MIGUEL
O Bernardo e a Matilde resolvem mudar de casa, falam de mim ao senhorio e ele aluga-me o estúdio pelo mesmo valor.
Não estou a ganhar muito no meu estágio, a Mãe e a Tia Teresa abastecem-me a despensa e se estou aflito, posso sempre contar com o Pai ou o Tio Pedro.
Estava na altura de partir, adoro a minha família, mas estava a precisar de espaço e estou cansado de ser o júri nas desavenças dos meus irmãos mais novos.
Hoje, a empresa disse que vou passar a efectivo, o meu trabalho é excelente, afirmam e estou eufórico.
Apetece-me celebrar, mas hoje a Filipa faz anos, há um jantar em casa da Mãe.
Não importa, acende-se duas vezes as velas, a Filipa não vai dizer que não.
A sala explode de alegria quando conto a novidade, estou muito feliz por ti, filho, a Mãe dá-me um grande abraço e o Pai uma palmada nas costas.
Espero que me convides para jantar um dia destes, brinca o Tio Pedro, eu também, acrescenta o Tadeu, mas eu não tenho tanta certeza.
Sinto que a minha irmã não está muito feliz, tento conversar com ela, mas a Filipa esquiva-se, não é nada, impressão tua, diz e passa-me a Matilde para os braços.
A Matilde dá-me um sorriso, sento-me com ela no chão, vamos construir uma casa com os Legos da Inês.
Pouco depois, chamam-nos para jantar, um jantar bem divertido e eu peço à Mãe os restos, mas ela já preparou umas tupperwares.
Continuo a pensar no que a Filipa não diz, mas o novo trabalho absorve-me o tempo e na reunião semanal, conheço a Filomena.
Passado uns meses, ela está a passar mais tempo no meu estúdio que na casa dela e ninguém sabe exactamente como definir a relação.
Somos amigos coloridos, afirmo numa noite em que vou jantar a casa da Filipa e do Tadeu.
O Tadeu ri-se, a Filipa está muito séria, sabes, não confio nela, observa, não me perguntes porquê, mas não confio nela.
O Tadeu volta a rir-se, ora, a rapariga é inofensiva, tu é que estás sempre de pé atrás, comenta.
CONTINUA
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Beijos e abraços.