OS DISPARATES DO GONÇALO FIM
A lista do que não posso fazer, pelo menos seis meses, confirma o Pai, é enorme.
Nada de festas, fins de semana ou férias em casa de amigos, mesmo se a equipa de voleibol vencer? protesto e o Pai abana a cabeça, tens que reconquistar a nossa confiança.
Mas o que é que eu vou fazer no tempo livre? pergunto à Sofia e a minha irmã encolhe os ombros, pesquisa as matérias de estudo, lê mais livros, arranja novos hobbies, dá explicações online! sugere.
Suspiro, estes seis meses vão ser muito longos, mas a Sofia tem razão.
No dia seguinte, o Professor de Matemática pede-me para ficar mais uns minutos, estou um pouco espantado, revejo as aulas, mas tenho os trabalhos em dia e o meu comportamento tem sido muito responsável.
Por isso, o que é que aconteceu? Será que a minha sentença vai aumentar e em vez de seis meses, vou ficar na prisão um ano???
Tens tido boas notas, Gonçalo, começa o Professor, e eu estou muito preocupado com o Nuno Pereira, sabes quem é? Veio transferido do Colégio Normal, tem algumas deficiências e pensei que o podias ajudar. O que dizes? Aqui, na casa dele ou na tua, mas explicavas-lhe a matéria, ajudavas a fazer os TPC.
Terei que falar com os meus Pais, explico, estou de castigo, mas acho que não vai haver problema.
Pois, eu sei da festa não autorizada, responde o Professor, mas o que é que te deu? Primeiro, destruíste o trabalho da tua irmã, és castigado e depois vais a uma festa com a tua prima Inês.
Não respondo, prometo falar com os meus Pais sobre as explicações a dar ao Nuno e vou para casa, a pensar na Inês.
Os Tios também a castigaram e a Inês tem agora um horário muito rigoroso, logo ela que detesta que lhe digam o que fazer.
Mas creio que o pior de tudo foi ter que desistir das aulas de ballet, até os Pais acharem um pouco cruel, até porque o ballet, explica a Mãe, ensina disciplina, rigor e é isso que falta à Inês.
Não sei o que a Inês pensa, não confia em mim, evita falar comigo e a Sofia confessa que está um pouco distante com ela.
O ambiente é tenso quando estamos juntos, já não conversamos livremente, há um muro que ninguém quer derrubar.
Os Pais concordam com as explicações ao Nuno Pereira que fica tão agradecido que até gagueja.
As notas dele melhoram, acabo por o ajudar nas outras disciplinas e os Pais levantam algumas das restrições.
Já posso ir a festas e passar fins de semana com amigos, mas não o faço sem o acordo prévio dos Pais.
É assim que descubro a minha paixão por ensinar, e logo Matemática, comenta a Sofia desgostosa, nem todos podemos ser escritores! brinco.
A vida volta à normalidade, espero que passe o amuo à Inês e sejamos novamente camaradas na loucura.
Mas a Inês detesta ordens, desafia novamente os Pais e está novamente em sarilhos.
Sarilhos tão graves que estão a pensar seriamente a mandá-la para um colégio interno.
Se é a decisão correcta? Ninguém sabe... mas compreendo que os Tios estejam exaustos, a Inês é caprichosa, egoísta e terá grandes desgostos na vida se continua assim, sentencia a Mãe.
Não sei... sinto falta da maluqueira dela, a vida com ela é sempre tão divertida.
Mas não é tudo.
FIM
Comentários
Mural da história; Os castigos valem muito apena, Por vezes até os guia por outros caminhos, como de ajudar os outros. A Disciplina é precisa! :) Obrigada
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No meu pensamento faz frio ...
Votos de um dia feliz. Beijo.
Abraço, saúde e bom fim de semana