O ALOJAMENTO LOCAL - PARTE II

 

Felizmente, o dia amanhece claro, promete calor e eu equipo-me a preceito para enfrentar a caminhada.

O trilho está bem assinalado, a vista é extraordinária e encontro um grupo que me acolhe e com quem tomo o pequeno almoço no restaurante no topo.

O grupo continua a subir, eu decido descer, quero explorar a vila e o centro de desportos radicais.

O primo Gonçalo não está, mas um outro monitor prontifica-se a explicar-me o funcionamento e os horários das actividades.

Fico interessado na canoagem, marco uma saída para o dia seguinte e continuo o passeio pela vila.

As pessoas são simpáticas, faladoras e sinto-me a relaxar, a respirar calmamente.

Resolvo voltar para o alojamento, mas as obras continuam na casa ao lado, o barulho dá-me dores de cabeça, entro no carro, vou até à cidade mais próxima.

Vagueio pelas ruas estreitas, almoço num restaurante típico, compro jornais e livros, planeio um fim de tarde de leitura.

Há meses que não me sentia assim tão calmo e estou bem humorado quando regresso.

Os operários já se foram embora, opto por beber um Ice Tea, trouxe frutos secos e instalo-me numa "chaise longue" confortável.

Estou a meio do segundo capítulo quando alguém abre o portão, é um homem de cerca de 50 anos, em boa forma física que se apresenta como sendo o Gonçalo, tio do Miguel.

É um pouco complicado explicar a relação, diz, mas não nos vamos preocupar com isso agora e ri-se. 

Rio-me também, gosto da franqueza, convido-o a sentar-se, ofereço-lhe um Ice Tea, é bom ter um adulto de vez em quando para conversar, continua, as minhas melhores amigas são adolescentes loucas e às vezes, sinto-me um pouco " perdido".

" Perdido"??? repito-me e o meu convidado volta a rir-se, tenho uma filha adolescente, vive na cidade com a minha companheira e quando vem passar uns dias comigo, traz sempre duas ou três amigas.

CONTINUA