A VIAGEM PARTE III
A Avó deixa uma renda vitalícia à Mãe, esta sorri vitoriosa, quase que adivinho os pensamentos, posso viajar à vontade e vocês não me podem impedir!
Contudo, o montante a pagar bem como a periodicidade será decidido pelo Tio António e por mim e vejo o sorriso desaparecer lentamente da cara da Mãe.
Não é justo, grita quando o advogado arruma os papéis e se vai embora, tudo vai depender da tua generosidade???
A Mãe encontrou uma forma de não espatifares tudo de uma vez, responde o Tio Gonçalo e quase caí com a bofetada estrondosa que a Mãe lhe dá.
A Tia Rita apressa-se a segurar-lhe o braço, também eu estou furioso, sua ingrata!!! exclama o irmão, tornaste a vida dos Pais um inferno e ainda dizes que não é justo???? E já pensaste em nós???
Acabou, declara o Tio António, vamos ter calma, vão dar um passeio, eu e o Miguel vamos ter uma conversa e todos obedecemos.
Já que a tua Avó determinou que as coisas se passassem assim, o Tio é o primeiro a falar, temos que decidir algumas coisas. Primeiro, temos que nos inteirar do valor total, depois determinar o montante e quanto.
Concordo, só quando soubermos exactamente isso é que podemos elaborar um plano, observo, presumo que a Mãe queira continuar a viver aqui, afinal, tem um pequeno apartamento só para ela, o dinheiro vai ser para saídas, visitas à cidade, eventos culturais, etc.
O Tio acena com a cabeça, pensa o mesmo, arrisco-me a falar da viagem, quanto à viagem que ela quer fazer, o que acha de discutirmos o assunto com o médico dela? sugiro, até pode ser bom para todos.
Não digo que não, e o Tio é cauteloso, mas tu lembras-te do que se passou com as " viagens simples" anteriores. Ela pura e simplesmente desapareceu, desligou o telemóvel e por uma ou duas vezes, estivemos quase a participar o desaparecimento dela à Polícia.
Teremos que impor regras, continuo, por um lado, quero ter a minha Mãe, por outro, não quero que ela seja... hesito na palavra a usar, mas o Tio António compreende o que quero dizer.
Se foi difícil para mim, ainda o foi mais para ele, teve que lidar também com duas pessoas idosas e perplexas.
O médico fica admirado por nos ver, a Laura tem faltado às últimas consultas, explica, pensei que estivesse embrenhada no trabalho e quando ouvi que a Mãe tinha adoecido, achei que fosse a razão.
Suspiramos, tentamos resolver um problema, eis que nos aparece outro.
CONTINUA
Comentários
Abraço, saúde e bom mês de Fevereiro
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Coisas de uma Vida...
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Beijos
Uma excelente tarde!