O ALOJAMENTO LOCAL PARTE IV

 

O Miguel aparece no dia seguinte, os móveis que faltavam estão prontos e deixa-me sossegado a tomar o pequeno almoço na varanda enquanto dirige a equipa.

Convido-o para tomar um café, ele aceita, quer saber se estou bem, se preciso de alguma coisa.

Não, está tudo a correr muito bem. Conheci o Gonçalo, o tio, fazemos canoagem juntos, respondo, isto é uma pequena maravilha!

O Miguel sorri, os meus tios compraram aqui uma casa, os meus Pais vieram cá passar uns dias com eles e o meu Pai entusiasmou-se, explica, era o projecto dele para a reforma. Renovar casas e alugá-las como alojamento local, ainda não decidimos se vamos continuar, mas para já...e interrompe-se.

Sinto que o assunto é doloroso, desvio a conversa para um tema mais seguro, pergunto se a minha irmã e o meu cunhado podem passar aqui o fim de semana.

A casa é grande o suficiente para termos privacidade e eles só vão ficar três dias, não vale a pena alugar alojamento na vila.

Claro que sim, concorda o Miguel, esteja à vontade, receba os convidados que quiser, e despede-se.

Eu também saio, combinei encontrar-me com o Gonçalo no centro e quando lá chego, o Gonçalo está a tentar convencer uma adolescente sardenta a colocar o colete salva-vidas.

Ninguém saí sem colete salva-vidas, decreta, por isso, decidam-se! O que é que se passa convosco?

Acena-me, apresenta-me à filha e às duas amigas, mas as miúdas apressam-se a vestir os coletes e a manobrar a canoa para fora do cais.

Adolescentes! Nunca se sabe para que lado estão viradas, desabafa o Gonçalo, ainda bem que não tens filhos!

Rio, todos os meus amigos dizem isso, exclamo, mas, no fundo, acham que a vida seria muito aborrecida sem eles!

Sim, é um desafio constante, concordo o Gonçalo, a Francisca foi um " acidente" agradável, nem eu nem a Rita planeamos ter um filho, e fica em silêncio uns minutos.

Não faço qualquer pergunta, há ali uma história complicada, defeito profissional, repreendo-me baixinho e ajudo-o a preparar a canoa.

As miúdas já estão no meio do lago, a rirem-se que nem umas idiotas, o Gonçalo grita para que tenham cuidado e a manhã passa depressa.

Almoçamos todos na vila, as miúdas querem fazer uma caminhada, mas eu opto por ir para casa.

Quero ver os mails, talvez o Departamento tenha chegado a alguma conclusão e possa agora responder ao meu pedido de transferência.

Mas ainda não há nada no mail e eu fico muito desapontado.

CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Continuo a gostar de acompanhar. O Gonçalo e a Rita ainda continuam separados? Que pena! Era um casal maravilhoso.
Abraço e saúde
Passando, lendo, acompanhando, elogiando e deixando
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Cumprimentos cordiais.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Gostei do capitulo. Oxalá as boas notícias cheguem rápido!:)
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Rodeada de sonhos impossíveis ...

Beijos. Votos de uma boa tarde

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