BIA PARTE IV

 

A partir daí, entramos numa rotina de sair cedo e trabalhar até tarde para não nos cruzarmos. 

Aos fins de semana, o Miguel saí cedo, vai andar de bicicleta com os irmãos, inscreve-se num clube de fotografia e quando está em casa, fecha-se no quarto de hóspedes.

Eu saio com as minhas amigas, vamos ao cinema, às vezes, até organizamos jantares só para mulheres aos sábados à noite e aos domingos, vou dar uma caminhada pela praia e almoço num bar conhecido.

O Miguel deve almoçar em casa dos Pais, imagino que todos já têm uma opinião sobre o que se passa e como ele deve resolver a questão.

Mas eu não estou interessada em saber o que eles pensam e desvio a conversa sempre que a Mãe tenta falar nisso.

É no bar num desses domingos que me cruzo com o meu colega Marcos, senta-se de imediato na minha mesa e a conversa fluí.

Voltamos a descer até à praia, caminhamos até ao pontão e regressamos ao parque de estacionamento.

Convida-me para tomar uma bebida em casa dele, aceito e o que acontece depois é uma experiência interessante.

Não me sinto culpada por trair o Miguel, se a Teresa me ouvisse diria que sou uma egoísta, mas o Marcos fez-me sentir desejada.

Um dia, resolvemos arriscar e com a desculpa de ser um fim de semana organizada pela empresa, escapamos para uma aldeia escondida num monte.

O Hotel fica dentro de um parque natural, há um spa, podemos fazer caminhadas e até passeios a cavalo.

São dois dias maravilhosos, é quando estamos a pagar a conta que dou de caras com o meu cunhado Edgar.

Por aqui? pergunta, o Miguel não me disse nada, eu sorrio, é natural, é um fim de semana só para os colaboradores da empresa, vim sozinha, explico,

Ah, ok, responde o Edgar, pena não me teres dito antes, ajudava-te a organizar a estadia, sou voluntário no parque, é o meu fim de semana de apoio.

Sorrio novamente, fascinante, observo, estou atrasada, a minha boleia já está à minha espera.

Queres que te leve a mala? oferece-se, mas eu tiro-lhe da mão, felizmente, o Marcos já está no carro à minha espera.

Adeus, tenho mesmo que ir, Edgar, até breve, despeço-me, ok, adeus, temos sentido a tua falta nos almoços de domingo, comenta o Edgar.

O Marcos estacionou mesmo em frente à porta, meto rapidamente a mala no banco detrás e abro a porta do passageiro.

Arranca depressa, peço e o Marcos olha-me desconfiado, o que é que se passa?

Encontrei um dos meus cunhados, explico, ele não nos pode ver, mas quando olho para trás, o Edgar está na entrada do Hotel.

Será que percebeu alguma coisa?

CONTINUA


Comentários

Elvira Carvalho disse…
Ora aí está justamente o que estava à espera. Tinha todo o jeito de acabar nisto.
Abraço e saúde
...O mundo é tão pequeno! :))
-
Balancei-me, esquecendo certas agruras

Votos de uma excelente semana. Beijo.

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