OS AMORES DA MARIA ROSA PARTE IV

 

Fico calada, a Francisca suspira, já vi que não queres responder e isso não é bom sinal, observa, mas mantém-te longe de mim e do Juca. Lamento ter que pedir isso, mas é melhor para as duas.

Nem espera que me levante e a acompanhe até à porta, sai discretamente e eu continuo sentada no sofá, a pensar que nunca compreenderei as pessoas.

Mas o que é que tu querias que ela fizesse??? grita o Miguel quando lhe conto a cena durante o jantar, ele e a Lena vieram até à cidade tratar de assuntos relacionados com a quinta e a loja.

A Francisca demonstrou lucidez, discrição e deu-te uma oportunidade para te explicares, diz a Lena, porque é que não aproveitaste? 

Isto é uma tempestade num copo de água, replico, só quis brincar um pouco, ele pareceu receptivo.

Pelos vistos, não, interrompe o meu irmão, ele achou-te graça, não quis ser malcriado. Vê se cresces! continuas a ter atitudes muito infantis, não aprendeste nada com o que te aconteceu?

Cala-te! claro que foi um momento complicado, confuso, mas não quero que interfira na minha vida.

Um dia, terás que lidar com todos esses sentimentos, avisa a Tia Teresa, talvez, mas neste momento, quero varrer isso para debaixo do tapete.

Se é a atitude correcta, decidirei depois, agora quero viver a vida por completo e isso significa fazer loucuras.

Gozar bem a vida, a voz do Pai soa na minha mente, não significa ultrapassar os limites. E não é vergonhosa nenhuma admitires que não te sentes confortável com determinada situação, mas tens que saber exactamente porquê. 

A Lena e o Miguel deixam-me em casa, o Pai está na sala a conversar com a Clotilde, a nova namorada.

É uns anos mais nova do que ele, fala muito, está sempre a sorrir e embirro fortemente com ela.

Como sempre, não posso dizer exactamente o que não gosto dela, ela é simpática, ainda noutro dia, trouxe um casaco giro da Zara, comprei um para mim, explica, achei que te assentaria como uma luva! Espero é não me ter enganado no tamanho, mas tens aqui o talão se precisares de trocar.

Agradeci, o casaco é vermelho vivo, vai ser a sensação da estação, mas raramente o visto.

CONTINUA