PEDRO PARTE V

 

O advogado da Beatriz está à nossa espera na porta do colégio, tens o direito de passar estes quatro dias com a Maria Rosa, explica o Dr Ribeiro, e estamos aqui para nos assegurar que sais daqui com ela! A Beatriz não pode recusar.

Temos mesmo que fazer isto? pergunto, quero evitar qualquer tipo de problema! Mas a Beatriz está a tornar isto um problema, frisa o advogado dela.

A directora do colégio não sabe bem o que fazer, lê atentamente os documentos que os advogados lhe mostram e pede a uma auxiliar para ir buscar a Maria Rosa.

São cinco horas, as aulas estão a terminar, ouvimos já gritos de criança, estou a ficar ansioso.

Batem a porta, abre-se, mas não é a auxiliar que entra, é a minha sogra que segura a mão de uma Maria Rosa que me olha desconfiada.

Aqui está a " encomenda", diz, tenho a certeza de que se vão divertir muito os dois. Não te preocupes com a Beatriz, acrescenta, eu volto a conversar com ela.

Sorrio, não tenho palavras para lhe agradecer, despedimos-nos à porta do colégio, estou aliviado por não ter confrontado a Beatriz e ter uma discussão em frente da miúda.

A Maria Rosa está muito calada, não responde a nenhuma das minhas perguntas, não insisto.

Chegamos um pouco tarde ao hotel, comemos qualquer coisa no bar e subimos para o quarto.

Temos uma pequena luta para tirar o casaco, descalçar os sapatos, lavar os dentes e vestir o pijama, mas a Maria Rosa está tão cansada que adormece logo que se deita.

Eu ainda não tenho sono, por isso, saio para a varanda, respiro fundo e no meio do sossego, o meu telemóvel toca.

É a Beatriz, acusa-me de estar a manipular a Mãe, que ideia a tua de levares os advogados! repete, mas a Maria Rosa só veio porque a tua Mãe se impôs, observo, será que te esqueceste que sou o Pai dela???? E se pensas que vou esquecer isso e deixar-te em paz... NUNCA! 

A Beatriz protesta, diz uma série de disparates que não têm nada a ver com a questão, eu interrompo-a, já disse o que tinha que dizer! Se for preciso levar os advogados para que a Maria Rosa passe os dias a que tenho direito comigo... levo-os! e desligo.

Durmo mal e pouco, acordo com a Maria Rosa a dizer que tem fome.

Tomamos um duche rápido, descemos até ao restaurante, pedimos folhetos com a descrição das actividades na recepção.

Olha, há agora um passeio de burro, grita a minha filha, podemos ir? e corre lá para fora, para a rua.

O passeio começa ali, já estão lá outras crianças e uma série de burros em fila indiana à espera para serem montados.

A Maria Rosa está já a falar com um dos monitores, olha para trás, oh, Pai, posso ir? repete, quero montar este! anuncia.

O monitor explica-me que o passeio dura cerca de 35 minutos, o trilho é fácil, esclarece, ela vai regressar sã e salva.

Aproveito para ler o jornal no bar da piscina e à hora marcada, estou na frente do hotel à espera da Maria Rosa.

CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
E vamos ver se ela vem toda contente para ficar o resto dos dias com o pai, ou se tem o azar de cair e estragar esses dias. Amanhã, não é?
Abraço e saúde
Elogiável inspiração e imaginação. Acompanhando ...
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Cumprimentos poéticos.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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