BIA - FIM
Claro que o Edgar percebeu e contou ao irmão que me confronta num dia à noite.
A discussão torna-se hostil, agressiva e o divórcio torna-se iminente.
Entrega-se a casa, coloca-se as mobílias num armazém até decidirmos o que fazer com elas e só vejo o Miguel no escritório dos advogados.
Os meus Pais estão horrorizados e a Teresa repete as palavras favoritas dela, estúpida, egoísta, estavas casada com um bom homem e deitaste tudo a perder! diz.
Encolho os ombros, tenho o Marcos, mas este desengana-me de imediato quando se sabe no escritório que me vou divorciar.
Não te atrevas! Vou casar no Verão, ela é boa rapariga, observa, o Pai dela é uma pessoa importante e tu não vais estragar nada, estás a perceber? Passei uns bons tempos contigo, mas foi só isso, estamos entendidos? insiste.
Fico estupefacta, nunca me deparei com este tipo de situações, mas o Marcos limita-se a sair da sala, convencido de que me vou manter calada.
Quando conto à Teresa, esta suspira, se tinha dúvidas antes, explica pausadamente, agora tenho a certeza absoluta de que és.... nem tenho palavras para te dizer o que és! Parece que não sabes pensar, como é que ganhas os casos no Tribunal? Esperto é esse Marcos que se despediu da vida de solteiro à grande e à francesa! grita.
És preciso ser tão ordinária? pergunto ofendida e a minha irmã abana a cabeça, pelos vistos, é! Entendeste a mensagem na perfeição! exclama.
O divórcio torna-se definitivo, tenho que pensar em alugar uma casa, o Miguel pergunta-me o que quero fazer com as mobílias.
Alugou um estúdio, só quer ficar com alguns electrodomésticos e a mobília do quarto onde dormiu nos últimos meses.
Não vais alugar um T3, pois não? pergunta a Mãe, faz como o Miguel, aluga um estúdio, escolhe o necessário e vende o resto.
Vê se aprendes a controlar as despesas, aconselha o Pai, pois pouco dinheiro havia para repartir na conta conjunta.
Passo as semanas seguintes a tratar dessas burocracias, o Marcos casa, mas não me convida para o casamento.
Ouço um zunzum, o Miguel parece que está já a viver com alguém, foi rápido, comento, mas concentro-me no caso que o escritório me atribuí.
O meu cliente é um homem elegante, cheio de charme e começa a ser difícil manter a relação só a nível profissional.
Sei isso quando aceito o convite dele para jantar.
FIM
Comentários
Mas onde é que esta Bia está com a cabeça? Envolver-se com um cliente, é o descrédito total de um advogado.
Abraço e saúde
Tomara se acerte com o cliente.
Será?
Gostei imenso da crônica, Marta.
Aplaudo a sua criatividade.
Um carinhoso abraço.
Verena.