ZÉLIA - PARTE V
A Mãe fica calada por uns minutos e sugere:
" É melhor vires até cá. Não devemos falar nisto ao telefone!" e desliga sem esperar pela minha resposta.
Não posso ir sem terminar a reunião e é com alívio que vejo que a outra equipa recusa o nosso convite para almoço.
A minha assistente arruma os dossiers e pergunta: " Vamos almoçar?"
" Não, obrigada. Tenho que sair; surgiu um problema familiar. Espero estar de volta a meio da tarde. Discutimos então os pormenores." e, pegando na carteira, desço até à garagem.
A Andreia deve ter ficado admirada com a minha saída abrupta. Geralmente, após reuniões importantes como esta, gosto de rever de imediato todos os detalhes e enviar a proposta final antes do final do expediente.
Mas não hoje! Hoje fui "convocada" à casa dos meus Pais e "proibida" de desobedecer.
Os meus Pais moram numa vivenda num bairro sossegado. O portão está aberto e eu entro sem problemas.
Fico ali parada por uns minutos a observar o jardim antes de tocar à porta.
É a minha Mãe quem abre. Como sempre, o cabelo está impecável e a roupa foi escolhida com cuidado.
" Ah, Maria Teresa. Não sei se gosto desse teu novo corte de cabelo!" é o cumprimento que me dirige.
Sorrio e dou-lhe um beijo.
" A Mãe está óptima! Os anos não passam por si!" retribuo irónica, mas a Mãe atalha de imediato.
" Deixa de ser engraçada, Maria Teresa! Vai cumprimentar o teu Pai; temos muito que conversar." e empurra-me para a sala de estar.
O meu Pai levanta-se do sofá e cumprimenta-me, muito sério. Também não gostou muito da atitude que tomei, mas foi mais compreensivo.
" Isto é muito sério, Teresa." confidencia.
(CONTINUA)
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