A CONVERSA NO BAR PARTE IV

 

A Sofia volta a telefonar-me, atendo, prometo ir jantar a casa, meto a roupa suja num saco e quando chego, o miúdo já está na cama e o jantar está na mesa.

A Sofia está irritada, está frustrada, deixo-a desabafar, só quando faz uma pausa é que falo.

Fui apanhado de surpresa, respondo, sei que não é desculpa, a nossa situação financeira não é das melhores, mas encontraremos uma maneira para que tudo resulte.

Também estou assustada, confessa a Sofia, não ajudou termos aquela discussão idiota! Foi um descuido da nossa parte, mas ele está aqui, já faz parte da nossa vida.

Temos que ser mais ponderados, interrompo, mais cuidadosos, durante uns tempos, teremos que prescindir de algumas coisas. Foi pena o teu irmão não me ter convidado para trabalhar com ele, onde estou... não vejo grande futuro lá.

Não te queria a trabalhar com o meu irmão, diz a Sofia, o Gonçalo é um grande idiota, é meu irmão e adoro-o, mas às vezes, tem umas atitudes...

Acabo por lhe contar da reunião que tenho marcada para o dia seguinte, a Sofia fica surpreendida, mas afinal, o que é que ele quer?

Não sei bem, quer formar um grupo de corrida com os colaboradores, foi o que entendi da conversa, explico, quer ajuda no treino. Mas só amanhã é que vou saber exactamente o que se passa!

A Sofia está tão curiosa como eu, espera que não nos traga mais problemas, sossego-a, a empresa está no TOP 10, mas a minha companheira abana a cabeça, isso não quer dizer.

Ás seis da tarde do dia seguinte, estou no átrio da empresa à espera de ser recebido pelo Sr Engenheiro, então, vai ser o nosso treinador? pergunta-me a recepcionista e ri-se ao notar o meu olhar surpreendido.

É que também estou interessada,exclama e volta a sorrir.

O telefone interno toca, ela atende, fala por uns segundos e ergue-se, o Sr Engenheiro vai recebe-lo agora.

O gabinete do Sr Engenheiro é maior que a sala das Máquinas do ginásio, está decorado em tons neutros, é elegante, discreto e o homem que está de pé no meio da sala não deve ter mais que cinquenta anos.

Convida-me a sentar num recanto em frente à janela, oferece-me uma bebida que declino e faz-me perguntas sobre o meu percurso profissional.

CONTINUA