A ENTREVISTA PARTE IV

 

Jantamos tarde naquele dia, estamos tão cansados que resolvemos ficar na cafetaria, houve um atraso na entrega de um dos equipamentos e os testes demoraram mais tempo do que previsto.

A Dra Isaura ficou satisfeita, eu suspirei de alívio pois a inauguração da ala está prevista para dali a dois dias e a empresa de catering precisa de ter acesso completo.

Esta etapa está terminada, afirmo, a próxima pode precisar de algumas correcções, mas tenho a certeza de que vai correr tudo bem.

A Isaura sorri, nota-se que está muito cansada e parece estar preocupada.

Passa-se alguma coisa? pergunto e a Isaura encolhe os ombros, nada que eu não consiga resolver! Afinal, não vou ser nomeada Directora do Serviço, confessa.

Também fiquei com essa impressão quando nos conhecemos, exclamo, mas o que é que sucedeu?

Não sei bem, responde, mas eu vou ultrapassar a desilusão... Mas diz-me uma coisa, és cunhado do Miguel Rodrigues?

Sorrio, sim, fui casado com a irmã mais velha, a Filipa, confirmo, e temos dois filhos, o Luís e a Matilde.

Giro! comenta a Isaura, é verdade que é uma família grande? e eu rio, a primeira vez que me convidaram para almoçar, confesso que fiquei assustado com o barulho! É uma família muito unida, muito divertida! respondo.

É a vez da Isaura sorrir, o Miguel fala de todos com muito carinho! Também me convidou para almoçar com a família um dia destes, mas eu não sei.

O Miguel é um bom rapaz, interrompo e a Isaura abana a cabeça, não duvido! Mas ainda estou abalada com o meu divórcio, aliás foi por isso que resolvi participar num " speed dating"! explica.

Se não agradar, passa-se à frente! É mais fácil lidar com a desilusão, observo, também ficamos surpreendidos quando o Miguel nos contou a história.

Pois, concorda a Isaura, ele também passou por um divórcio complicado, não fala muito nisso, mas nota-se que ficou muito magoado.

Foi complicado, repito, ele realmente ficou muito magoado, porque adorava a Bia e ela estimava-o apenas!

A Isaura suspira, a vida pode ser complicada, murmura e eu desvio a conversa para outros assuntos.

Como acabamos na cama em casa dela, está pouco claro na minha mente, mas até descobrimos que temos vários pontos em comum.

É só quando já estou em casa para tomar um duche e mudar de roupa que penso no meu cunhado Miguel, o que é que eu vou dizer ao Miguel?

Mas para já não há nada a dizer ao Miguel. Foi apenas uma noite, pode não voltar a acontecer.

CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Meu Deus! Coitado do Miguel!
Abraço e saúde.
Ena, já foram para a cama?! Ui ui :))
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Soltam-se os versos nas asas do destino

Beijos, e uma excelente tarde!

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