MIGUEL PARTE II
A Filipa não faz mais comentários, fecha-se na cozinha, o Tadeu pergunta-me se quero café, melhor irmos até ao café lá em baixo, diz.
Mas eu abano a cabeça, tenho que ir, respondo, não dormi muito bem esta noite e tenho uma reunião logo às nove horas.
Levanto-me, o Tadeu fica sentado à mesa e vou até à cozinha, a Filipa está encostada no balcão, a loiça suja continua em cima da mesa.
Vou-me embora, anuncio, estás bem? e a minha irmã suspira, não muito, admite.
O que se passa? Reparei que as coisas estão um pouco tensas entre ti e o Tadeu, comento, é, estão, confirma a Filipa, mas este não é o local ideal para falarmos.
É grave, então? Ok, telefona-me, combinamos um almoço, sugiro e despeço-me.
O Tadeu continua sentado à mesa e a beber, fico a pensar se não será este o problema.
Achas que sim? diz a Filomena quando lhe conto, vê-se que tem algumas dúvidas, achas que lhe bate? continua e eu fico parado no meio do quarto.
Sinto o corpo gelado, a minha irmã vítima de violência doméstica? É que nem pensar! afirmo, eu mato-o!
A única pessoa que pode dizer não é a Filipa, comenta a Filomena, e foi só uma sugestão! Acho que a tua irmã não lho permitiria!
Mas eu fico muito preocupado, telefono no dia seguinte à Filipa, pressiono-a para almoçar comigo naquele dia, mas a Filipa recusa.
Tem um dia muito preenchido, explica, eu telefono-te, mas estou preocupado contigo, insisto, tenho mesmo que falar contigo sobre o que se passa com o Tadeu! Ele bate-te? já não posso voltar atrás, já o disse e nada diplomaticamente.
Estás parvo, ok? Que ideia mais idiota! a Filipa está furiosa, deve ter sido ideia da Filomena, não, o Tadeu nunca me tocou dessa forma! Não é assunto para falarmos ao telefone, repete, eu depois telefono-te.
Fico preocupado, tenho vontade de confrontar o Tadeu, podia falar com a Mãe, não, ia preocupá-la desnecessariamente, talvez a Tia Teresa, murmuro.
CONTINUA
Comentários
-
Na tua simplicidade de Mulher Guerreira
-
Beijos, e um excelente fim de semana.