A VOZ DA RAZÃO FIM

 

O workshop é no sábado, combino encontrar--me com o avô para lanchar, conto-lhe tudo o que se passou.

Estou entusiasmado, estou a descobrir muita coisa e compro tantas revistas sobre fotografia e máquinas fotográficas que a Mãe protesta e acusa-me de ser um " acumulador ".

Começo a ter mais seguidores na minha Página, considero a hipótese de abrir um clube de fotografia com o apoio do professor, mas já tenho tantas coisas para fazer que desisto.

Por um lado, é muito bom vê-lo feliz, conta a Mãe à Glória naquele domingo, mas ontem tive que o obrigar a ir ao cinema com os colegas. Ele tem que sair mais... e a Glória ri-se, é só uma fase! comenta com convicção.

Eu tento explicar à Matilde como tirar uma fotografia perfeita com o telemóvel, o Luís e o Carolina discutem sobre um livro que têm que ler para a aula de inglês e os adultos riem-se alto de uma piada qualquer.

Estamos a preparar-nos para almoçar quando tocam à campainha, a Glória pergunta, quem será? convidaste mais alguém e não me avisaste? 

Mas não é nenhum vizinho ou amigo à procura de um bom almoço, sim, porque a Glória é uma boa cozinheira, é a polícia acompanhado por um senhor de fato escuro.

Ficamos todos perplexos, o que é que aconteceu? é a pergunta que nos queima os lábios, mas o avó e o Tio Francisco fecham-se no escritório com eles.

Quando saem meia hora depois, os dois estão muito sérios, oh, meu Deus, são más notícias, exclama a Glória e a Mãe respira profundamente, é o Francisco, não é? diz.

O avô não consegue falar, é o tio Francisco que confirma que sim, o Pai foi encontrado morto, ainda não sabem bem o que aconteceu, explica, se é que alguma vez o saberemos, acrescenta.

E depois... isolo-me no meu quarto, dedico-me ainda mais à fotografia, continuo a fazer caminhadas com o avô, mas nunca mais falamos sobre o Pai.

Nem mesmo com a Mãe... ela conheceu alguém recentemente, sinto que está feliz, eu quero que ela esteja feliz.

Não, não quero falar do meu Pai... Afinal, pouco ou nada sei dele, abandonou-me...

Mas eu não abandono estes refugiados e espero que as minhas fotos mostrem ao Mundo a brutalidade e a injustiça da Guerra.

FIM


Comentários

É bom quando se mostra ao mundo um bom trabalho, seja fotográfico ou outro! Gostei!
Obrigada :))
-
Imagens mil, soltam-se em vozes de socorro
.
Beijos e um bom fim de semana.
Elvira Carvalho disse…
E este episódio termina com uma alusão ao momento que se vive.
Abraço e saúde

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