O ACAMPAMENTO

 

Estou muito preocupado com o Miguel e com o Edgar, confessa o Gustavo ao jantar à Carolina, estão os dois sozinhos, a Inês ficou em casa de uma amiga, o Matias está a terminar um projecto e o Edgar está fechado no quarto amuado.

Os Pais bem tentaram perceber o que aconteceu, mas o Edgar recusou-se a falar e fechou-se no quarto com uma tosta mista, um sumo de laranja e bolachas a ouvir música bem alto.

Mais com o Edgar do que com o Miguel, continua o Gustavo, o Miguel só precisa de se organizar, esquecer a Bia, até mudar de empresa, mas o Edgar é um sonhador, está literalmente com a cabeça nas nuvens e a queda vai ser monumental quando se aperceber que não pode controlar tudo.

Deve ter sido isso que aconteceu hoje, concorda a Carolina, ninguém fez caso da opinião dele e ele amuou. Estava aqui a pensar que talvez fosse uma boa ideia ele ir para fora nas férias.

Fora? Para o estrangeiro? repete o marido, mas a Carolina abana a cabeça, não, não, a Teresa falou-me de um acampamento, o Gonçalo vai como monitor adjunto desportivo ou qualquer coisa do género e talvez o Edgar deva ir também. Afinal, ele gosta tanto de desporto, estava ao ar livre, percebia o que é trabalhar.

O Gustavo fica calado por uns minutos, talvez seja uma boa ideia, como é que a Teresa soube do acampamento? pergunta.

A mulher sorri, foi o Gonçalo quem tratou de tudo, explica, informou-se de tudo e apresentou o caso aos Pais com todos os pormenores. A Teresa disse que ele não hesitou, respondeu claramente a todas as perguntas que lhe fizeram e claro que não tiveram hipótese, concordaram. Até porque ele queria pagar a inscrição com a mesada, mas eles recusaram.

O Gustavo ri-se, além de bom desportista, o Gonçalo já é um bom gestor, exclama, vamos telefonar à Teresa, pedir todos os detalhes.

No quarto, o Edgar está com a luz apagada, revê os acontecimentos da tarde e suspira.

Porque é que as pessoas o interrompem? Ele também tem uma opinião, mas tratam-no como se ele fosse um idiota.

Tens que parar de ser um idiota, a voz do Matias soa nítida na mente dele, mas o Edgar continua sem perceber porque é que precisam de zombar das palavras dele, de o humilhar.

Basta apenas dizer que não concordam e o assunto termina por ali.

CONTINUA

Comentários

Acredito que seja mais um belo conto. Gostei deste capítulo.
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Cumprimentos poéticos.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Elvira Carvalho disse…
O Edgar parece ser muito sensível.
Vamos ver no que isto dá.
Abraço, saúde e bom domingo
Isto começa com muita confusão. lool Vou ver se entendo!:))
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Deixo-me levar pelos segredos do mar

Beijos, bom fim de semana.
Parapeito disse…
E eu vou ler até ao fim :)
brisas doces *

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