A VIAGEM PARTE IV

 

Até não acho que viajar seja uma má ideia, continua o médico, só que não deve ir sozinha, alguém da família, uma amiga... E com tudo planeado para não haver surpresas, sublinha.

Não tenho a certeza disso, penso, acho que o Tio António também tem as mesmas dúvidas, mas temos que tentar.

É a Lena quem se lembra da Rosália, a filha do caseiro que trabalha em part-time na loja, está a estudar Ciências Informáticas e o maior sonho dela é viajar.

Ela conhece bem a Laura, sabe lidar com ela, é perfeita, diz, podemos pagar-lhe as viagens e as estadias, o resto fica por conta dela. Posso falar com ela, e a Rosália aceita entusiasmada.

Por isso, nessa noite, o Tio António explica o que vai acontecer à Mãe, vais viajar até Palma de Maiorca, e levanta a mão quando a Mãe tenta protestar, por dez dias. A Rosália vai contigo....

A Rosália???? interrompe a Mãe, a que propósito? Não preciso de aia!!! mas é a única forma de te deixarmos ir, esclareço, vais com tudo marcado, um determinado montante para gastares no que quiseres...

E tens que nos telefonar dia sim, dia não, frisa o Tio António e a Mãe explode em recriminações, que não é uma criança idiota, que sabe tratar de si, etc.

Tem uma certa razão, confesso mais tarde à Lena, mas sei que ela não é uma pessoa fácil, há todo um historial a ter em conta.

A Lena não responde, a Mãe acaba por aceitar as condições do irmão gémeo e eu encarrego-me de marcar as viagens, o hotel, estabelecer um programa de visitas.

Espero que ela não descubra uma comunidade hippie e fique por lá, troça o Tio Gonçalo, que disparate, Gonçalo! recrimina a Tia Rita, mas o Tio persiste, espero que ela não " desapareça" e não nos obrigue a viajar de urgência para tentarmos descobrir onde é que ela anda!

Não vamos pensar o pior! exclama a Lena, a Rosália é uma rapariga sensata e está familiarizada com a história. 

Todos aqui estão familiarizados com a história da minha irmã, responde o Tio Gonçalo, todos conhecem os riscos!

Quem não faz comentários é a viajante, tenho medo do que se passa naquela cabeça, mas não a podemos manter presa.

Está muito amável no dia da partida, até se despede de mim com um abraço e um beijo, telefonem esta noite para mim ou para a Lena, recomendo e a Rosália acena que sim.

Vejo-as partir, se esta viagem correr bem, podemos considerar a possibilidade de a deixar ir mais longe.

Mas será boa ideia?

CONTINUA