O ALÍVIO PARTE III

 

Uma rapariga conhecida fala-me numa festa, queres ir? e eu não penso duas vezes, sigo-a.

A festa está no auge quando lá chegamos, não conheço metade das pessoas, perco de vista a pessoa que me levou.

Alguém me dá uma cerveja, ando por ali, danço um pouco, alinho no karoeke, pouco importa que não conheça esta gente e não tenha boleia para voltar para casa.

Ninguém vai para os meus lado, fico sozinha numa zona da cidade que mal conheço e às três da manhã, já não há autocarros e ninguém atende da central de táxis.

O que é que eu vou fazer? Ou fico aqui na paragem à espero que o autocarro apareça às seis da manhã ou começo a caminhar e hei-de chegar a algum lugar.~

Se telefonar ao meu Pai ou à minha Mãe, vou ouvir um grande sermão...a não ser que ligue ao meu Padrasto, não gosto dele, também me vai recriminar, mas manterá isto em segredo.

Arrisco telefonar-lhe, ele atende ao primeiro toque, fica admirado por ouvir a minha voz, acordei-te? pergunto, não, não, estou de serviço, responde, o que é que se passa?

Fui a uma festa, não tenho boleia para ir para casa, explico rapidamente e ouço-o suspirar, onde é que estás exactamente? continua, oh, Maria Rosa, mas isso é uma zona um pouco problemática, lê o nome da rua para eu abrir o Google Maps e ver como chegar até aí.

Procuro a tabuleta, leio o nome e o meu Padrasto volta a suspirar, penso que de alívio, pois se virar à esquerda, seguir sempre em frente, vou dar  a uma praceta.

Aí, diz o Antero, sobes a rua à tua esquerda e no fim, é o Hospital. Entras, pedes na recepção para me chamarem e arranjamos forma de ires para casa.

Ok, mas não contes à Mãe, peço e a voz do Antero é muito séria, eu não vou contar nada, tu é que vais! e desliga.

Sigo as instruções, felizmente não me cruzo com ninguém indesejável e ao fim de meia hora de caminhada, vejo as luzes do Hospital.

Entro, o hall está quase deserto, dirijo-me à recepção e peço para chamarem o Dr Antero que aparece dez minutos depois.

Leva-me até à cafetaria, oferece-me um latte que aceito, estou exausta, quero ir dormir, e as aulas amanhã? observa o Antero, se não fores, a tua Mãe vai desconfiar.

Posso sempre dizer que não tenho as duas primeiras aulas, interrompo, e que tenho que trabalhar no meu relatório.

Ah, pois, o relatório, repete o Antero, como é que vai isso? 

CONTINUA

Comentários

O que vale, é que há sempre alguém para salvar a situação. Vamos ver se ela vai contar à mãe!:)
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Uma saudade que se ausenta...
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Beijos. Boa tarde!

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