O CASO PARTE III
O Pai não vem jantar, tento distrair a Mãe com as histórias absurdas do escritório, mas ela não me presta atenção, está preocupada e eu também.
Na manhã seguinte, estou aborrecida, acordei tarde e estou atrasada. Ao abrir a porta do prédio, vejo que o Armando está à minha espera, apresso o passo, atiro por cima do ombro, não, não vou falar contigo! não estou com disposição!
Espera aí, são só cinco minutos! protesta o Armando, mas eu continuo a andar, sem prestar muita atenção às pessoas com quem me cruzo.
Alguém dá-me um encontrão, sussurra " dá isto ao teu Pai", sinto que deixam cair qualquer coisa num dos meus bolsos e depois afasta-se tão depressa que eu penso que sonhei.
Mas apalpo o bolso da parka, parece uma " pen" , quem é que me pôs isto no bolso? Só pode ter sido o Meireles, penso, olho em volta, mas só ouço a voz do Armando a insistir que quer falar comigo.
Não quero falar contigo! repito, atravesso a rua apressada e apanho o metro um minuto antes de fecharem as portas.
O chefe já perguntou por ti, Maria Clara, diz uma das minhas colegas, nem respondo, dispo a parka, escondo a " pen" no bolso das jeans e ligo o computador.
Justifico o atraso ao chefe, respondo concisamente às perguntas, felizmente, ele fica satisfeito com as propostas que faço para resolver o problema e sento-me à secretária, aliviada e a pensar no que devo fazer.
Tento ligar para o telemóvel do Pai, não atende, no departamento, explicam-me que está numa reunião na sede e não sabem a que horas volta.
Talvez eu possa ver o que está na " pen", mas decido não o fazer, são assuntos confidenciais e o Pai não ia gostar nada.
Opto por lhe enviar um SMS um pouco enigmático, tenho quase a certeza de que me vai devolver a chamada e pedir explicações.
Estou a terminar uma proposta quando o telemóvel avisa que o Pai está em linha.
Maria Clara, começa por dizer, não estou com disposição para receber este tipo de SMS encriptados! O que é que se passa de tão grave para me ligares para o telemóvel, para o departamento?
Tenho um " presente" para ti, atalho e quase que posso imaginar o Pai a fazer um gesto exasperado.
Que presente??? interrompe o Pai furioso, Maria Clara, não tenho nem tempo nem paciência para brincadeiras!
Alguém deu-me um encontrão e pediu-me para te entregar uma " pen", explico calmamente e o Pai fica em silêncio uns minutos.
Estás no escritório? Estou aí dentro de dez minutos, espera por mim, e desliga rapidamente.
CONTINUA
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Coisas de uma Vida
Beijos e uma boa noite
Abraço e saúde