igualmente vendido e depois dividido. " O que vais fazer agora? " pergunta-lhe. Anabela abana a cabeça e responde calmamente: " Ainda não sei. Não pensei nisso!" " Vai comprar um apartamento mais pequeno? Há uns perto da casa do teu irmão que são bem engraçados." insiste a Teresa. " Mãe, não sei!" repete a filha e cala-se. A casa é vendid

A DISCUSSÃO - PARTE V

Alexandre envia-lhe um SMS. Vai estar dois dias fora e a Anabela nem se preocupa em fazer o jantar. Deixa-se ficar sentada na sala às escuras. Tem muito em que pensar, mas tem a cabeça vazia. Sente-se magoada por não ter sido escolhida. Tinha grandes planos para a delegação, tinha a certeza absoluta que ia ser convidada para sócia. Aí, talvez pudesse pensar num filho. Podia gerir o tempo em função das necessidades do filho. Agora está ainda a pisar em terreno escorregadio. Tem que consolidar ainda mais a posição. Não, o Alexandre pode pensar o que quiser, mas ela não está ainda pronta para um filho. Não vai gostar, mas não, não quer arriscar perder tudo o que conseguiu até agora. Egoísta, é o que a Mãe vai pensar.  Insegura é o que vai dizer a Vera, a irmã mais velha que decidiu trabalhar só em part-time para acompanhar os filhos. E a cunhada Joana não vai dizer nada, obcecada pelo fitness, até a vai apoiar. Mas engana-se, porque a Joana anunc

A DISCUSSÃO - PARTE IV

Não falam um com o outro naquela semana. Quando o Alexandre chega, come qualquer coisa e fecha-se no escritório.  Dorme no quarto de hóspedes e a Anabela não diz nada. Está decidida, quer chefiar a nova delegação durante seis meses e regressar quando tudo estiver organizado. É um duro golpe para ela quando a Administração decide contratar alguém de fora. Conhece bem a zona, tem bons contactos e tem bastante experiência na área do negócio. Vai passar uns três meses ali na sede para se familiarizar com os objectivos/regras da empresa e depois, a Anabela descobre, virá às reuniões trimestrais para prestar contas. É um homem simpático, faz questão de se apresentar a toda a gente e a Anabela não pode apontar uma falha. Apenas lhe roubou o lugar... " Roubou de facto? " pergunta Teresa, deveras espantada com o convite da filha para almoçar num dia de semana. " Talvez não... Talvez me tenha precipitado; toda a gente sabia que iam abrir a nova de

A DISCUSSÃO - PARTE III

" Então, falaste com a tua mãe sobre a tua última loucura?" pergunta o Alexandre quando regressam a casa depois do almoço em família. " Não é uma loucura, como tu e a minha Mãe podem pensar!" replica a Anabela " Se fizer isto, posso ser convidada a fazer parte da sociedade." " E é tudo o que te interessa? Ser sócia? Eu gostava de ter um filho!" responde o marido. " Mais tarde, não agora! Não vou ter tempo para cuidar de um filho agora!" contesta a Anabela. Alexandre para o carro e diz calmamente: " Isto está a passar dos limites! Não descansaste enquanto não te promoveram, tudo bem, eu aceitei. Eu próprio estava concentrado no meu trabalho, mas agora que já consolidamos as nossas posições, podemos pensar na família. Dizes que este não é o momento???" " Não sei, Alexandre, não sei, está bem? Não sei o que quero neste momento!" Anabela exalta-se e saí do carro. " Não, sabes muito bem o qu

A DISCUSSÃO - PARTE II

" Disseste, quero ir-me embora, assim a frio? Não o preparaste? Não explicaste? " Teresa não quer acreditar no que a filha está a contar. " Sim, disse. Estou bastante interessada na proposta." e Anabela encolhe os ombros. Teresa dá-lhe uma palmada e diz: " Estás a ser muito egoísta... Foste promovida, compraram aquele andar,  deitaram paredes abaixo, está ao teu gosto e estás sufocada??? Não te entendo!" " É uma oportunidade única. São só 6 meses e depois volto para aqui. Isto vai ajudar-me imenso, pois posso ser convidada para sócia." Anabela explica, triunfante. Teresa suspira e pensa que, por mais que tente, nunca vai compreender a filha. Não tem nada contra ser-se ambiciosa e atingir-se um determinado patamar... ela própria teve uma empresa, ainda assiste às reuniões anuais, mas deixou a Administração diária ao filho mais novo. Porque achou que era altura de viajar por lazer, explorar novos hobbies... e não está

A DISCUSSÃO

Anabela dormiu pouco. Sente os olhos pesados, a boca seca e está com um grande dor de cabeça. Prende o cabelo num rabo de cabelo, veste o roupão e vai até à cozinha. Talvez um café forte a ajude e é aí que o Alexandre a encontra. Com o roupão vestido às três pancadas e o cabelo despenteado.... o Alexandre não reconhece a mulher elegante com quem casou. " O que se passa?" pergunta enquanto se serve de um café. " Quero ir-me embora!" responde a Anabela sem o olhar. Ir embora? Desta casa que remodelaram de acordo com a visão dela?  Da cidade onde cresceu, onde está a família? Alexandre não percebe nada e é isso mesmo que diz. " Embora daqui? Porquê? Esta não é a casa dos teus sonhos? Explica-te!" insiste. " Não sei!" confessa a mulher " Não sei... não posso explicar o quê! Sinto-me sufocada!" " Sufocado estou eu!" explode o Alexandre " Tens a casa dos teus sonhos, foste promovida