O DESAFIO


A melhor recordação da minha infância? pergunta-me Catarina num dos primeiros encontros.

Ah, os passeios pelos bosques com o meu Pai a impor o passo, eu e o Francisco a tentarmos acompanhá-lo.

E, depois? quis saber a minha companheira, mas eu não respondo.

Depois, mudamos para a cidade e só víamos o Pai aos fins de semana. Mudávamos de atitude e de comportamento, ele era muito crítico.

Quantas vezes a Mãe lhe dizia:

" O Sr Major não está na caserna e estes são os seus filhos, não são os seus soldados!" e mandava-nos sair da sala.

Crescemos com a supervisão quase total da Mãe e o Pai era alguém que tínhamos que " suportar" aos fins de semana.

" Suportar? " repete a Catarina " Que palavra é essa? Como te podes referir ao teu Pai dessa maneira? "

Encolho os ombros e digo:

" É a única que me ocorre... Nunca estava lá e achava que podia dar ordens..."

" Ups! Continua a ser teu pai! Tens que fazer um esforço!" aconselha a Catarina.

Mas estou mais interessado na minha carreira, na casa que vou comprar e na viagem que eu e a Catarina vamos fazer ao Japão.

Um ano e pico depois, o Pai reforma-se e volta para casa.

A Mãe pouco fala, mas o ambiente lá em casa está pesado.

" São dois desconhecidos a partilhar uma casa!" comento e a Catarina abana a cabeça.

" Têm que se esforçar!" mas eu desconfio que a Mãe não quer fazer esse esforço.

Nunca falamos no assunto, mas apercebi-me que ela conheceu alguém e o caso dura há anos.

Não é de admirar, confesso mais tarde ao meu irmão, o Pai nunca estava em casa.

Porque é que não pediu o divórcio? questiona o Francisco e a pergunta surpreende-me.

Porquê na verdade?


CONTINUA


Comentários

Bom dia:- Acompanhando a Estória e desejando um fim de semana feliz
.
Fraternas saudações
Ou por causa dos filhos. Ou, gostam de viver de aparências! :)

Beijos. Bom fim de semana.
( Vai ficar tudo bem.)

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