EU, CODE NOME " LEONOR DA AQUITÂNIA" PARTE IV

 

O Júnior adormece pouco depois de comer a sobremesa, o Bernardo e a Matilde despedem-se e eu recebo ordens de marcha " para a cama".

Sonho com torres altas, tapetes de pele de urso, vestidos vermelhos e dourados e quando proponho essas cores para as paredes do meu quarto, a Mãe diz logo que sou maluca, não são cores apropriadas para o quarto??? Onde é que já se viu isto???

Fico amuada, não falo com a Mãe durante uns dias, mas ela encolhe os ombros, o tratamento de silêncio não me afecta! Não vou mudar de ideias! esclarece.

É a Matilde quem me faz mudar de opinião, mostra-me vários croquis de quartos que decorou, o verde água e o cinzento claro são bonitas. suaves e modernas, explica, o vermelho e o dourado cansam um pouco e um quarto é um sítio para relaxar.

Achas? tenho as minhas dúvidas, mas acabo por concordar, a Mãe suspira de alívio e até me deixa ir com ela ao IKEA escolher os móveis simples que ela prefere.

Durante uns dias, tenho que dormir no velho quarto do Bernardo convertido em arrumos e mal posso esperar para tomar posse do meu reino encantado.

Que sorte tu tens! comenta a Adelina, uma das minhas colegas, tenho que partilhar o quarto com a minha irmã e estamos sempre a discutir, ou porque os meus livros estão na parte da secretária dela ou porque calcei as sapatilhas que ela queria levar.

Olha que ter um irmão vinte anos mais do que tu não é fácil! aviso, às vezes, tenho impressão de que tenho dois Pais e uma Mãe. E ainda bem que a Matilde não se intromete!

Mas deve ser engraçado, teres um sobrinho mais ou menos da tua ideia! frisa a Adelina, oh, o Júnior é um palerma! respondo, não está quieto, só faz asneiras! É cansativo!

Nem de propósito, alguém grita, foste tu, parvalhão! Eu não sei o que te faço! e apressamos-nos a correr até ao local.

O Júnior continua em posição de pugilista, de punhos cerrados prontos para atacar novamente, o outro menino está a sangrar do nariz e tem o joelho esfolado.

Oh, Júnior o que é que se passa? pergunto, mas o meu sobrinho olha para mim com tanto desprezo que o empurro com força e ele caí.

Leonor, onde é que estás com a cabeça? pergunta uma das auxiliares enquanto ajuda o outro menino a levantar.

O Júnior levanta-se rapidamente, cerra novamente os punhos, quer bater-me, mas um colega fá-lo tropeçar e ele volta a cair.

Vamos todos ao gabinete da directora, temos que explicar o que aconteceu, pedir desculpa uns aos outros.

Faço-o relutante, afinal uma rainha não tem que dar satisfações, mas a directora é como a Mãe, não aceita um não.

O Júnior recusa-se terminantemente a pedir desculpas e por isso, fica sentada na sala de espera da directora a reflectir no caso.

Quando sabe do caso, a Mãe não fica muito satisfeita, faz-me um sermão e fico de castigo.

CONTINUA