TEMPO INÚTIL
Li, reli, repeti em voz baixa, escrevi e reescrevi aquelas duas frases do poema, mas não consegui entender a mensagem.
Discuti comigo mesmo; aborreci-me, abandonei o poema, deixei que caísse ao chão e adormeci.
Quando acordei, cheia de sede e dorida, por ter estado deitada numa posição incorrecta, o pobre do poema continuava desprezado no meio do chão, meio oculto já pelas sombras que o entardecer traz.
Voltei a ler devagarinho, soletrando cada letra, alongando cada sílaba e pensando numa música diferente para cada som.
“Nada entre nós tem o nome da pressa”
“Entre nós o tempo desenha-se assim, devagar”
com lentidão, mas aparente, porque a decisão terá que ser sempre tomada.
Estou novamente a desenhar o meu tempo, a recortar novas silhuetas, a estudar velhos projectos, rejeitados por medo ou conselhos prudentes dos outros, mas que representam agora uma alternativa para que o meu tempo neste mundo conturbado não seja inútil.
P.S.: Poema de Maria do Rosário Pedreira "A Casa e o Cheiro dos livros"
Comentários
E um vamos vivendo, vamos saboreando...
Beijos
Beijinhos
beijo