EU, CODE NAME " LEONOR DA AQUITÂNIA PARTE II

 

O Bernardo está bem disposto, desafia-me para uma corrida até à cozinha, mas eu sou uma Rainha, protesto, e as Rainhas não correm!

Pensa que é uma corrida de cavalos, uma rainha tinha que saber andar a cavalo, responde o meu irmão, anda lá, preparar, vamos...

Chegamos à cozinha quase ao mesmo tempo, o Bernardo aperta-me a mão solenemente, foi uma boa corrida! Parabéns pela vitória! e eu rio-me.

Os Pais e a Matilde também se riem, o Bernardo serve-se de uma bebida, o Pai prepara uma para ele e para a Mãe.

A Matilde recusa delicadamente, nunca bebe e eu ouvi uns rumores de que é uma alcoólica em recuperação, mas, embora tenha pedido à Mãe para explicar o que é, esta nunca me respondeu concretamente.

Ouve-se um estrondo vindo da sala, o Bernardo suspira, o Júnior aprontou alguma, diz, por mais conversas que tenha, aquele meu filho não compreende nada! explica.

Mas não lhe vais bater, atalha a Matilde, li num livro que não se deve bater... mas uma palmada na altura certa, interrompe a Mãe, não faz mal nenhum!

A Matilde não diz mais nada, nota-se que fica contrariada e o Pai faz sinal à Mãe para não continuar a conversa.

O Bernardo deixa a cozinha, eu sigo-o, como o Júnior conseguiu que a mesa ao pé do sofá tombasse, não vou entender! 

Os óculos do Pai rolaram para baixo do sofá, os livros estão meio abertos, as marcas desapareceram e o candeeiro não se partiu por milagre.

Oh, rapaz, o que é que eu vou fazer contigo? exclama o meu irmão, tu pareces o Diabo, só estás satisfeito em destruir coisas!

O Júnior sorri, matreiro, afasta-se do caos, vai à procura da Mãe e eu fico com vontade de lhe bater.

Os Pais agiriam de outra maneira, tenho a certeza absoluta, mas o meu irmão encolhe os ombros, não sei mesmo o que fazer, repete e eu ajudo-o a arrumar a sala.

O Júnior não quer a sopa, faz uma careta quando lhe colocam à frente o prato com arroz de frango, quero a mousse de chocolate! grita.

NÃO HÁ MOUSSE DE CHOCOLATE PARA NINGUÉM ENQUANTO NÃO COMERES O ARROZ DE FRANGO! e todos nos sobressaltamos.

É a primeira vez na vida que vejo o Bernardo perder a paciência, os Pais olham um para o outro, surpreendidos.

CONTINUA