O DILEMA DO MAJOR FIM

 

A vida retoma o ritmo normal, bem, não se pode considerar normal, desabafa a Glória com a Natália, ainda temos que resolver muita coisa, mas decidimos ter calma.

Mas no geral, como estão as coisas? pergunta a Natália e a amiga encolhe os ombros, ele tenta esconder, mas está muito magoado com toda a situação. Não sei porquê, acho que não vamos saber mais nada sobre o Frederico!

O Major volta às aulas na Universidade, à pesquisa de mapas antigos, às caminhadas aos locais para tentar perceber as mudanças.

Ás vezes, leva a filha mais velha e quase se esquecem que têm que voltar para casa, pois descobrem coisas tão interessantes que nada mais é importante.

A Glória ralha, a filha mais nova fica amuada por não ser incluída nos passeios, és muito pequena, andamos quilómetros!, explica a mais velha e a Mãe tem que sorrir.

Pai e filha estão tão felizes, o Major começa a perder aquele ar carregado, a ficar mais descontraído e a Glória respira de alívio.

Espero que dure, pensa, mas a vida dá muitas voltas e é interrompida naquele domingo em que se reúnem todos para celebrar a chegada do Verão, a alegria, o riso, explica a Glória.

Será a última festa que organizam nesta casa, decidiram mudar para um apartamento maior num Bairro residencial mais moderno e mais perto da Universidade.

Vai ser difícil adaptar-me, diz a Glória, as miúdas nasceram aqui! Mas estão a crescer, precisam de mais espaço e para o ano, têm que mudar de colégio.

O almoço está a meio quando tocam à campainha, o que é estranho, já chegaram todos, acho que não me esqueci de convidar ninguém, ri-se a Glória e abre a porta.

No patamar, estão um polícia e um senhor que se apresenta como sendo funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Perguntam educadamente se é a casa do Major Amadeu Almeida, é possível falar com ele?

E é nesse momento que a Glória tem a certeza de nunca mais terá paz.

FIM