A GOVERNANTA PARTE V

 

Só queria saber se a Carolina passou bem a noite, diz a irmã, tentei falar com a Filipa, mas ela tem o telemóvel desligado.

Estão na fisioterapia, respondo, já tinham partido quando cheguei. O Edgar disse-me que a D.Carolina não esteve muito confortável durante a noite, que teve que ajudar a irmã a mudá-la de posição. Isto vai demorar o seu tempo.

A D.Teresa suspira, sinto que a minha irmã está desanimada, confessa, não sei como a posso ajudar.

Basta estar presente, repito o que tantas vezes me foi dito e que aprendi ser verdade, às vezes, é tudo o que é preciso, continuo, e a D.Carolina sabe que pode contar com a D.Teresa.

Estou sempre a pensar que podia fazer mais alguma coisa, interrompe a D.Teresa, ela e o Gustavo sempre foram um casal tão unido.

Mas a D.Carolina é uma mulher forte, tem é que recuperar e organizar-se, atalho, temos que lhe dar tempo e espaço para que o consiga.

Acho que estou a ser muito protectora, concorda a D. Teresa, o Pedro também me acusa disso! Ok, diga-lhe só que eu telefonei, se ela me quiser telefonar, tudo bem, caso contrário, passo por aí ao fim da tarde, e despedimo-nos.

A D.Carolina chega por volta do meio dia, está extenuada, mas recusa-se a ir para o quarto.

Quero almoçar aqui na cozinha, protesta, conversar um pouco com a D.Margarida, o fisioterapeuta disse que tenho que andar.

Tens a certeza, Mãe? a Filipa está preocupada, mas eu faço-lhe sinal e ela recua.

Vejo que não está muito convencida, está atrasada para as consultas, ligue-me se precisar de alguma coisa, pede e saí apressada.

A D.Carolina suspira, sorri-me, os meus filhos estão a mimar-me demais, explica.

São seus filhos, querem que se sinta bem, exclamo e a D.Carolina volta a suspirar.

Eu sei, mas um dia, vou explodir, o Gustavo morreu e eu tenho que viver sem ele, replica, tenho que o dizer alto e quero que eles me digam o que sentem também.

A única pessoa que o pode fazer é a Senhora, por isso, se quer gritar, proponho, comece a gritar. Eu não me assusto!

CONTINUA