O ALOJAMENTO LOCAL PARTE V

 

A minha irmã chega pontualmente às seis da tarde de sexta-feira, está mais magra e com um corte de cabelo mais moderno.

O meu cunhado não veio, estranho a ausência, a Célia murmura, pois, é sobre isso que te quero falar.

Adora a casa, quer vasculhar cada canto antes de se sentar e me explicar que ela e o marido decidiram separar-se.

As coisas já não estavam a correr bem há algum tempo, diz, deixamos de ter assunto, estávamos praticamente a fazer vidas separadas. Agora é oficial.

Demoro algum tempo a digerir a notícia, pareces feliz, observo, mas porque é que não me disseste há mais tempo?

Estiveste desaparecido durante dois meses, exclama furiosa, e depois não é uma notícia que se queira dar pelo telefone.

Suspiro, não deixa de ter razão, desculpa, não podia pôr em risco a operação, afirmo e a Célia sorri, dá-me uma palmada amigável na mão, é o que eu detesto no teu trabalho, não poderes falar! responde.

Ficamos calados por uns minutos, o que é que se faz por aqui? pergunta e eu mostro-lhe o meu plano de actividades para o fim de semana.

A minha irmã volta a rir, só mesmo tu para delineares um plano! comenta e aceita o que proponho.

No dia seguinte, encontramos-nos com o Gonçalo no trilho principal para fazer uma caminhada, ele conhece um outro caminho, não nos vamos perder, sossega-me, também está devidamente assinalado e tem um posto de informações.

Faço as apresentações e os dois simpatizam de imediato um com o outro.

Aliás, acabo por ser excluído da conversa, o Gonçalo a apontar as vistas deslumbrantes e a Célia a rir-se que nem uma tola.

Francamente, vê se te comportas, murmuro, acabaste de te separar e a minha irmã dá-me um empurrão, não sejas tão rigoroso! Estamos os dois livres e estamos apenas a conversar, frisa, até que enfim que tens amigos interessantes e que não são polícias!

Almoçamos com as miúdas no centro, a Célia assiste a uma aula de yoga e depois vamos para casa descansar.

Combinamos ir até à cidade mais próxima, explorar a vida nocturna como sugere a Célia e o Gonçalo alinha.

E as miúdas? pergunto e o Gonçalo diz que o irmão e a cunhada vieram passar o fim de semana, aliás, estão convidados para o almoço buffet no domingo, replica.

A Célia aceita de imediato, eu fico um pouco contrariado, mas não posso recuar.

Vamos a um bar conhecido da cidade, a Célia e o Gonçalo estão felizes e contentes, conversam animadamente, eu limito-me a beber.

No fim da noite, quando regressamos a casa, sinto que os dois estão já apaixonados.

CONTINUA