O PROBLEMA PARTE III
O jantar decorre com alguns incidentes, os manos Bernardes insultam-se, falam alto e de boca cheia e o Gustavo repreende-os.
O Tobias levanta-se da mesa, o Pai manda-o sentar-se novamente, mas eu já terminei, protesta o rapaz, mas eu e o Rodrigo não e por isso, tu esperas. É uma questão de educação, de consideração, de respeito pelos outros, explica.
Isto vai ser complicado, pensa, pois o Tobias está zangado, mas tenho que os contrariar, vamos conversar um bocadinho, diz alto, eu e a Mãe já explicamos o que está a acontecer, mas para vivermos bem, temos que falar de regras.
Os rapazes olham para ele alarmados, o que é que isso significa? a D.Sofia vai estar cá todos os dias para nos ajudar, continua o Gustavo, mas nós também temos que a ajudar. Por isso, nada de sapatos, roupas ou brinquedos espalhados pelo chão. Há um cesto na casa de banho, é lá que se põe a roupa suja. Há um armário no hall de entrada e os sapatos guardam-se ali...
Não tínhamos que fazer isso em casa da Mãe, interrompe o Tobias, porque é que temos que fazer isso aqui?
Porque eu faço-o, frisa o Pai, e portanto, vocês também. Como és o mais velho, Tobias, tens que ajudar o teu irmão a arrumar as coisas e como vamos estar sozinhos ao jantar, temos que pôr a mesa, cada um traz e leva o seu prato e talher para a cozinha e coloca-o na máquina de lavar.
Mas porquê? insiste o Tobias, porque estamos sozinhos, temos que manter a casa mais ou menos arrumada e nem a avô nem a D.Sofia são nossas empregadas. Elas ajudam-nos e nós ajudamos-las.
O Tobias não está muito convencido, o Rodrigo acha piada, levanta-se e segue o Pai com o prato e o talher nas mãos.
Tenta também levar o copo, apesar do Pai lhe ter dito para deixar ficar, este escorrega e parte-se.
O Rodrigo fica embaraçado, morde os lábios e o Tobias dá-lhe um empurrão, és mesmo bebé, não sabes fazer nada direito! reclama.
Nem de propósito, o copo que ele segura também escorrega e parte-se, o irmão ri-se.
O Tobias fica furioso, quer bater no irmão, mas o Gustavo intervém de imediato, não, não quero gritos, insultos, socos nem jogos electrónicos, não importa onde, em casa ou em público. Somos uma família, vamos fazer coisas em família e VAMOS, acentua a palavra, ser bem educados e responsáveis, estamos entendidos? repete.
O Rodrigo acena que sim, este jogo promete ser divertido, mas o Tobias continua carrancudo.
Não sei o que fazer, confessa o Gustavo à mesa, pelos vistos, desde que conheceu o novo marido, a Luísa descurou um pouco a educação dos miúdos.
Tens que ter paciência, aconselha a Mãe, queres que fale com eles?
CONTINUA
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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