O DILEMA DO MAJOR

 

Sabes que a Glória e o Major se vão separar? pergunta o António ao Nicolau no jantar habitual das quartas.

O Nicolau fica estupefacto, tem estado fora, a promover os livros e a participar em Feiras Internacionais, o quê? A Glória e o Major vão separar-se? repete.

O António abana a cabeça, também fiquei surpreendido, confessa, pareciam um casal perfeito, mas pelos vistos, qualquer coisa falhou.

Estará relacionado com o problema do filho que fugiu? comenta o Nicolau, a Natália não me disse nada...

Sinceramente, não sei! responde o amigo, mas sei que o Amadeu se culpa por não ter dado muita atenção aos rapazes em pequenos! Mas o que aconteceu foi uma opção do filho e foi uma golpada de mestre! 

O Amadeu sempre se sentiu culpado em relação aos filhos mais velhos, diz o Nicolau, o mais velho tomou essa opção, mas o outro superou os traumas, se é que houve traumas, e vive uma vida normal.

A verdade é que não sabemos verdadeiramente o que se passa na cabeça dos outros, observa o António, e mesmo tendo uma boa relação com o Pai, o Frederico poderia ter dado o golpe.

O Nicolau suspira, tem que concordar, acabam por falar no novo livro que tem em mente.

Nesse mesmo instante, o Major está sentado no sofá do estúdio que alugou. 

Está rodeado de caixas, ainda não arrumou tudo, o que é surpreendente, habituado que está à vida militar, cheia de regras.

Foi buscar as miúdas à escola, lanchou com elas na pastelaria perto do antigo apartamento e depois deixou à porta do prédio.

O porteiro acompanhou-as até ao andar, o Major não quer falar com a Glória, ainda se lembra das palavras que ela lhe dirigiu, tens que pensar em nós também! Não temos culpa da atitude que o Frederico tomou e tu estás a deixar que isso interfira na nossa vida!

A Glória está certa, admite o Francisco, foi uma decisão do meu irmão e nenhum de nós tem culpa! Ok, escolheste a carreira que gostavas, tenho pena que não estivesses tão presente, mas tivemos uma vida boa, confortável...e não sabemos o que é que verdadeiramente o meu irmão quis provar. Por isso, Pai, esquece, vive.

Mas o Major não consegue esquecer.

CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Ena Marta, que petisco para os leitores apaixonados pelas suas histórias. Fico "em pulgas" pelo próximo capítulo.
Abraço e saúde
Uma separação é sempre complicado por bem que se fiquem a entender!
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A Subtileza das águas...

Votos de um excelente dia. Beijo.

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