HISTÓRIA DA FAMÍLIA PARTE III

 

O Frederico solta uma grande gargalhada, quem diria que o velhote ainda consegue, exclama, o que faz com que o Pai salte da cadeira e exige que peça desculpas à Glória.

A Glória tenta acalmar o Pai, Amadeu, ele não está em si, está tudo bem! comenta e eu aperto o braço do Frederico, queres fazer o favor de te calar? repito, mas o meu irmão ri ainda mais alto.

O melhor é eu chamar um Uber, interrompe a Cristina muito calma, não estás em condições de guiar ou de conviver com gente civilizada, frisa com um sorriso irónico e quinze minutos mais tarde, o Uber chega, dou as indicações necessárias e pago.

O Pai encarrega-se de levar o Tomás a casa da Mãe, volto a pedir desculpas, mas a Glória sorri, não te preocupes, está esquecido! assegura.

Mas ninguém vai esquecer! comenta a Cristina, o teu irmão é um grande idiota! e não me atrevo a contrariá-la, sei que ela tem razão.

O Luís nasce, uns meses depois a Carolina, as Mães estão encantadas, eu e o Pai temos que protestar, queremos passar algum tempo com os bebés.

Pouco vejo o Frederico, a desculpa quando lhe telefono é que está sempre " muito ocupado com grandes projectos, eu depois explico-te", mas a verdade é que poucos detalhes me dá nas raras ocasiões em que estamos juntos.

Mais tarde recrimino-me por isso, mas ser Pai é tão excitante e o novo projecto é alucinante que me ocupa todos os momentos livres.

O Pai rejuvenesce com o nascimento da Carolina, parece mais livre, mais acolhedor e todos o gozamos quando dois anos mais tarde, nasce a Matilde.

Eu e a Cristina ainda não decidimos se vamos ter ou não um outro filho, a minha companheira abriu uma pequena loja, quer que o negócio fique estável antes de pensar nisso.

Não vou negar que gostava de ter um outro filho, digo, mas ok, podemos esperar mais algum tempo, concordo, mas estou um pouco aborrecido.

Compreendo o ponto de vista da Cristina, mas ao mesmo tempo, estou triste, confesso e o Frederico que aceitou o meu convite para almoçar, encolhe os ombros.

Para que é que queres tu mais um filho? São um prisão! afirma, se me atraso ou adio, a Catarina acusa-me de estar a fugir às minhas responsabilidades e a desiludir o Tomás.

E tem toda a razão, observo, só estiveste com ele duas vezes este mês! e o Frederico endireita-se na cadeira, olha-me furioso, ah? então, a Catarina fez queixa??? pergunta.

Não, a Catarina não fez queixa, respondo, almoçou lá em casa e falamos no assunto... Não pensas no miúdo?

Mas o meu irmão, egoísta como sempre ignora a pergunta.

CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Os grandes projetos do Frederico, já nós sabemos quais eram e no que resultaram. Enfim, cá se fazem cá se pagam, diz o povo e com razão.
Abraço, saúde e feliz dia da Mulher
Os filhos são uma alegria, mas por outro lado uma prisão e para certas vidas é complicado um, quando mais mais que um. :))
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Não deixarei de usar minha voz ...
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Beijos e um excelente dia...

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