O DJ - O NOVO CASO DO INSPECTOR LEANDRO - PARTE V


Pois! A autópsia é só logo à tarde!” lamentou-se Leandro “ Temos que esperar! Oh, Torcato, volta ao bar e interroga discretamente os comerciantes da zona. Talvez tenham visto qualquer coisa...” e o detective desapareceu de imediato.
O inspector leu os mails, assinou relatórios de casos já concluídos e esperou. Perto do meio dia, o Sargento Bernardes entrou no gabinete com novidades:
O nosso DJ Mórbido chama-se Telmo Roseira, tem 35 anos e é divorciado. Como o Russo disse, não trata nada bem as mulheres; a ex-mulher apresentou queixa contra ele três vezes, a última há cerca de mês e meio. Pelos vistos, o nosso DJ não aceitou muito bem o facto de a mulher ter pedido custódia total dos filhos, um de seis anos e outro de ano e meio. Fez um escândalo à porta do prédio, ameaçou matá-la e chamaram a polícia. Mas não, não tem qualquer ligação com drogas, nem como consumidor. Acho que podemos excluir essa hipótese.” concluiu.
Pois!” repetiu Leandro “ Temos que falar com a ex-mulher. Sabes onde vive?”
" Sim, mandei alguém buscá-la e está na sala de interrogatório." disse o Bernardes, sorridente.
Quando entram na sala, a primeira coisa que Clotilde Roseira perguntou foi:
Aconteceu alguma coisa aos meus filhos???
Não, não. Tenho a certeza de que os seus filhos estão bem. É com o seu ex-marido.” disse Leandro e Clotilde suspirou aliviada.
O que se passa com o Telmo? Se isto é algum esquema da parte dele, está tudo definido pelo Tribunal...” defendeu-se.
Não, o seu ex-marido foi encontrado morto esta madrugada no bar onde costumava tocar.” explicou o Sargento Bernardes “ Sabemos que a Senhora apresentou várias queixas contra ele, que ele ameaçou matá-la...”
E pensa que eu o matei?” interrompeu Clotilde indignada, mas Leandro interveio:
Não, são perguntas de rotina. Como a Senhora esteve casada com ele e apresentou queixas na Polícia, gostaríamos de ter mais detalhes."
Mas Clotilde abanou a cabeça e apenas confirmou o que o Bernardes tinha apurado no Tribunal de Família.
Não, nem sequer sabia que ele trabalhava naquele bar. Só tinha notícias dele através do advogado e pelas piores razões.
Mas, afinal como morreu?” perguntou no fim da entrevista.
Foi encontrado com uma seringa no braço no vestiário do bar onde tocou ontem à noite.” esclareceu o Sargento Bernardes “ Sabe porquê?”
Uma seringa no braço? Pensam que foi overdose? “ espantou-se Clotilde “ Não, não... Ele desprezava esse tipo de coisa... Mas tudo pode acontecer.” suspirou “Já falaram com o Miguel? O Miguel Fontes?”
Miguel Fontes? O proprietário do Bar?“ repetiu o Sargento Bernardes, consultando as notas.
Clotilde olhou-o, incrédula e Leandro suspirou, pensando que o caso era mais complicado do que pensava.
Quando ela saiu, Leandro permaneceu sentado uns minutos e Bernardes não se atreveu a interromper.

CONTINUA

Comentários

Sofá Amarelo disse…
O DJ é mesmo mórbido e Mórbido, bem escolhido o nome, porque na verdade numa história deste género, a memória funciona em muitos casos pelas palavras que chocam... casos tão perto dos casos verídicos, e que tantas vezes são desprezados ou pelo menos ignorados...

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