A CASA DE FÉRIAS

 

É complicado convencer a Teresa a passar uns dias fora, a loja? os miúdos? repete e explico-lhe pacientemente que a Madalena é uma excelente colaboradora, pode perfeitamente tomar conta do negócio sozinha.

Quanto aos miúdos, continuo, têm idade suficiente para ficarem sozinhos em casa. Mas se isso te deixa preocupada, podemos pedir à Clarinha para dormir lá e supervisionar as idas e as vindas.

Tanto a Madalena como a Clarinha acham que é uma óptima ideia, a Sofia e o Gonçalo ficam amuados por não serem incluídos no plano.

Mas supostamente é a viagem de lua de mel e como a Teresa não quer viajar para fora do País, escolho um local a cerca de 100 Km de casa, uma vila pitoresca que oferece uma série de actividades ao ar livre.

Podemos fazer caminhadas, participar em workshops temáticos, observo, tirar fotografias (descobri que até sou bom e a conselho do Major, estou a tirar um curso), enfim, explorar a zona, concluo.

A Teresa concorda e ficamos alojados numa casa de turismo rural, o que entusiasma a minha mulher.

Não me admira que fique logo amiga da proprietária e me confesse que tem uma boa possibilidade de fazer negócio.

Ok, pensamos nisso mais tarde, interrompo, agora vamos explorar a região. Estamos cá para descansar!

Começamos pelo trilho mais fácil, a vista é deslumbrante e no regresso, paramos numa casa de chá cheia de produtos da região.

O passeio termina ali, o guia despede-se do grupo e eu e a Teresa descemos devagar até ao nosso alojamento.

Podia viver aqui, diz a Teresa, é tão calmo! Não sei se os nossos filhos gostariam, acrescenta e eu rio-me.

Aguentavam um dia ou dois no máximo, respondo, depois aborreciam-se, mas a Teresa não me ouve, há qualquer coisa um pouco afastada do caminho que a interessa.

Aproximo-me do muro, há um portão de ferro meio escondido que a Teresa tenta abrir, quer ver de perto a casa já em ruínas.

Devia ter sido muito bonita, comenta a minha mulher, olha, está para venda, e aponta-me o sinal com o numero da imobiliária.

Gastaríamos uma fortuna para a restaurar, adivinho o que se passa já na mente da Teresa.

Temos dinheiro guardado e podemos pedir um empréstimo para o restante, sugere, mas esse dinheiro está guardado para a universidade dos filhos, contraponho e o sorriso desaparece da cara da Teresa.

Seria um local óptimo para passarmos as férias, podia fazer uma horta biológica, quem sabe até abrirmos naquele anexo um alojamento local como forma de reavermos o investimento, expõe.

Deixa-me pensar, estamos de férias, não quero pensar agora em negócios, afirmo e a Teresa encolhe os ombros, passa pelo portão e avança pelo caminho sem esperar por mim.


CONTINUA


Comentários

Muito interessante este capítulo. Acompanhando
.
Uma quarta-feira feliz … cumprimentos cordiais.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Elvira Carvalho disse…
De lua de mel e já em contradição?
Abraço e saúde
Muito bem. O Local pode ser calmo para relaxar em tempo de férias. Para o dia a dia será que queriam??

Sussurros à lua...
Beijos e uma excelente semana

Mensagens populares deste blogue

ABSURDA

A ENTREVISTA - FIM

O PROBLEMA DO GONÇALO